quinta-feira, 26 de maio de 2011

OS PURITANOS E A PRÁTICA DA ORAÇÃO


O puritanismo foi um movimento de renovação do século 16. A expressão puritano apareceu pela primeira vez por volta de 1560 para identificar aqueles que não acreditavam que a rainha Elizabeth promovera uma reforma verdadeira na Igreja da Inglaterra. Eles não eram separatistas, mas não aceitavam as imposições da coroa, nem da Igreja oficial. Viveram num período de conflito e buscavam uma espiritualidade profundamente sustentada na doutrina bíblica e, neste caso, calvinista, mas também profundamente pessoal. Para os puritanos, a experiência religiosa pessoal não tem origem no homem, mas em Deus e seu chamado. A conversão é uma necessidade. É a resposta do homem ao chamado de Deus, que nos convida a total dedicação e obediência ao propósito divino. No entanto, a pessoalidade na experiência religiosa não implicava uma espiritualidade individualista, mas comunitária. Para os puritanos, Deus fez uma aliança com sua Igreja e não apenas com indivíduos. Como no Velho Testamento, Deus aliançou-se com Israel como pessoa e com Israel como povo. O puritanismo não conhece espiritualidade solitária. A contribuição do puritanismo à espiritualidade cristã é, sem dúvida, uma das mais ricas da história. John Bunyan (1628-1688) foi um destes mestres do puritanismo que nos legou, entre outros escritos, O peregrino, sua obra mais popular, que trata alegoricamente, da peregrinação do cristão neste mundo ruma à pátria celestial. Mas também é de Bunyan um dos conceitos mais ricos sobre o significado da oração para a experiência cristã. Em um de seus livros, Bunyan mostra como os puritanos associavam oração com missão e vida comunitária. Ele escreve: “Oração é um sincero, sensível e afeiçoado derramar do coração ou alma a Deus, através de Cristo, no poder e assistência do Espírito Santo; tais coisas, como Deus tem prometido ou de acordo com a sua Palavra, existem para o bem da Igreja com submissão em fé para com a vontade de Deus”. Nessa definição encontramos sete elementos que caracterizam a oração segundo John Bunyan.
Primeiro, a oração é um sincero derramar do coração e da alma diante de Deus. Sinceridade é uma virtude essencial na experiência de oração. O salmista afirma: “Se no meu coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido”. Por esta razão, Jesus orienta seus discípulos a entrarem no quarto e fecharem a porta para orar. No silêncio secreto do quarto não tenho como usar as máscaras da minha falsidade. A sinceridade nos leva a dizer a Deus o que realmente somos, a confessar nossos pecados e celebrar o perdão e a graça sem os equívocos comuns das nossas ilusões. O profeta afirma que “enganoso é o coração”, que nem sempre conhecemos as verdades secretas da nossa alma. A oração é a experiência que nos leva de volta para dentro de nós mesmos. Não há como contemplar a Deus em sua verdade e a luz sem olhar com sinceridade para nossa própria alma. Se não há sinceridade na nossa oração, se não há este derramar de alma e coração diante de Deus, é porque ainda não nos colocamos de fato diante de sua santíssima presença.
Segundo, a oração é um sensível derramar da alma diante de Deus. A sensibilidade tem muito a ver com nossa humanidade, com nossos sentimentos mais nobres e profundos. A sensibilidade humana tem muitas faces. Às vezes, somos sensíveis em relação a nós mesmos, percebendo aspectos de nossa vida que nos levam a uma profunda comoção. Outras vezes, somos sensíveis aos outros, a suas necessidades secretas, dores e sofrimentos. Também somos sensíveis à graça de Deus, Seu amor eternos, Sua misericórdia renovada todos os dias, Seu perdão, aceitação e salvação. A oração toca as áreas mais sensíveis da vida e apresenta a vida diante do seu criador. Simeão, o novo teólogo, que viveu na virada do século 10 para o século 11, afirmou que o dom mais precioso do Espírito Santo é o dom das lágrimas, aquele que nos leva a chorar por nós e pelos outros, a tornar nosso coração mais sensível e humano em nossas relações com Deus e o próximo. Jesus compadeceu-se de nós porque sofreu nossas dores, tornou-se pecado por nós, chorou por nós. O consolo é uma dádiva de Deus para aqueles que choram, que são sensíveis.
