sexta-feira, 30 de setembro de 2011

FELICIDADE É...



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domingo, 18 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

O CUSTO DO NÃO-DISCIPULADO

Em 1937, o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer publicou seu famoso livro “O Custo do Discipulado”. Uma exposição do Sermão do Monte, na qual ele comenta o que significa seguir a Cristo. O contexto era a Alemanha no início do nazismo. Sua preocupação era combater o que ele chamou de “graça barata”, essa graça que oferece perdão sem arrependimento, comunhão sem confissão, discipulado sem cruz. Uma graça que não implica obediência e submissão a Cristo. Seu compromisso com Cristo e sua cruz o levou a morte prematura em abril de 1945.
“O Custo do Discipulado” é um livro que precisa ser lido pelos cristãos brasileiros do século 21, com sua fé secularizada, sua moral relativizada, sua ética minimalista e sua espiritualidade privada e narcisista. A “graça barata” tem nos levado a conceber um cristianismo medíocre e uma espiritualidade que não expressa a nobreza do reino de Deus.
A fé cristã não é o produto de uma subcultura religiosa. Também não é apenas um conjunto de dogmas e doutrinas que afirmamos crer. É , antes de tudo, um chamado de Cristo para segui-lo. Um chamado para tomar, cada um, a sua cruz de renúncia ao pecado e obediência sincera a tudo quanto Cristo nos ensinou e ordenou.
Muitos olham para este chamado e reconhecem que o preço para seguir a Cristo é muito alto. Esta foi a preocupação de Bonhoeffer. De fato é. Amar os inimigos, abençoar os que nos rejeitam, orar por todos os que nos perseguem, sem dúvida é muito difícil. Perdoar os que nos ofendem, resistir as tentações, buscar antes de qualquer outra coisa o reino de Deus e sua justiça e fazer a vontade de Deus aqui na terra como ela é feita nos céus, não é fácil. Resistir aos impulsos consumistas numa cultura hedonista, preservar uma conduta moral e ética elevada em meio a tanta corrupção e promiscuidade definitivamente tem um preço muito elevado. Porém, precisamos ver tudo isto por outro ângulo.
Se o custo do discipulado é alto, já imaginou o custo do não-discipulado? Se amar o inimigo é difícil, tente odiá-lo! Se honrar pai e mãe é custoso, pense na possibilidade de não fazê-lo! Se viver em obediência a Cristo, renunciando o pecado, exige muito, procure ignorar isto!
Vivemos hoje uma sociedade enferma. O número de divórcios aumenta cada dia. O número de filhos que desconhecem o pai é alarmante. As doenças de fundo emocional multiplicam-se. A violência cresce. A corrupção parece não ter fim. Os transtornos psíquicos na infância assustam os especialistas. A raiz da enfermidade pessoal e social, em grande parte, é o não-discipulado. Não considerar os mandamentos de Cristo, seu magnífico ensino no Sermão do Monte, seu chamado para a renúncia ao pecado e a necessidade de diariamente tomar a cruz da obediência para segui-lo tem um custo incalculavelmente maior.
Jesus nos conta a parábola de um homem que descobriu um grande tesouro que estava escondido em um campo. Com muita alegria, tomou tudo o que tinha, vendeu e, com o dinheiro, comprou o campo e com ele seu tesouro. Desfazer de tudo o que tinha foi uma decisão fácil tendo em vista o tesouro que iria adquirir. Só iremos compreender a importância da contrição e do arrependimento, da confissão e da renúncia ao pecado, da obediência aos mandamentos e do valor da cruz se tivermos consciência da riqueza que nos espera.
Pagamos um alto preço pela “graça barata”. Nossas famílias sofrem por causa dela. Nossos filhos encontram-se confusos e perdidos. A nação afunda-se na lama da corrupção, da violência e da promiscuidade. Nossas igrejas transformaram-se em centros de entretenimento religioso, com um comércio de falsas promessas em troca de um evangelho sem cruz e de um reino onde cada um é seu próprio rei.
O chamado de Cristo para sermos seus discípulos, com seu “alto custo”, é o único caminho possível para a liberdade. A única opção para a verdadeira humanidade. A única esperança para nossa sociedade enferma. Se seguir a Cristo exige muito, lembre que não segui-lo vai lhe custar muito mais.

