quarta-feira, 21 de julho de 2010

A TEORIA DA FOFOCA


Como algo tão detestável pode acontecer tão frequentemente?
Talvez a resposta seja: sutileza. Diz o sábio Salomão: “As palavras do mexeriqueiro são como doces bocados, penetram até o íntimo do homem” (Pv 18:8). Ou seja, segundo a Bíblia, a fofoca é saborosa para quem a escuta. Na tradução desse mesmo versículo segundo a NVI, o termo comparativo é “apetitosos petiscos”. E tal comparação é perfeita: ouvir uma fofoca é tão irresistível quanto comer um quitute ou um docinho atraente. E porque a fofoca não é comparada a um pernil assado ou uma pratada de feijoada? Porque comida enche e, uma vez cheio, você não come mais. Mas a fofoca é servida em pequenas porções. A fofoca é o quibezinho do mal, o cajuzinho da discórdia, o chocolate BIS da intriga. E uma vez no seu interior a fofoca não enche, pelo contrário, abre seu apetite.
Portanto, ainda que não sejamos fofoqueiros, se somos ‘consumidores de fofoca’, somos co-autores do mal. E da mesma forma que o prazer de saborear um acepipe fica explícito, a satisfação com a fofoca ouvida também. E o fofoqueiro-quitandeiro se sentirá à vontade para oferecer-nos um segundo bombozinho de trufa de jararaca.
O apóstolo Paulo faz duas vezes a mesma recomendação à Timóteo: “Evita as conversas vãs e os falatórios” (I Tm 6:20 / II Tm 2:16). Os termos originais em grego para tais vocábulos são: bebelos e kenophania. “Bêbelos” significa profano, irreligioso e ímpio; e é o mesmo termo para a palavra ‘bibelôs’ que são bugigangas ou enfeites supérfluos. Já ‘kenophania’ vem da junção dos termos ‘kenos’ (vazio) e ‘phone’ (som). Ou seja: conversa vazia e inútil, linguagem vã e estéril.
Por que fofocamos? – Certamente diremos que não gostamos de fofoca. Diremos mais: diremos que odiamos fofoca e fofoqueiros. Então, como uma raça tão odiada se perpetua, se multiplica tanto? Porque nós a alimentamos: “Sem lenha o fogo se apaga; não havendo fofoqueiro, cessa a contenda” (Pv 26.20)
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de condenar o outro – dizemos: “Não estou fofocando. É que não aprovo o que Fulano fez de errado.”
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de bajular e fazer ‘média’ – Pois dizemos: “Só vou te contar isso porque sou muito seu amigo, sou de confiança...”
Não gostamos de fofocar, mas gostamos de autopromoção à custa da falha dos outros – Pois dizemos: “O Fulano fez... eu não faço”
Não gostamos de fofocar, mas gostamos que se compadeçam de nós – Pois dizemos: “Você imagina só o que o Fulano fez comigo?”
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de acirrar os ânimos – Pois dizemos: “Assim que souberem o que o Fulano fez, eu só quero é ver o circo pegar fogo!”
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de chocar o próximo – Pois dizemos: “Você não imagina o que o Fulano disse de você...”
E por que afinal a fofoca é ruim? Por que não podemos noticiar o mal que o outro fez?
Em primeiro lugar porque não nos compete julgar. Não temos conhecimento dos fatos e corremos o sério risco de divulgar algo que não ocorreu exatamente da forma como relatamos.
Em segundo lugar, a fofoca nunca edifica. Nunca promove o bem estar de quem ouve. Você já viu alguém ouvir uma fofoca e bradar: Graças a Deus! Ouviu?
A fofoca revela intimidades, segredos e confidências e a Bíblia diz: “O que anda mexericando descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre” (Pv 11:13).
A fofoca é injusta. Expõe o outro sem que lhe seja dado o direito de se defender.
A fofoca promove separação e discórdia – “O que encobre a transgressão promove o amor, mas o que renova a questão separa os maiores amigos” (Pv 17:9)
O fim da fofoca é simples. Não existe auto-fofoca. O fofoqueiro precisa de alguém que lhe dê ouvidos. É extremamente difícil calar um fofoqueiro uma vez que ele iniciou a conversa. Então evite o fofoqueiro. Aprenda a identificá-lo:
Características do fofoqueiro
- quer se mostrar seu amigo (íntimo). Chega dando tapinhas nas costas e te pegando pelo braço - “Vem cá que tenho que te contar uma coisa...”
- quer se mostrar seu defensor, alertando-o – “Olha, só te conto porque quero o seu bem...”
- fala demasiadamente, o tempo todo, de tudo e de todos.
- toma conclusões precipitadas – Você nunca ouvirá um fofoqueiro dizer que é melhor apurar melhor os fatos. Pelo contrário, sua máxima é: “Eu já sabia. Eu sempre soube. Nunca me enganei com Fulano...”
- abre espaço para a crítica elogiando primeiro – “Não tenho nada contra o Fulano, mas...” ou “Gosto muito de Sicrano, só que...”
Diante do fofoqueiro, o antídoto é certo: elogie o ‘fofocado’, defenda-o e convide o fofoqueiro a orar por ele e a perdoá-lo. Pois é exatamente esse tratamento que recebemos de Jesus quando pecamos. Ele intercede por nós, nos defende e nos perdoa. Por isso que ninguém gosta de contar fofoca pra Ele.

Pr. Alessandro Mendonça
www.gostodeler.com.br

Um comentário:

Altair disse...

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