Terceiro, a oração é um afeiçoado derramar da alma diante de Deus. Os afetos têm a ver com nossos sentimentos e desejos. A oração, longe de ser simplesmente a apresentação de uma lista de nossas necessidades, é o derramar da alma cheia de desejos e sentimentos diante de Deus. Agostinho disse que se quiséssemos conhecer alguém não deveríamos perguntar o que faz, mas o que mais ama, porque é no amor que a pessoa demonstra seus desejos mais profundos e verdadeiros. Quando nos aproximamos de Deus em oração, qual é nosso maior desejo? Que sentimento mais arde na alma?
Quarto, e o derramar do coração diante de Deus, através de Cristo, no poder e assistência do Espírito Santo. É a mediação do Filho que torna possível clamar “aba”, de chamar Deus de Pai pelo mesmo nome que o Filho chamou. Se pela mediação de Cristo nos tornamos filhos adotivos do mesmo Pai, conseqüentemente tornamo-nos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo dos benefícios que o Filho eterno goza. Estes benefícios não se tratam da vida prospera que muitos pensam, mas da imagem de Jesus Cristo. É pelo Espírito Santo que esta declaração “aba” torna-se possível. Ele clama em nossos corações “aba” e estabelece um vinculo único com o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Quinto, é o derramar do coração a Deus, através de Cristo, no poder do Espírito Santo, como Deus tem prometido e de acordo com Sua Palavra. A oração é verdadeira somente quando é feita de acordo com a Palavra de Deus. Teófano, o recluso, dizia que, se queremos saber se oramos corretamente, não devemos perguntar se nossas emoções ou intelecto tiveram suas necessidades atendidas, mas se nos tornamos mais obedientes a Deus. Se a resposta for sim, se obedecemos mais a Deus e a Sua Palavra, nossa oração alcançou seu efeito. Se a resposta for não, mesmo que tenha satisfeito nossas exigências emocionais e intelectuais, não oramos corretamente.
Sexto, para o bem da Igreja. A aliança de Deus não é apenas com indivíduos, mas também com o seu povo, Sua Igreja. Nossa oração é dirigida a um Pai que é “nosso pai”, e isso nos remete ao fato de que toda a família de Deus está sempre incluída em seus propósitos eternos. Mesmo nossas necessidades mais íntimas fazem parte dos propósitos de Deus para Seu Reino e Igreja. Da mesma forma que o Filho nada fazia de si mesmo ou para si mesmo, mas fazia tudo pelo e para o Pai, assim também nós nos unimos ao Pai pela mediação do Filho pra realizarmos aqui a missão a que o Filho nos comissionou. A oração de Jesus em João 17, bem como as orações de Paulo, mostram esta preocupação com a Igreja, seu bem-estar e crescimento em graça. “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas mais excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o dia de Cristo, cheios de fruto de justiça, o qual é, mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp 1.9-11). O propósito da oração nunca somos nós ou nossos interesses, mas sim Deus e Seus propósitos eternos”.
Sétimo, em submissão e fé na vontade de Deus. O profeta Isaías fala da necessidade de convertermos nossos pensamentos e caminhos a Deus porque os caminhos de Deus não são os nossos, nem os Seus pensamentos os nossos. A oração é basicamente a conversão dos nossos pensamentos e caminhos, a renúncia deles para abraçar os que são de Deus. Não oramos para que Ele viabilize nosso caminho, mas para que sejamos convertidos ao Seu.

