quinta-feira, 22 de julho de 2010

O REINO E A RIQUEZA


Quando Jesus afirmou aos discípulos que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus, Ele acabara de ter um encontro com o jovem rico (Mt. 19), que recusara vender e doar seus bens aos pobres em troca do tesouro no céu.
Seguindo o texto, no versiculo 27, Pedro pergunta: “Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos?”
No versiculo 29, Jesus afirma: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.”
Percebemos que a palavra básica nesse contexto é despojar, ou seja, privar da posse. Para alcançar o Reino de Deus devemos ser libertos de toda forma de acúmulo e excesso que nos aprisiona e impede de aprofundar no conhecimento do Senhor e caminhar na carreira cristã. No texto em questão, o obstáculo é a riqueza, os bens materiais.
O Evangelho de Mateus (cap.13) mostra o valor do Reino dos Céus. Diz que assemelha-se ao negociante, que, ao encontrar uma pérola de grande valor, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a. Ou como um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Ainda como uma rede lançada ao mar, e que apanha todos os tipos de peixes, mas só colocam nos cestos os peixes bons; os ruins, porém, jogam fora.
Quando o Reino é encontrado, as demais coisas são necessariamente abandonadas, pois tornam-se desprezíveis diante da importância do tesouro do céu. Fica impossível conviver com a busca da riqueza material, pois o Reino de Deus é precioso e urgente para aqueles que o alcançam.
Jesus mesmo afirmou: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt. 6.24)
É por isso que é mais fácil passar um camelo no buraco da agulha. O rico, com os seus bens, possui segurança nessa vida terrena e se preocupa em manter tal garantia. Ainda não se lançou totalmente nos braços de Jesus. Falta-lhe despojar-se das riquezas, lançar fora os impedimentos de chegar ao tesouro no céu e confiar no Senhor.
Para obter o Reino é necessário renúncia, desprendimento. O verdadeiro cristão torna-se livre de toda forma de prisão que o distancia do Senhor. Jesus afirma: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes.” (Lc. 12.15,23)
Para aqueles que tem muito, o Senhor orienta que repartam suas riquezas. Para os que não tem tanto, que busquem apenas o necessário para uma vida digna. Mais que isso impede o acesso ao Reino de Deus. São palavras de Jesus (Mt. 6.19-21): "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu... Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."
Entendendo isso, certa vez John Wesley declarou: “Poucas coisas testam mais profundamente a espiritualidade de uma pessoa do que a maneira como ela usa o dinheiro, pois a verdadeira medida de nossa riqueza está em quanto valeríamos se perdêssemos todo nosso dinheiro. Por isso, quando tenho um pouco de dinheiro, livro-me dele tão logo seja possível, para que ele não encontre o caminho do meu coração.”

