segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

ESPERAR EM DEUS


"Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor" (Sl. 40.1).

No Salmo 40, Davi louva a Deus pela oração respondida. Ele havia esperado com paciência e o Senhor atendera ao seu pedido de socorro e livramento. Havia passado por muitas lutas, dor, sofrimento, angústias e enfrentado muitos “gigantes” em sua vida. Deus estava aperfeiçoando-o para que o Seu propósito pudesse ser cumprido. Davi havia feito a vontade de Deus para sua vida. Somente depois disso, ele tornou-se efetivamente Rei de Israel.
Nós devemos aprender com Davi.
Temos vivido ansiosos, apreensivos, sem paz. Somos imediatistas. A pressa e a necessidade de soluções rápidas para os problemas e angústias tem sido motivos para não esperarmos em Deus. Também nos julgamos auto-suficientes. Achamos que podemos resolver as dificuldades através de nossa própria capacidade e não confiamos no Senhor.
Na Bíblia, encontramos instruções a respeito de nossos anseios. Paulo diz que não devemos andar ansiosos por coisa alguma, mas entregar a Deus os nossos pedidos e aflições. Logo adiante, Pedro nos exorta a lançar sobre Deus toda a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós.
Devemos seguir os ensinamentos da Palavra de Deus e fazer como Davi: apresentar os nossos problemas ao Senhor e aguardar Sua resposta. Fazendo a Sua vontade, Ele nos concederá o melhor que podemos ter e contemplaremos a Sua ação em nós. E o melhor de Deus é muito superior ao que imaginamos ou esperamos, pois Ele conhece tanto o nosso sofrimento como a intenção do nosso desejo. Isto também significa que quando decidimos não confiar no Senhor e usamos os nossos próprios recursos, corremos o risco de ter nenhuma ou apenas uma pequena porção daquilo que Ele nos ofereceria. E mais, o caminho de volta pode ser penoso e custar muito caro.
Esperar em Deus significa abdicar de nossa própria vontade e deixar que Ele venha agir por nós. É reconhecer nossas limitações e a grandeza do poder de Deus em nossas vidas.
Os que esperam realmente no Senhor com paciência encontrarão segurança e paz para viverem enquanto aguardam. Serão restaurados e aperfeiçoados através da comunhão com Deus. A confiança no Senhor será fortalecida e eles contemplarão a Sua fidelidade.
Esperar em Deus significa renúncia, coragem e determinação.
Esperar em Deus não é para os fracos, mas para os fortes em Cristo Jesus.
Esperemos como Davi, pacientemente, confiando que, "no tempo certo, Deus fará o melhor”.