Pr. Ricardo Barbosa de Sousa

domingo, 1 de maio de 2011

DEZ PRINCÍPIOS PARA SER BEM-SUCEDIDO

01 - Creia que sua vida cumpre um propósito divino na terra. Você é influenciado pelos genes que herdou de seus pais e é bastante "circunstancializado" pelo meio no qual vive. Entretanto, mais forte que as determinações genéticas e os condicionamentos do meio social, é o seu chamado para ser. Você foi criado como um sacerdote neste universo de Deus. Por isso, você existe e sabe que existe. Encha sua consciência com esse significado. Quando você assumir sua vocação para ser, as outras pessoas vão "encontrar" você.

02 - Creia que seu dia ganha força e energia espiritual quando você ora. Portanto, ore sempre. Mesmo nos seus afazeres. Sempre que uma notícia ou informação lhe chegar, entregue-a a Deus. Ofereça a Deus os potenciais e as possibilidades que cada fato, percepção ou impressão lhe trazem ao coração. Além disso, pare um pouco todos os dias, ainda que seja só um pouco, e ore. Dê graças por tudo e abrace o Senhor no seu coração. Quando orar, peça coisas específicas, mas não se esqueça de sempre terminar de modo submisso e geral, dizendo: "Seja feita a tua vontade, assim na Terra como nos céu". Afinal, você não sabe se o que quer é o melhor. Mas o Senhor sabe!

03 - Creia que a maior inteligência que Deus lhe deu não é a intelectual nem a emocional, mas sim a inteligência. "O coração tem razões que a própria razão desconhece". Usar a cabeça (inteligência intelectual) e saber se relacionar com o próximo e as circunstâncias (inteligência emocional) é fundamental. Mas não é essencial. O essencial habita os mistérios do espírito, no mundo do coração. Portanto, dê atenção aos seus sonhos noturnos e aos seus sentimentos perceptivos. Quando você tiver uma "impressão", não a despreze de cara. Medite. Ore. Discirna. A resposta pode estar no passado. Mas, às vezes, trata-se de uma intuição profética. Pode ser um alerta sobre o futuro. Nesse caso, ore, corrija a rota e prossiga.

04 - Creia que quando alguém ama a Deus e ao próximo e respeita a vida, então tudo ganha sincronicidade e conectividade. Isso é apenas um outra forma de dizer que "todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus". O amor a Deus traz sentido para a sua vida. O amor de Deus transforma o cenário mais absurdo numa conspiração do bem.

05 - Creia que a leitura bíblica feita com os olhos do coração ilumina a alma e os caminhos da Terra. Ler a Bíblia é importante. Mas lê-la com os olhos da alma é essencial. Quem lê com o intelecto enxerga textos e os compreende. Quem lê com o coração discerne "caminhos sobremodo excelentes". Faça da leitura bíblica não apenas um meio de fortalecimento espiritual. Leia-a como caminho de descoberta e de insights para a sua visão do mundo, de si mesmo e de Deus.

06 - Creia que uma atitude mental positiva tanto é resultado de uma espiritualidade sadia como também pavimenta o caminho de todo ser humano bem-sucedido. Eu costumo dizer que mesmo ateus-positivos se dão melhor na vida que ateus-negativos. O mesmo princípio se aplica a cristãos.

07 - Creia que generosidade e dadivosidade são forças espirituais poderosas que atraem para quem as pratica as melhores oportunidades e possibilidades da vida. Por isso é tão importante dar dízimos e ofertas. Escolha causas, projetos e pessoas nos quais você acredita e dê no mínimo dez por cento dos seus ganhos para essas iniciativas. De fato, fazendo assim, você está abrindo portas invisíveis para você mesmo. E lembre-se: faça isso com entusiasmo e alegria.

08 - Creia que o que diferencia o fazer do não-fazer é apenas uma decisão seguida de gesto simples. Assim sendo, nunca adie o início de qualquer coisa na qual você acredita se a oportunidade se apresentar e seu coração responder com paz e fé. O gesto necessário, tanto para se levantar de cama quanto para levantar a cama, é um só: colocar-se de pé. Daí Jesus ter dito: "Levanta-te, toma teu leito e anda".

09 - Creia que a melhor composição de imagem exterior e de virtude interior para um cristão é aquela que combina a "simplicidade dos pombos" (imagem exterior) com a "prudência das serpentes" (virtude interior). Sendo assim, seja astuto por dentro e simples por fora. Sempre dá certo e protege a vida.

10 - Creia que a maior bênção de possuir uma consciência é poder usá-la para auto-examinar-se todos os dias. Quem se auto-examina resiste melhor às criticas, pois se utiliza delas para diminuir seus próprios equívocos, e se mostra imune a eles quando a consciência o convence de estar fazendo aquilo que é certo. Auto-exame é o que faz a diferença entre aqueles que vivem para preservar sua imagem e a reputação daqueles que vivem para o que é verdadeiro e real.

Caio Fábio

www.caiofabio.net