Rosane Itaborai Moreira

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A TEORIA DA FOFOCA


Como algo tão detestável pode acontecer tão frequentemente?
Talvez a resposta seja: sutileza. Diz o sábio Salomão: “As palavras do mexeriqueiro são como doces bocados, penetram até o íntimo do homem” (Pv 18:8). Ou seja, segundo a Bíblia, a fofoca é saborosa para quem a escuta. Na tradução desse mesmo versículo segundo a NVI, o termo comparativo é “apetitosos petiscos”. E tal comparação é perfeita: ouvir uma fofoca é tão irresistível quanto comer um quitute ou um docinho atraente. E porque a fofoca não é comparada a um pernil assado ou uma pratada de feijoada? Porque comida enche e, uma vez cheio, você não come mais. Mas a fofoca é servida em pequenas porções. A fofoca é o quibezinho do mal, o cajuzinho da discórdia, o chocolate BIS da intriga. E uma vez no seu interior a fofoca não enche, pelo contrário, abre seu apetite.
Portanto, ainda que não sejamos fofoqueiros, se somos ‘consumidores de fofoca’, somos co-autores do mal. E da mesma forma que o prazer de saborear um acepipe fica explícito, a satisfação com a fofoca ouvida também. E o fofoqueiro-quitandeiro se sentirá à vontade para oferecer-nos um segundo bombozinho de trufa de jararaca.
O apóstolo Paulo faz duas vezes a mesma recomendação à Timóteo: “Evita as conversas vãs e os falatórios” (I Tm 6:20 / II Tm 2:16). Os termos originais em grego para tais vocábulos são: bebelos e kenophania. “Bêbelos” significa profano, irreligioso e ímpio; e é o mesmo termo para a palavra ‘bibelôs’ que são bugigangas ou enfeites supérfluos. Já ‘kenophania’ vem da junção dos termos ‘kenos’ (vazio) e ‘phone’ (som). Ou seja: conversa vazia e inútil, linguagem vã e estéril.
Por que fofocamos? – Certamente diremos que não gostamos de fofoca. Diremos mais: diremos que odiamos fofoca e fofoqueiros. Então, como uma raça tão odiada se perpetua, se multiplica tanto? Porque nós a alimentamos: “Sem lenha o fogo se apaga; não havendo fofoqueiro, cessa a contenda” (Pv 26.20)
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de condenar o outro – dizemos: “Não estou fofocando. É que não aprovo o que Fulano fez de errado.”
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de bajular e fazer ‘média’ – Pois dizemos: “Só vou te contar isso porque sou muito seu amigo, sou de confiança...”
Não gostamos de fofocar, mas gostamos de autopromoção à custa da falha dos outros – Pois dizemos: “O Fulano fez... eu não faço”
Não gostamos de fofocar, mas gostamos que se compadeçam de nós – Pois dizemos: “Você imagina só o que o Fulano fez comigo?”
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de acirrar os ânimos – Pois dizemos: “Assim que souberem o que o Fulano fez, eu só quero é ver o circo pegar fogo!”
Não gostamos de fofoca, mas gostamos de chocar o próximo – Pois dizemos: “Você não imagina o que o Fulano disse de você...”
E por que afinal a fofoca é ruim? Por que não podemos noticiar o mal que o outro fez?
Em primeiro lugar porque não nos compete julgar. Não temos conhecimento dos fatos e corremos o sério risco de divulgar algo que não ocorreu exatamente da forma como relatamos.
Em segundo lugar, a fofoca nunca edifica. Nunca promove o bem estar de quem ouve. Você já viu alguém ouvir uma fofoca e bradar: Graças a Deus! Ouviu?
A fofoca revela intimidades, segredos e confidências e a Bíblia diz: “O que anda mexericando descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre” (Pv 11:13).
A fofoca é injusta. Expõe o outro sem que lhe seja dado o direito de se defender.
A fofoca promove separação e discórdia – “O que encobre a transgressão promove o amor, mas o que renova a questão separa os maiores amigos” (Pv 17:9)
O fim da fofoca é simples. Não existe auto-fofoca. O fofoqueiro precisa de alguém que lhe dê ouvidos. É extremamente difícil calar um fofoqueiro uma vez que ele iniciou a conversa. Então evite o fofoqueiro. Aprenda a identificá-lo:
Características do fofoqueiro
- quer se mostrar seu amigo (íntimo). Chega dando tapinhas nas costas e te pegando pelo braço - “Vem cá que tenho que te contar uma coisa...”
- quer se mostrar seu defensor, alertando-o – “Olha, só te conto porque quero o seu bem...”
- fala demasiadamente, o tempo todo, de tudo e de todos.
- toma conclusões precipitadas – Você nunca ouvirá um fofoqueiro dizer que é melhor apurar melhor os fatos. Pelo contrário, sua máxima é: “Eu já sabia. Eu sempre soube. Nunca me enganei com Fulano...”
- abre espaço para a crítica elogiando primeiro – “Não tenho nada contra o Fulano, mas...” ou “Gosto muito de Sicrano, só que...”
Diante do fofoqueiro, o antídoto é certo: elogie o ‘fofocado’, defenda-o e convide o fofoqueiro a orar por ele e a perdoá-lo. Pois é exatamente esse tratamento que recebemos de Jesus quando pecamos. Ele intercede por nós, nos defende e nos perdoa. Por isso que ninguém gosta de contar fofoca pra Ele.

Pr. Alessandro Mendonça
www.gostodeler.com.br

domingo, 18 de julho de 2010

PARÁBOLA DO CRISTÃO RICO E DO SEM-TERRA HONESTO


Dois homens foram certa vez à mesma igreja: um, cristão, e o outro, sem-terra. O cristão, posto em pé, orava consigo mesmo, desta forma: “Ó, Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este comunista. Venho à igreja duas vezes por domingo e dou para a obra a décima parte do meu líquido, que é maior que o bruto acumulado de todos os meus empregados”. O sem-terra, estando em pé, longe, e que havia entrado na igreja para ver se seria recebido com alguma misericórdia, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, lamentando que suas maiores suspeitas fossem justificadas. O cristão voltou para casa sentindo-se justificado; o sem-terra não voltou para casa porque não a tinha.
________________________________________
– Explique-nos esta parábola.
– Vocês não entendem esta parábola? Como, então, entenderão todas as parábolas?
– Seja mais claro.
– Esta é uma parábola sobre coisas que não existem.
– Então Deus não existe? Temos estado enganados todo este tempo?
– Néscios! É claro que Deus existe. O que não existe é sem-terra honesto.
– Oohhh!
– Nem cristão rico.