Rosane Itaborai Moreira

sábado, 14 de fevereiro de 2009

LIVRES EM CRISTO




“Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos.” Martinho Lutero




Um grande anseio do ser humano é ser livre.
Muitos consideram que a liberdade é conquistada quando se pode fazer tudo o que se quer, até mesmo transgredir regras sociais, morais e legais. É essa falsa liberdade que acaba enredando-os numa sociedade ditadora e consumista, pois a procuram através do sexo, compras, baladas, drogas, etc... Pensam que estão exercendo a tão almejada liberdade, mas não sabem o quanto seus sentimentos, suas mentes e seus desejos estão enclausurados e prisioneiros desse sistema maligno que atua na coletividade, transformando o mal em bem, e até mesmo, em necessário. Desconhecem ou não aceitam a herança de Deus, pois “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl. 1.13).
A ação maligna acontece exatamente como no Éden, através do desejo e tentação. Gn. 3.6 narra a queda do homem: “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu”. Adão e Eva exerceram o livre-arbítrio segundo os seus prazeres, ficando sujeitos à morte e ao pecado e, com eles, toda a humanidade. É esse o destino dos ímpios, a condenação.
Outros consideram a liberdade apenas no futuro, quando serão recompensados por suas renúncias. São aprisionados por leis e regras de instituições humanas. Com a roupagem de "moral cristã", em muitas igrejas evangélicas, o que acontece é o cerceamento da liberdade através do legalismo, da imposição de normas que vão além da Bíblia, que torna o homem refém de todo um sistema religioso falsificado. Assim era na época de Jesus, quando os fariseus foram chamados por Ele de "sepulcros caiados" e acusados de "coarem mosquitos e engolirem camelos", tamanha era a falsidade e a incoerência do Judaísmo.
O legalismo também é um engodo maligno, pois maquiam a verdade e impede os questionamentos individuais. Nada mais absurdo do que um homem dizendo a outro o que se deve fazer, vestir, comer, ler, ouvir... É dessa forma que tais igrejas manipulam seus membros, tirando-lhes o livre-arbítrio e deixando-lhes de ensinar a conquista de Jesus.
Não se pode permitir que o aprisionamento da religião predomine sobre a liberdade em Cristo, pois, conforme Paulo “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permaneceis, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl. 5.1). Ainda, em Rm. 14.13,14, ele é contundente: “Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura”. E ainda: “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova” (Rm. 14.22).
O homem que se deixa aprisionar é aquele que se sente incapaz de fazer escolhas livremente, sem a limitação de preceitos pré-estabelecidos, sejam eles mundanos ou religiosos.
Ser livre é uma grande bênção de Deus. Liberdade com consciência cristã nos leva a um caminho seguro. A Bíblia fala que a liberdade deve ser desempenhada conscientemente, e não pode ser usada para a prática do pecado (cf. Rm. 6.15). Os maduros na fé devem considerar os fracos e terem prudência e temor. Pode-se até ignorá-la circunstancialmente por amor aos irmãos e ao Evangelho de Cristo, mas nunca por imposição de homens.
A liberdade cristã só tem uma regra: a lei do amor. Do amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Sem amor nada pode ser exercido, nem mesmo as instruções bíblicas em relação à liberdade, pois sua observância só interessa se o amor estiver presente para legitimá-la. "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede antes servos uns dos outros pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Gl 5. 13,14). Para Jesus, não há lei sem amor, pois isso se resumiria em aparência e legalismo.
Somente em Cristo encontramos a tão desejada liberdade. "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo. 8.36). E essa liberdade não é como a do mundo, efêmera e pecaminosa, nem como o legalismo religioso, enganoso e condenatório. A liberdade através de Jesus, ao contrário, é legítima, responsável e permanente. Ele libertou-nos da morte, do pecado, da condenação. Concedeu-nos vida e vida em abundância. A nós cabe entender a grandeza dessa conquista e exercê-la com consciência e amor.

Rosane Itaborai Moreira

domingo, 8 de fevereiro de 2009

ARTIGO DE ED RENÉ KIVITZ


Achei muito interessante o estudo do Pastor Ed René Kivitz a respeito da autoridade da Igreja de Cristo conforme Mateus 16.13-19.



AS CHAVES DO REINO E O JUGO DE JESUS

Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.
(Mateus 13: 52-53)

