sábado, 26 de dezembro de 2009

SONHAR, PLANEJAR E REALIZAR


O início de um ano traz consigo muitos sonhos e promessas para o futuro.
É um marco para um novo momento da vida. Por isso, os projetos e planos são refeitos e revistos. Promessas como ler mais a Bíblia, orar com freqüência, ser voluntário em uma instituição, entrar na academia, aprender uma nova língua ou instrumento, visitar familiares distantes, abrir um negócio, entre outras, enchem as agendas e os coraçôes.
Todos desejam mudanças, mas poucos são os que chegarão ao fim de 2010 com seus objetivos cumpridos. Os projetos ficam no meio do caminho porque falta planejamento.
O planejamento é uma orientação divina. Jesus, no Evangelho de Lucas, ensina isso em uma parábola: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.” (Lc. 14:28-30).. Há um ditado popular que diz: ‘Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde vai.’
O planejamento é importante em todas as áreas da vida. Alguns objetivos demoram mais a serem alcançados e necessitam de mais tempo e adequações. Outros, só dependem de uma simples determinação. Decidir e perseverar. Ao se decidir orar todos os dias pela manhã, é preciso planejar acordar alguns minutos antes, senão não vai funcionar. Já a compra de um carro ou imóvel pode depender de guardar dinheiro, ou vender outro bem, aplicar e esperar o melhor momento.
Deve-se aprender a ser firme e determinado e, ao mesmo tempo, perspicaz e flexível para não se tornar escravo dos próprios planos. De tempos em tempos, é bom avaliar como tem desenvolvido o planejamento inicial e, se preciso, mudar as estratégias para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira.
O principal, antes até mesmo do planejamento, é colocar nossos propósitos e anseios diante de Deus. Como diz Tiago, já que não sabemos o que nos sucederá amanhã, ao fazermos nossos projetos devemos ter a humildade de declarar nossa total dependência de Deus e dizer: “Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo” (Tg. 7.15).
Que Deus nos abençoe e nos conduza na realização de nossos sonhos em 2010!

Rosane Itaborai Moreira

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ATRAVÉS DO AMOR


Muitos de nós passam a vida tentando ter razão. Buscam, por meio da coerência e da justiça, reclamar suas prerrogativas, fazer análises e julgamentos e até mesmo auto-criticas. São tão corretos e severos que ninguém ousa confrontá-los.
Outros vivem sem se expor, sem esboçar sua opinião. Preferem o anonimato. De tão prudentes que são jamais fazem inimizades e estão sempre buscando evitar situações conflitantes.
Com a maturidade, podemos perceber que, na verdade, passamos a vida olhando para o próprio umbigo. Cada um, dentro do seu jeito de ser, procura o modo mais confortável para viver os momentos de tensão e de conflitos, sejam eles em família, trabalho, igreja ou outra comunidade.
Muitas vezes, é preciso desaprovar e criticar uns para se sentir seguro na situação. Outras vezes, é necessário fazer alianças, buscar aprovação em algumas pessoas para manter seu lugar.
Muitos poderiam chamar de insegurança esse comportamento, mas infelizmente, o que podemos avaliar é que a sua base principal é o egoísmo. Segundo o dicionário, egoísmo é o hábito de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona. Essa atitude exclui o amor.
A Bíblia é bem clara ao afirmar que nada permanece sem amor. Nada tem valor sem amor. Se nem um dom espiritual é assim por Deus considerado, imagine o que deve valer para Ele sem amor a nossa própria justiça, coerência, opinião. Até quando estamos defendendo o Evangelho, supondo estar fazendo em nome de Deus, se nossa motivação for ganhar a briga e não o irmão para Cristo, isso é repudiado pelo Senhor. Na verdade, estamos sendo orgulhosos e carnais.
Para Deus, o amor vale mais que a razão. O relacionamento precisa ser preservado, a discussão deve aguardar o momento de brandura.
Da mesma forma, aquele que não se envolve deixa de se relacionar. O erro não é aparente, não tem repercussão, mas é como o levita e o sacerdote, que já haviam feito a sua parte purificando-se no templo, e, agora, não iriam se comprometer. Teriam que refazer todo o ritual. Preferiram passar direto, serem indiferentes, omissos. Presumiram demonstrar amor a Deus negando compaixão ao homem.
Situações opostas, mas idênticas, mostrando que a nossa tendência não é fazer a vontade de Deus, mas a nossa. Não é fazer o correto, mas o confortável.
Mas, através do amor, podemos fazer diferente. Quando entendemos os nossos atos e as suas conseqüências, temos a possibilidade da mudança e de fazer diferença a nossa volta. Precisamos nos aperfeiçoar. Caminhar nos importando com aquele que caminha ao nosso lado. Seja ele irmão em Cristo ou não, todos precisam ver em nós o amor de Deus e sentir o bom perfume do Senhor. Afinal, somos sal na terra e luz no mundo. O Evangelho não pode ser só falado por nós, mas deve ser percebido e sentido em nós.
Podemos não mudar o mundo. Mas, faremos nossa vida melhor e também as daqueles que estão ao nosso redor. Atrairemos almas para Jesus. Testemunharemos restaurações, milagres, conversões genuínas.
E, ainda, contribuiremos para que haja mais festas no céu.

