Conquanto
seja isso verdadeiro e prometido na Escritura, que afirma que o Senhor enxugará
dos olhos toda lágrima (Ap 21.4), é preciso analisar o que de fato se deseja ao
dizer que “o melhor de Deus está por vir”.
Se com
essa frase os crentes estivessem almejando estar de uma vez por todas na
presença física do Senhor Jesus, ela ganharia um belo sentido, porém, ao
observar que ela é dita geralmente em momentos de dificuldades, fica evidente
que “o melhor de Deus” que é esperado é simplesmente a ausência das
tribulações. Nesse caso, perde-se a perspectiva de que o melhor de Deus já veio
quando ele enviou seu Filho ao mundo (Jo 3.16) em semelhança de homens (Fp 2.7)
para justifica-los pela fé e conceder a eles paz com Deus (Rm 5.1).
Quando o
Senhor Jesus afirmou a seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos
dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo 14.27), ele falava sobre a
reconciliação com Deus, não sobre a ausência de problemas. Se assim não fosse,
os discípulos não teriam ouvido dele que no mundo teriam aflições (Jo 16.33). A
despeito disso ele ordena aos discípulos ter bom ânimo, o que demonstra que o
consolo não estava em esperar a cessação das aflições, mas na certeza de que
aquele que venceu o mundo estaria com eles todos os dias, inclusive em meio às
dificuldades, até a consumação dos séculos (Mt 28.20).
Era a
certeza de que Jesus era o melhor de Deus e, portanto, suficiente para a sua
vida que levava Paulo a declarar: “Aprendi a viver contente em toda e
qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e
em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de
fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me
fortalece” (Fp 4.11-13). Sua alegria não dependia das circunstâncias, mas
de estar na presença do Senhor Jesus. Por isso mesmo ele também podia dizer que
viver para ele era Cristo, e morrer, lucro, pois sabia que estar com Cristo é
incomparavelmente melhor (cf. Fp 1.21,23).
Saber que
o melhor de Deus para nós, Cristo Jesus, já veio deve nos levar ao entendimento
de que até as tribulações e aflições não fogem a seu controle, antes, são
usadas pelo Senhor para nos tornar cada dia mais parecidos com o nosso
Redentor. Isso nos leva também a colocar em prática as palavras de Tiago, que
diz que devemos ter como motivo de muita alegria o passar por várias provações,
entendendo que a finalidade da provação é produzir a esperança, que cumpre o
seu papel ao nos tornar perfeitos, íntegros e em nada deficientes (Tg 1.2-4).
Como já
foi afirmado, uma vida sem aflições, sem pranto e nem choro é prometida por
Deus para aqueles que são de Jesus. Porém, querer estar com Jesus não por quem
ele é, mas por aquilo que ele nos concede e concederá é uma atitude idólatra,
que revela que amamos mais a bênção concedida do que aquele que nos abençoa.
O melhor
de Deus já veio, Cristo Jesus, e se buscarmos nele alegria e satisfação
viveremos também contentes, em toda e qualquer situação.
Milton
Jr.
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