O jugo dos rabinos
Jesus diz que há "rabinos" e "rabinos". O que distingue os rabinos é a experiência do reino de Deus. Os rabinos que são instruídos no reino dos céus têm em casa um tesouro contendo coisas velhas e coisas novas. As coisas velhas da tradição de Moisés, e as coisas novas do reino de Deus.
O rabino é essencialmente um intérprete da Lei de Moisés. Ele é responsável por responder a seguinte pergunta: Como colocar a Lei em prática? A espiritualidade judaica é de ação, e os rabinos interpretam a Lei para tentar discernir quais ações um seguidor da Lei deve realizar, e quais deve evitar.
Quando o rabino interpreta a Lei, ele está preocupado em permitir e proibir, em termos simples, dizer o que pode e o que não pode. Por exemplo, considerando que o sábado é dia de descanso, santificada para Deus, qual é a maior distância que se pode percorrer? Um rabino dirá "cinco quilômetros", outro dirá "cinco quilômetros, desde que não se leve nenhuma carga". Os rabinos dedicam suas vidas essencialmente a discutir o horizonte de possibilidades de práticas da Lei para a vida dos seguidores. Seu grande desejo é chegar o mais próximo possível da intenção original de Deus ao proferir um mandamento.
Os rabinos possuem diferentes regras, isto é, cada um tem sua lista de proibições e permissões, que registra a interpretação que o rabino tem da Lei, sua compreensão de como se deve viver a Torah. Essa lista é chamada de o jugo do rabino: cada rabino tem seu jugo, que seus discípulos devem aceitar e obedecer. Quando alguém segue um rabino então se diz que está sob o jugo do rabino.
Na tradição judaica os rabinos faziam perguntas aos seus discípulos a respeito da Lei. Por exemplo: O que é guardar o sábado? De acordo com a resposta, o rabino responderia: "Muito bem, você cumpriu a Lei". Caso a resposta não fosse aceita pela rabino ele diria ao seu discípulo "Você aboliu a Lei".
De vez em quando, aparecia um rabino que dizia ter uma outra interpretação da Lei. Então, todos os rabinos se reuniam para discutir se essa nova interpretação estava cumprindo ou abolindo a Lei. Para um rabino ter sua autoridade reconhecida, receber o direito de ter seu próprio jugo, deixar de ser discípulo sob o jugo de um rabino e ter seus próprios discípulos sobre quem colocará seu jugo, havia necessidade do testemunho de pelo menos dois outros rabinos. Os dois rabinos mais antigos diziam: "Cremos que este novo rabino tem autoridade para interpretar a Lei e que suas interpretações cumprem a Lei". Quando isso acontecia, o novo rabino recebia as chaves do reino, permissão para permitir e proibir, fazer sua própria lista de obrigações dos seus discípulos. Agora ele tinha autoridade para ligar e desligar.

O jugo de Jesus
É nesse contexto que entendemos as expressões de Jesus:
"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir".
Mateus 5.17
"Vocês ouviram o que foi dito... Mas eu lhes digo".
Mateus 5-7
"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve".
Mateus 11.28-30
"Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: "Quem os outros dizem que o Filho do homem é?" Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas". "E vocês?", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou?" Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Respondeu Jesus: "Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus".
Mateus 16.13-19
"Então, Jesus disse à multidão e aos seus discípulos: "Os mestres da lei e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés. Obedeçam-lhes e façam tudo o que eles lhes dizem. Mas não façam o que eles fazem, pois não praticam o que pregam. Eles atam fardos pesados (jugos pesados) e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los".
Mateus 23.1-4
As pessoas, e principalmente os escribas e mestres da Lei, começam a questionar a autoridade de Jesus: "Quem foi que autorizou você a ter discípulos? Quem deu a você autoridade para falar e fazer essas coisas?" (Mateus 21.23). Isso explica porque em seu batismo Jesus recebeu o testemunho de João Batista e também da voz do céu (Mateus 3.13-17) - duas testemunhas, duas fontes de autoridade.