Rosane Itaborai Moreira

sábado, 5 de dezembro de 2009

A MENINA E O MAR - Pablo Massolar


Conta uma lenda que, muito antigamente, no tempo quando nem existia televisão ainda. Quando viajar era de trem e para poucos, e a vida era ganha com muita dificuldade. Era um tempo onde as crianças brincavam de jogar bola de gude nas calçadas de barro, empinar pipa e pique-pega. A vida passava tão lentamente que crescer durava uma eternidade. Telefone e farmácia se escrevia com "ph" e para ligar para uma pessoa, em outra cidade, era preciso pedir à telefonista, que se conhecia pelo nome, para completar a chamada.
Havia uma pequena menina que morava no interior, numa cidadezinha cujo nome, até hoje, nem consta nos mapas. Um lugar no meio do nada, longe de tudo, na verdade, chamar de "cidade" poderia ser considerado um exagero. Estava mais para um pedaço de estrada, com um pequeno conglomerado de casas humildes que eram utilizadas como armazéns, bares e uma pequena pousada para quem passava por ali de viagem. Mas tudo bem. Deixa como está! Vamos chamar de cidade assim mesmo.
Esta menina observava os viajantes chegarem à sua casa e falar sobre os lugares por onde passavam, contavam histórias da cidade grande, mas havia algo que sempre a deixou intrigada. Eles falavam de uma coisa chamada "mar". Para uma menina acostumada com a poeira da estrada de chão e a sequidão do sertão, onde água, quando tinha, só na torneira ou na bica. Tentar conceber a imagem de um lugar cheio de água que cobria todo o horizonte, até onde os olhos podiam alcançar, era um misto de curiosidade, incredulidade e temor.
Aos poucos, dentro daquele pequeno universo, a pequena menina foi crescendo. Um dia brincar de boneca já não era tão interessante e a vida naquele bucólico vilarejo ficava chata demais com o passar dos dias. Seu único desejo era poder sair daquele lugar para conhecer o tal do mar. Ela sempre ouviu falar sobre o barulho que ele fazia quando quebrava suas ondas nas rochas, de como conseguia engolir embarcações gigantescas e até mesmo o sol todos os dias. Ela ouvia histórias dos tesouros que o mar escondia e dos peixes que poderiam ser maiores do que a sua própria casa. A menina ficava curiosa, tentando imaginar como as pessoas conseguiam atravessar de um país para outro através das suas águas. Era uma imagem grande demais para sua pequena mente alcançar, mas mesmo assim ela se apaixonava cada vez mais por aquele sentimento. Chegava até sonhar com o que poderia ser o mar ou, pelo menos, com o que ela achava que seria o mar.
Seu aniversário de 15 anos se aproximava e ela pediu ao pai para não fazer festa. Queria uma viagem de presente. Naquela época, uma moça fazer 15 anos, era um acontecimento com porte de desfile de feriado nacional com honras militares. Mas ela estava disposta a abrir mão daquele momento tão esperado por sua família, para realizar o grande sonho de sua vida. Conhecer o mar.
O pai não teve outra escolha, a não ser cumprir o desejo da filha. Afinal eles nunca haviam viajado para tão longe juntos, e era justo realizar o único pedido da pequena filha que estava virando moça.
Viagem preparada, passagens compradas no guichê da estação de trem. Teve até bandinha para se despedir da menina no dia do seu aniversário. Era uma longa jornada até chegar no litoral, mas a menina nem prestava atenção nas paisagens que iam aparecendo na janela do trem.
— Pai, você já viu o mar?
Perguntava a menina, tentado tirar o máximo de informações do pai para construir sua própria imagem do mar. E ele tentava descrever como podia, hora rindo, hora impaciente com a quantidade de perguntas sobre o mar.