Paulo Brabo
www.baciadasalmas.com

terça-feira, 13 de julho de 2010

CONSELHO SÁBIO


“Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia” – este ditado popular reflete o quanto o ser humano, apesar de sempre ter vivido em agrupamentos, é um ser individualista, desconfiado e, hoje, totalmente adaptado ao sistema capitalista. Nada bom é de graça.
Por outro lado, o homem é um ser incompleto, inseguro e angustiado no seu íntimo, e o bom conselho torna-se uma necessidade em certos momentos da vida. De conselhos simples a conselhos que envolvem grandes decisões, o ser humano precisa ver no outro as suas ideias refletidas, aprovadas, elaboradas ou até rejeitadas.
O outro é o canal para o homem falar a si mesmo, se ouvir, se conhecer e decidir as suas questões. Alarga horizontes e muda a disposição mental. Este outro pode ser um amigo, um irmão em Cristo, um pastor...
Felizmente, ainda existem aqueles que escutam e aconselham sem negociar financeiramente seu tempo. Que se colocam ao dispor do outro e, além do conselho, proporciona-lhe o resgate da auto-estima e esperança em dias melhores. Conselho sincero, coerente, com base confiável sempre vale a pena. Favorece o equilíbrio e a restauração do indivíduo.
Em toda a Bíblia encontramos referências valorizando o conselho sábio. Seja em versículos que falam diretamente sobre o assunto ou em relatos em que percebemos o valor do bom aconselhamento. A Bíblia, além de conter inúmeros exemplos de conselheiros, como Moisés, nos fala em Pv. 11.14: “...na multidão de conselhos há sabedoria”. Ou, como diz outro dito popular: “Duas cabeças pensam melhor do que uma".

Rosane Itaborai Moreira

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O ESCRAVO VAI… O FILHO FICA…


Jesus disse algo solto…, e que a gente acolhe porque veio Dele…, e, também, porque faz sentido na lógica da existência, embora, aparentemente, quebre a lógica do texto, ou, pelo menos, ainda que se ligue ao texto nas “palavras” que usa..., nos termos que adota..., também presentes no contexto todo, a fala em si parece não dizer nada...
“O escravo não fica para sempre na casa, o filho sim, para sempre”...
Ora, Ele disse isso em João 8, no contexto do “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”; e, também, no mesmo lugar no qual Ele disse que “todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”...
Entretanto, ainda assim o texto fica solto... Sem conexão com o antes e o depois..., exceto pelos termos “escravo”, em contraposição a “filho”, que fica para sempre..., pois é livre...
Eu, no entanto, apesar de ter pregado centenas de vezes usando o texto de João 8..., jamais pregara no texto especifico em questão aqui... “O escravo não fica para sempre na casa, o filho sim, para sempre”...
Foi somente no domingo passado que me dei conta que o texto falava de fato da questão da “permanência na Palavra”...
Sim, pois Jesus dissera aos judeus que supostamente “haviam crido Nele”... que eles deveriam..., a fim de serem de fato Seus discípulos, permanecer na Palavra... — então, conheceriam a verdade e a verdade os libertaria...
Na seqüência eles ficam furiosos com a idéia de ainda virem a ser libertos... [Eles..., que se consideravam as consciências mais iluminadas do Planeta!... Libertos?...]. Sim, libertos de algo que era de uma subjetividade que, na pratica, faria todo homem ser escravo ante as realidades em questão, do coração, do interior... — no ambiente no qual se comete pecados...
Por isto, os que diziam ter crido em Jesus não podiam ficar..., permanecer..., continuar..., ficar para sempre na Casa..., como os filhos ficam. Sim, não ficariam..., como de fato não ficaram, posto que não fossem filhos da Palavra da Vida, vindo a ser posteriormente chamados por Jesus de filhos do diabo... Sim, filhos da mentira, da impermanencia, do engano e da fantasia em fuga da verdade...
Assim, simplificadamente, o que Jesus está dizendo é que existe gente com espírito de escravidão, e que tais pessoas jamais se firmarão na verdade, e, por isto, jamais ficarão na Casa do Amor, na Tenda da Graça e da Verdade, pois, para tais pessoas, o desconforto da Verdade é equivalente ao mal-estar que um escravo sente ante o fato de que ele enxerga a cada ordem do seu senhor o quão escravo ele é...
Por isto o escravo quer fugir sempre...
Para ficar na casa do Pai a pessoa tem que se sentir e saber filha..., do contrario, a Casa/Palavra de Jesus se torna insuportável...
Não adianta... Sem a confiança no amor do Pai e sem a confiança de ser filho..., nenhum homem se emancipa pela religião a fim de se sentir filho, se ainda é escravo...; e, por isto, pelo espírito de escravidão ao pecado..., jamais se sentirá à vontade ante na Morada da Verdade e da Graça... Daí o escravo não ficar para sempre, não permanecer na Palavra; sendo que o filho fica para sempre...
Faça o melhor proveito para a sua vida!

Nele, que não gera escravos, mas filhos do amor permanente,
Caio

www.caiofabio.com