Pr. Ricardo Barbosa de Sousa
 

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

COMO DEUS CUIDA DE MIM

Que vantagem há em crer em Deus num mundo onde todos sofrem?
Letícia era uma mulher cheia de vida e entusiasmada com o evangelho recém descoberto. Ao final de 2004 me disse que queria ser batizada. Num sábado pela manhã, subiu em banquinho para arrumar a jardineira, e caiu do segundo andar de sua bela casa, falecendo logo em seguida, no Hospital.
Os amigos me disseram que nunca haviam visto o Flávio tão feliz como nesses dias. Três filhos cursando medicina e um feliz casamento, cheio de romance. Numa manhã de sábado, levantou-se para ir ao banheiro, e na volta para cama, desabou sob um infarto fulminante.
Marina tirou a sorte grande, diziam as amigas com uma certa dose de inveja. Conseguiu o marido dos sonhos: bonito, rico, bom caráter, e melhor de tudo, um cristão sério. Algumas diziam que merecia: bonita, séria com Deus e dedicada na Igreja (filha do Pastor), era uma menina sofrida - seu primeiro noivo, com quem teria se casado, faleceu. Agora estava feliz. Marcelo era o marido perfeito de um casamento perfeito que já durava 5 anos. Numa noite de quinta-feira Marina desconfiou de uma mensagem deixada no celular do marido, e no domingo seguinte estava sozinha. Marcelo confessou que a traía havia mais de 3 anos, e que agora estava apaixonado por uma namorada do trabalho, com quem estava se relacionando nos últimos 3 meses.
Acompanhei essas histórias (reais, porém com nomes fictícios) neste mês de fevereiro, logo após meu retorno das férias. Já não me espanto mais diante de notícias ruins, e infelizmente, desenvolvi um jeito de seguir em frente sem pensar muito em tudo o que vejo e vivencio no dia-a-dia da atividade pastoral. Faço minhas as palavras do Rabino Harold Kushner: "tenho muita dificuldade em dizer que a vida é bela e que Deus dá o que cada um merece e precisa. Inúmeras vezes deparei-me com famílias e até mesmo comunidades inteiras unidas em oração pela cura de um enfermo - e vi suas esperanças e orações serem completamente desprezadas. Vi pessoas "erradas" adoecerem, pessoas "erradas" serem brutalmente golpeadas pelo destino, jovens "errados" morrerem".
Há alguns anos minha mãe me presenteou com um pedaço de papel amarelado, onde alguém registrou minha primeira oração: "Papai do Céu, traz meu papai de volta para casa no Natal". Meu pai nunca voltou. Não comecei muito bem minha peregrinação pelos caminhos da oração e intercessão. Acho que meu pai foi um desses "jovens errados" referidos pelo Kushner.
Por essas e tantas outras, fui obrigado a re-significar o que me ensinaram a respeito de Deus e seus caminhos. Precisei buscar uma nova interpretação e compreensão para textos da Bíblia como:
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos, pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera! [Salmo 1.1-3]
Pois no dia da adversidade ele me guardará protegido em sua habitação; no seu tabernáculo me esconderá e me porá em segurança sobre um rochedo. [Salmo 27.5]
Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra e desfrutará segurança. [Salmo 37.3]
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, descansa à sombra do Deus onipotente... Ele o livrará do laço do caçador e do veneno mortal. Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor. Você não temerá o pavor da noite, nem a flecha que voa de dia, nem a peste que se move sorrateira nas trevas, nem a praga que devasta ao meio-dia. Mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua direita, mas nada o atingirá. Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do Senhor o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda. Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra." [Salmo 91]
