domingo, 24 de maio de 2009

COMPAIXÃO, FONTE DE ESPERANÇA


Experimentar a compaixão em nossa vida é enxergar o amor e o cuidado de Deus. É perceber que ainda resta um fio de esperança na humanidade e um pouco de humanidade nos corações sempre tão endurecidos. Muito diferente do sentimento de pena ou dó, que não edifica nem promove comprometimento, mas reforça o individualismo.
O olhar de compaixão jamais pode ser comparado, nem de longe, ao olhar de pena.
O olhar de compaixão aproxima, coloca-nos no lugar do outro e permite que a dor alheia encontre em nós a mesma dor, ainda que escondida no íntimo do nosso ser.
O olhar de pena, não. É o olhar distanciado, daquele que se considera superior, numa situação privilegiada. Sentir dó é ver o sofrimento alheio, mas não enxergar o outro em sua dor.
Com certeza, é muito mais fácil e comum sentirmos pena dos outros. Não nos compromete, não nos envolve. Podemos até oferecer ajuda material para aplacar a culpa da indiferença.
Diante de um mendigo, podemos dar-lhe um trocado sem nem enxergá-lo, ou podemos lançar-lhe, também, um olhar de amor e misericórdia. Com certeza, o dinheiro será útil, mas, sozinho, não trará esperança e conforto. Ao visitar um doente num hospital, podemos levar-lhe flores ou biscoitos, mas estar ali, junto dele, compartilhando a tristeza e o sofrimento, será um remédio mais valioso para a cura.
A falta de compaixão num indivíduo encontra eco no falso moralismo, na acomodação, na vergonha de se expor, no medo de julgamento, mas tem como ponto fundamental o egoísmo.
Na parábola, o levita e o sacerdote agiram em causa própria e não se importaram com o seu próximo. Viram o homem e, provavelmente, tiveram pena dele. Mas, tinham coisas a perder que lhes pareciam mais valiosas do que uma vida e passaram direto, sem oferecer ajuda.
O samaritano não considerou imposições ou barreiras externas, simplesmente permitiu Deus ser revelado em sua vida através da compaixão. Agiu movido pela necessidade do outro. O sofrimento alheio encontrara lugar em seu coração.
Dó é frieza, compaixão é calor humano. Dó é egoísmo, compaixão é amor. A compaixão é, acima de tudo, a manifestação de Deus através do homem.
Somente quem se viu ferido, desprezado ou perdido sabe o valor de um ato de compaixão, sem julgamento e de forma incondicional.
Jó, em sua angústia, teve amigos que se achegaram a ele, mas que não conseguiram entender a necessidade de ter sua dor compartilhada e compreendida. Para confortá-lo, era necessário encontrar no âmago dos seus corações a mesma dor que se instalara na vida de Jó.
Jesus foi o exemplo maior de compaixão. Em sua vida aqui na terra, sofreu com os humilhados, fracos e angustiados. Entendeu sua dor, incapacidade e destino. As pessoas sofridas eram enxergadas pelo próprio Jesus, que tomava a iniciativa de aliviá-las e confortá-las.
Em sua morte, Ele colocou-se em nossa condição. E ainda foi além da compaixão, pois não sofreu “junto a nós” os nossos castigos, mas “em nosso lugar”.
Passar por problemas, sofrimentos e angústias é inevitável para todos nós. Mas, é consolador saber que podemos passar por estes momentos tendo uma mão abençoadora estendida em nossa direção. E, da mesma forma, podemos nos doar e sermos participantes do sofrimento do nosso próximo.
A compaixão é a forma mais nobre e bondosa de revelarmos o grande amor e cuidado de Deus pela humanidade e a esperança aos corações perdidos e necessitados!

Rosane Itaborai Moreira

sexta-feira, 1 de maio de 2009

VIDEIRA VERDADEIRA


“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo. 15.1,5)

Uma das ilustrações da Bíblia para a compreensão do relacionamento dos cristãos com Jesus é a videira.
A videira era considerada uma planta nobre pelos judeus. A colheita das uvas era comemorada com cânticos e danças e produzia bom vinho.
Israel era representado como uma videira plantada com carinho por Deus na Terra Prometida. Era o orgulho e a garantia de salvação do povo. Mas, não produziu bons frutos, e sim, uvas verdes. Em Jeremias 2, Deus afirma: “Eu mesmo te plantei como vide excelente, da semente mais pura; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, como de vide brava?”.
Agora, Jesus se declara como a Videira Verdadeira, confrontando com a religiosidade judaica. Como Israel não gerou bons frutos, Deus plantou e cultivou nova árvore, o Messias. Ele contém em Si o “novo Israel de Deus”, seus discípulos, assim como a videira possui os ramos.
Videira e ramos não são coisas distintas. Videira sem ramos não existe. Assim, Jesus é a planta toda, nós somos seus ramos. Estamos e somos do Senhor. E quem limpa, poda, corta, e lança fora é o agricultor. Todo o trabalho quem faz é Deus.
Os ramos alimentam-se da seiva, amadurecem e geram frutos. Reconhecem que, de si mesmo, não são capazes de desenvolver-se e dependem unicamente do Senhor, que é o sustento espiritual e a estrutura de sua existência.
Toda vitalidade do ramo e sua capacidade de produzir bons frutos dependem de sua união com a videira. Se os ramos permanecerem na videira, automaticamente darão frutos. Quando um ramo não dá frutos, é porque ele se desconectou da fonte de seiva de algum modo, pois, do lado do agricultor, toda função de cuidado é realizada.
Periodicamente, os ramos são podados e limpos para um desenvolvimento saudável, garantindo que a videira cresça farta e vistosa. Da mesma forma, a maturidade dos cristãos, ainda que adquirida em meio a sofrimentos, engrandece o Senhor, glorificando o nome de Deus.
Jesus afirmou aos discípulos que eles já estavam limpos pela Sua palavra; era só permanecerem nEle. O trabalho de limpeza é de Deus e a fonte de vida e alimento é Jesus.
Surpreendentemente, a grande função do ramo é não fazer nada. É permanecer na videira, de onde ele brotou. Se ele permanecer, então, terá vida e frutos. Depender unicamente do Senhor e receber a seiva preciosa que nutre e fortalece.
Essa vida abundante que Jesus oferece é para toda a humanidade e não só para o povo de Israel, pois a Videira Verdadeira se revelou ao mundo.
Somente através de Jesus Cristo seus discípulos podem manter a comunhão entre si e com Deus.
Somente através da Videira Verdadeira, o cuidado e o amor do Agricultor podem ser manifestos ao mundo; e mais vidas se tornarão novos ramos, glorificando e proclamando o nome de Deus.

Rosane Itaborai Moreira