sexta-feira, 29 de agosto de 2008

VERDADE E LIBERTAÇÃO


As revelações bíblicas são, via de regra, revelações específicas a respeito de verdades espirituais, mas também pertinentes a todas as áreas de nossas vidas, permeando e norteando a nossa essência e a nossa caminhada. De todas essas verdades que nos regem, uma das mais contundentes delas talvez seja o versículo que diz: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." (Jo. 8.32)
O contexto desse verso está apontando para o conhecimento pertinente à vida espiritual, mas tal afirmação é tão verdadeira, universal e divina que é aplicável a todas as formas de vivência humana e a todos os aspectos do saber. É muito interessante observar que tudo aquilo que Deus planejou para a humanidade, Ele mesmo disponibilizou de forma ampla e acessível.
Um bom exemplo de como encontramos a verdade divina permeando o nosso universo e o pensamento da humanidade é o Mito da Caverna, citado abaixo, uma metáfora contada pelo filósofo grego Platão, que ilustra bem a libertação através do entendimento da verdade.
De fato, é bíblico e também muito sabido que o conhecimento da verdade gera libertação. O conhecimento da ciência liberta o homem do misticismo, o conhecimento de si mesmo liberta de vícios, o conhecimento do outro liberta de ações e reações controladoras, o conhecimento de Deus liberta o homem da religiosidade, enfim, o conhecimento, qualquer que seja ele, nos possibilita soltar as amarras, ter uma visão mais ampla e nítida da situação. E aí, temos a possibilidade de fazer escolhas certeiras, com menos sofrimento e dor.
O conhecimento permite que a humanidade enxergue além das sombras, que amplie as suas possibilidades. Permite também que o homem liberto e cheio do conhecimento da verdade possa ir em busca de outros e apresentar para eles verdade que o libertou.


O MITO DA CAVERNA - Platão

Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazer isto espancando-o.

Rosane Itaborai Moreira

terça-feira, 19 de agosto de 2008

EM BUSCA DA ARCA


A história da Arca de Noé é uma das mais conhecidas e comentadas das Escrituras. Esse fato bíblico é narrado também em outras fontes escritas externas à Bíblia, sendo que diversos documentos babilônicos descobertos relatam o mesmo dilúvio. O 11º tablete do Épico de Gilgamesh, a maior composição literária da Mesopotâmia, descreve uma arca, animais levados até ela, pássaros sendo soltos durante a grande inundação, a arca repousando sobre uma montanha e um sacrifício oferecido após a arca ter parado.
Segundo a Bíblia, a Arca de Noé era uma grande embarcação de madeira impermeabilizada com betume, com proporções semelhantes aos transatlânticos atuais. Depois do dilúvio, a arca teria repousado no Monte Ararate, antigo reino de Urartu.
Nos últimos anos tem aumentado o interesse na busca pela Arca de Noé. Muitas expedições já foram feitas ao Ararate (foto), uma cadeia com dois montes gêmeos, localizada na Turquia. Sabe-se de relatos, no decorrer da história, de um grande barco em uma montanha nesta região. Achados do século III d.C. mostram que tal fato era de conhecimento geral e que o barco ainda podia ser visto no Monte Ararate.
Hoje, muitos são os que afirmam a existência da embarcação no topo dessa montanha. Em geral, acredita-se que pelo menos uma parte da arca ainda está intacta, não no pico mais alto, mas em algum lugar acima do nível dos 10.000 pés. Encoberta sob gelo e neve na maior parte do ano, apenas em verões quentes a arca pode ser vista e até visitada. Existem muitos relatos documentados de visitas à embarcação, coleta de madeira e fotografias aéreas. Na década de 80, um participante ativo das expedições foi o ex-astronauta da NASA, James Irwin, hoje já falecido.
No entanto, não houve muita evolução na busca da arca. As visitas posteriores feitas ao local descrito pelas diversas expedições não evidenciaram nenhuma informação adicional significativa, o local exato das fotografias aéreas não pôde ser localizado e o número de expedições ao monte diminuiu muito na década de 90.
A Arqueologia continua em busca desta e de outras evidências que possam contribuir para comprovar a história bíblica. Os cristãos parecem estar muito interessados nesta prova, pois, conforme disse Ron Wyatt, um médico anestesista estudioso do assunto, “Se a Arca de Noé fosse real, então toda a Bíblia seguramente era fidedigna”. A credibilidade da Bíblia estaria condicionada à confirmação de um de seus relatos.
É interessante pensar que, apesar de todo o aparato tecnológico que permite até viagens espaciais e pesquisas em outros planetas, as dúvidas sobre o achado no Monte Ararate ainda não foram elucidadas. Falta de interesse em tal pesquisa, dificuldades de acesso à região ou providência divina, não importa. Deixemos de lado por um momento o que dizem os homens e apliquemos as palavras de Jesus: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo. 20.29).

Rosane Itaborai Moreira

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O PROBLEMA DO MAL


Muitos nos perguntam como podemos crer em Deus mesmo com tamanha maldade no mundo: assassinatos, drogas, guerras, miséria, entre outras formas de violência. Além disso, questionam a existência de Deus mediante tantos problemas de ordem natural, como terremotos e furacões, deixando cidades destruídas e famílias desabrigadas. Como um Deus bom pode ser compatível com tanta maldade?
Respondendo a essa questão, primeiramente vamos definir o mal, de forma ampla, como sofrimento e dor intensos decorrentes tanto de problemas da natureza – mal natural, como da deturpação de padrões éticos e morais – mal moral.
Com relação ao mal moral, podemos enxergar Deus no meio de tanta degradação dos valores morais ao entendermos que Ele nos concedeu o livre-arbítrio. A liberdade de escolha nos permite decidir, inclusive, agir fora dos padrões definidos por Deus. Esse entendimento do livre-arbítrio permeia toda a Bíblia e encontramos inúmeras passagens de pessoas que agiram segundo a sua própria vontade. A primeira delas, e determinante para a história do homem, é a escolha de Adão ao desobedecer a Deus e comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A partir desse momento, o homem passa a ser conhecedor do bem e do mal e tem sua vida pautada por diversas outras escolhas que viriam posteriormente, mas agora já com o pecado instalado na humanidade e a tendência ao mal.
A liberdade do homem de agir imoralmente é resultado de uma decisão soberana de Deus e em nada isso é antagônico à Sua existência ou à Sua onipotência. Deus, então, permite o mal em decorrência de um bem maior, a liberdade humana.
Já em relação ao mal natural, podemos afirmar que existe na natureza uma ordem previamente definida, as leis da natureza, e o resultado dessa ordem pode acarretar tanto o bem como o mal. É bíblico que, com a desobediência de Adão, a terra foi amaldiçoada e, agora, a natureza toda sofre a conseqüência dessa maldição. Tudo com o que a natureza hoje é penalizada decorre da quebra dessa ordem pelo pecado e mau uso da mesma pelo ser humano.
Dessa forma, apesar de convivermos com o mal diariamente, isso em nada interfere na nossa fé em Deus. Ao contrário, ao identificarmos tamanha maldade no mundo e tudo o que a Bíblia diz se cumprindo cabalmente, entendemos mais ainda a bondade e o amor de Deus para com a humanidade e o nosso papel de sermos sal e luz num mundo que jaz no maligno.

Rosane Itaborai Moreira