Não se vendem dois pardais por uma moedinha? Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Portanto, não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais! [Mateus 10.28-31]
Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. [Hebreus 13.8]
O que se entende por "o justo prosperará em tudo"? Isso significa que o cristão tem o fator Deus como vantagem competitiva quando em um processo de seleção para novo emprego ou numa concorrência no mercado? Que tipo de segurança é prometida por Deus? De quais pragas, pestes e desgraças estão livres os filhos de Deus? O fato de Deus saber quantos fios de cabelo temos significa que Ele está cuidando de nós nos mínimos detalhes? E esse tal "consentimento", quer dizer que Deus fica de braços cruzados enquanto as coisas ruins nos acontecem?
Além destes poucos textos (escolhidos aleatoriamente à título de exemplo), precisei buscar melhores explicações para o casuísmo bíblico. Em primeiro lugar, me embaracei com as biografias bíblicas: devemos considerar os relacionamentos entre Deus e homens como Abraão, Moisés, Davi e Paulo como paradigmáticos para o nosso próprio relacionamento com Deus? Deus cuida de nós da mesma maneira como cuidou de José no Egito, Daniel na cova dos leões, e Pedro na prisão?
Em segundo lugar, o casuísmo bíblico registra milagres extraordinários protagonizados não apenas por Jesus, mas também pelos profetas e apóstolos. Alguém seria capaz de demonstrar que os milagres ocorrem hoje na mesma intensidade e volume que ocorriam no período bíblico? Podemos esperar que Deus cure nossos enfermos da mesma maneira que Jesus curava às margens do Mar da Galiléia, já que "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre"?
Enfim, a pergunta que usei como porta de entrada para meu processo de re-significação da minha fé foi: Como Deus cuida de mim? Encontrei pelo menos quatro respostas.
Deus cuida de mim interferindo em minhas circunstâncias. Mas, dificilmente, ou mais precisamente quase nunca, sei com certeza se o que me aconteceu ou deixou de acontecer foi resultado de uma ação direta de Deus. Ao ler na Bíblia que nenhum pardal cai no chão sem o consentimento de Deus, e que até mesmo os cabelos da nossa cabeça estão todos contados por Deus, de modo que não precisamos viver amedrontados [Mateus 10.29-31], assumo isso como verdade e relaxo. Creio que devo viver seguro de que nada acontece em minha vida sem que Deus tenha, no mínimo, permitido que acontecesse. Deus nunca é pego de surpresa a meu respeito, e nenhuma de minhas circunstâncias escapa ao seu controle. Não me ocupo em ficar procurando a mão de Deus ao meu redor. Não preciso explicar todos os fatos como causados por Deus, nem tento ficar espiritualizando e explicando tudo o que se passa comigo como "Deus fez isso, Deus não fez aquilo". Minha sensação é mais ou menos a do menino que quer brincar à beira do mar e ouve o pai dizer: "Pode ir, o papai vai ficar aqui olhando você". No meu caso é assim: corro em direção à água e brinco despreocupado. Sei que meu Pai está olhando por mim, e que em qualquer eventualidade Ele não apenas saberá o que fazer, como também terá poder para fazer. Confio que Ele fará o melhor, pois além de sábio e poderoso, meu Pai tem mais uma característica: Ele me ama
Deus cuida de mim capacitando-me para enfrentar qualquer situação. É desta maneira que interpreto "tudo posso naquele que me fortalece" [Filipenses 4.13]. Esse "tudo posso" não diz respeito a passar no vestibular, ganhar um emprego, arrumar uma namorada, ou qualquer outra coisa a respeito da manipulação das minhas circunstâncias. "Tudo posso" significa que "aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura" [Filipenses 4.12]. Caso interpretássemos o "tudo posso" da maneira tradicional: "posso conseguir tudo o que quero", não teríamos como explicar porque o mesmo Paulo, apóstolo, não conseguiu se livrar de seu "espinho na carne". Nesse caso, o "tudo posso" significa "posso conviver com um espinho na carne", pois a graça de Deus é suficiente para me manter em pé e saudável mesmo convivendo com um espinho na carne, pois "o poder de Deus me faz forte" [2Coríntios 12.7-10].