A viagem levaria uns dois dias, mas ela não se importava, valia o sacrifício para ter o sonho realizado.
Chegando o grande dia, já estavam se aproximando do litoral. A menina eufórica nem quis passar no hotel, foi primeiro para a praia. A primeira lágrima escorreu dos olhos dela. Era lindo o que via, nada do que ela imaginou era tão grande e estonteante como o que ela estava vendo e presenciando naquele momento.
— Pai, eu posso chegar perto dele?
Perguntou a menina, ao pai, sem conseguir segurar as lágrimas misturadas com o sorriso mais radiante que ele já tinha visto nela. Antes que ele respondesse, ela já corria pela areia da praia tirando os sapatos.
Ela só queria chegar perto o suficiente para descobrir se a água era tão salgada e gelada quanto falavam. Ela já começava a sentir a areia molhada na sola dos pés e de repente, a euforia se misturou com um medo que ela nunca havia sentido antes. Todas as histórias que ela já tinha ouvido sobre o mar, até então, começaram a vir à sua mente ao mesmo tempo. A violência do barulho das ondas quebrando na areia a segurou por um momento até que, calmamente, a sobra de água de uma onda avançou pela areia e cobriu seus pés lentamente. Ela levou um susto, quis fugir, mas aqueles poucos segundos se eternizaram e a paralisaram enquanto a água escorria novamente para o mar fazendo cócegas na sola dos pés da menina.
O medo aos poucos se transformou em confiança e a menina tentou chegar mais perto do mar e o mar também se aproximava dela com ondas cada vez mais fortes. Ela teria que escolher entre não provar o mar ou molhar o único vestido que tinha ganho de aniversário. Até que, sem esperar, de repente, uma grande onda a cobriu e a molhou por completo. Pronto, já não havia mais o que escolher, a surpresa da onda a fez se entregar por definitivo àquela nova experiência.
A menina finalmente encontrou o mar e o mar a encontrou também.
Em nossas vidas também é assim: Nos relacionamos com Deus da mesma forma que esta menina se relacionava com o mar. Vivemos na sequidão e expectativa de encontrar um Deus que, às vezes, só conhecemos de ouvir falar. Ouvimos o testemunho de terceiros sobre suas experiências com a regeneração, cura e perdão experimentados em Deus. Nada do que imaginamos pode chegar perto do que Ele realmente é e significa mas, muitas vezes, quando temos a oportunidade de prová-lo e conhecê-lo de fato, temos medo de molhar nossa aparência. Perdemos, então, a oportunidade de vivenciar este poder de Deus em nossas vidas. Para experimentá-Lo precisamos nos envolver profundamente.
Conhecer Deus por inteiro é a maior experiência que alguém pode desejar e alcançar em toda a sua vida. Nada se compara ao seu poder e glória, nenhum oceano consegue ser maior ou mais profundo que o amor e perdão nEle encontrados para cada um de nós.
Buscá-lo, pode ser uma longa jornada, mas quando nos encontramos com a plenitude de Sua Glória não conseguimos deixar de tocá-lo ou ser tocados por Ele. Quando encontramos Deus, ao mesmo tempo somos achados por Ele. Algumas vezes somos pegos de surpresa por Deus e depois disto não há mais como voltar atrás.
Um dia, até mesmo o mar se rendeu à Palavra Viva de seu Criador. Quem tem poder para criar e dar ordens ao mar, tem poder para trazer abundância de água a qualquer deserto. Mais que o mar, quem o criou deseja transformar a sequidão do pecado e da morte em abundância de água viva de graça e misericórdia. Permita, hoje, que a onda do amor de Deus inunde sua alma e lhe traga vida.

Pablo Massolar