Deus cuida de mim cooperando comigo para dar significado positivo a todas as minhas circunstâncias, inclusive para transformar em bem o mal que veio contra mim. O ensino bíblico que promete que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" deve ser interpretado à luz de duas observações. Em primeiro lugar, o "bem" prometido não é circunstancial, isto é, "Deus impede você de ganhar 1.000 porque Ele quer lhe dar 100.000". O conceito que Deus tem de "bem" é fazer de mim alguém semelhante ao filho dEle, para que Jesus seja o primogênito dentre muitos irmãos. Mas em segundo lugar, a promessa de que todas as coisas cooperam para o bem", geralmente compreendida como "Deus manipula todas as circunstâncias para que seus filhos sejam favorecidos no final" pode e deve ser interpretada de outra maneira, como, por exemplo, sugere a nota de rodapé da Bíblia Nova Versão Internacional: "Sabemos que em todas as coisas Deus coopera juntamente com aqueles que o amam, para trazer à existência o que é bom" [Romanos 8.28,29]. Essa tradução apresenta Deus, não como um solucionador de problemas ou manipulador de circunstâncias, mas como parceiro dos seus filhos, ocupado em conduzí-los à maturidade e torná-los capazes de andar com suas próprias pernas mesmo em situações difíceis e dias maus. Creio que esta é a experiência de Davi: "Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem" [Salmo 23.4], e também a convicção de José, no Egito: "vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem" [Gênesis 50.20]. Creio que por trás da minha história, Deus está escrevendo a dEle, e que em alguns momentos, mesmo o mal que me acontece, é usado por Deus para o meu bem.
Finalmente, Deus cuida de mim preservando minha integridade espiritual. Sei que o ser humano é uma unidade indivisível corpo+espírito, mas mesmo assim escolho a palavra "espiritual" para expressar a idéia de que o mal pode tocar meu corpo, meus bens, minhas circunstâncias, mas não pode causar nenhum dano em meu relacionamento com Deus ou abalar minha identidade mais profunda, que a Bíblia chama de "homem interior" [2Coríntios 4.16-18], a menos que eu permita. Nesse sentido é que todos os cristãos somos mais do que vencedores, pois sabemos que "nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" [Romanos 8.38,39].
Essa "proteção espiritual" é o real significado do Salmo 91, por sinal um Salmo messiânico, que promete que Jesus "pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente" [Salmo 91.13]. Por isso João, apóstolo, expressou sua convicção que "todo aquele que é nascido de Deus não está no pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o atinge" [1João 5.18].
Destas maneiras creio que Deus cuida de mim: interferindo em minhas circunstâncias, dando-me condições de viver bem em qualquer situação, cooperando comigo para extrair o bem de tudo o que me acontece, e cerceando todo o poder do mal contra mim, de modo que nosso relacionamento de amor jamais seja abalado.
Gosto de Viktor Frankl quando diz que "se a situação é boa, desfrute-a; se a situação é ruim, transforme-a; se a situação não pode ser transformada, transforme-se". Isto é, quando amanhece chovendo, e Deus, em sua perfeita economia, decide não atender meu pedido por sol, eu saio na chuva mesmo. Ultimamente, para falar a verdade, quando amanhece chovendo, eu fico um bom tempo na janela tentando perceber de Deus se o melhor que poderia acontecer não seria a chuva. Já aprendi que não vim ao mundo para fazer pic-nic.


Ed René Kivitz
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