O jugo dos discípulos de Jesus
Quando Jesus entrega as chaves do reino a Pedro, na verdade está entregando a chave nas mãos de sua igreja, sua ekklesia. A rocha sobre a qual a igreja está edificada não é Pedro, mas a confissão de Pedro a respeito da messianidade de Jesus, ou mesmo a própria messianidade de Jesus, ou ainda o próprio Jesus (1Pedro 2.4-8). Jesus estava dizendo aos seus discípulos: "Aqui estão as chaves do reino , o que vocês ligarem aqui será ligado no céu. A mesma autoridade que recebi, eu lhes dou. A mesma autoridade que eu tenho, a minha igreja tem".
A partir da confissão de Pedro e da admissão pública de Jesus a respeito de sua messianidade, surge um novo grupo de discípulos judeus na Palestina: pessoas que não estavam mais sob o jugo da Lei de Moisés, mas sim sob o jugo de Jesus.
À medida que o evangelho do Reino se espalhava, os judeus convertidos começaram a discutir os limites da Lei, isto é, de que maneira o jugo de Jesus era diferente do jugo de Moisés. Os apóstolos e anciãos da igreja se reuniram em Jerusalém e concluíram: "Por isso, julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue" (Atos 15). Naquele chamado Concílio de Jerusalém vemos claramente a comunidade de Jesus usando as chaves do reino, proibindo e permitindo, ligando e desligando.
Jesus reúne seus discípulos, coloca sobre ele o seu jugo, e em seguida lhes dá a chave do reino. Os apóstolos sabem que a chave do reino está em suas mãos, o que significa que eles também têm, autoridade para estabelecer um jugo aos gentios, e então, decidem colocar um jugo mais leve sobre todos.
Em Mateus 19, por exemplo, fala-se a respeito do divórcio. Jesus assume um posicionamento conservador, ao lado do rabino Shamai, em detrimento do rabino Hilel. Entre o jugo de Shamai e Hilel, Jesus ficou com o jugo de Shamai, que permitia o divórcio apenas em caso de perversão sexual (gr. pornéia). Mas em 1Coríntios 7, o apóstolo Paulo avança a discussão e amplia a possibilidade de divórcio: o abandono pelo descrente por motivo de fé. Este é um exemplo claro de como a igreja usou a chave do reino para proibir e permitir, ligar e desligar.
Esta é a base bíblica para afirmarmos que a igreja tem a prerrogativa que lhe foi conferida por Jesus de acompanhar a história, o contexto social e cultural, e dizer aos novos discípulos a que jugo devem se submeter no discipulado de Jesus.
Note bem que a prerrogativa para proibir e permitir, ligar e desligar, não está nas mãos de nenhuma pessoa em particular, mas da Igreja de Jesus. A autoridade é da igreja, e os pastores também estão sob o jugo da Igreja. Teologia é algo que se faz em comunidade, e mesmo as comunidades não devem permanecer isoladas, enclausuradas em seus horizontes estreitos, mas devem andar em comunhão com o corpo de Cristo espalhado no tempo e no espaço: em toda a história e todo lugar. Buscar o consenso da comunidade de Jesus é uma questão de segurança que visa a fidelidade a Jesus e à verdade revelada de Deus nas Escrituras Sagradas. O Espírito Santo nos guia a toda a verdade e nos convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16.7-15), o que significa que somente sob o Espírito Santo a comunidade é capaz de interpretar e atualizar o jugo de Jesus.
Cada cristão é responsável diante de Deus por avaliar seus mestres espirituais, discernir os falsos profetas, para que não se coloque sob jugo infiel (Mateus 7.15-23; Atos 17.11; 20.28-30; 2Coríntios 11.13,14; Filipenses 3.17-21; 1Timóteo 1.5-8; 2Timóteo 2.14; 3.1-9; 4.1-5).
Andar com Jesus, é andar debaixo de um fardo leve: "Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados" (1João 5.3). Isso implica viver em comunidade. Implica assumir o compromisso de ouvir o que a igreja tem a dizer e se submeter à voz do Espírito que fala na comunidade: "Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Apocalipse 2.7).

domingo, 1 de fevereiro de 2009

PELAS LENTES DE JESUS


Desde o Éden Deus fala à humanidade. Para isso, usou homens por Ele escolhidos. Hoje Ele nos fala através de Jesus, conforme diz o livro aos Hebreus: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos nossos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb. 1.1-2).
A Palavra de Deus deve ser lida através da compreensão de Cristo. Sabemos que é o Espírito Santo quem nos capacita, mas o principal tema das Escrituras é Jesus, para quem todo o Evangelho se converge. E cada um pode ler se tiver no coração fé e desprendimento para enxergar o que é lido. João diz aos cristãos em IJo.2.20: “E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento”.
Não creio que possa haver conversão ao Senhor sem entendimento e experiência pessoal com a Palavra de Deus. É por isso que nossas igrejas estão cheias de frequentadores e não de verdadeiros adoradores, pois não podemos adorar aquilo que não conhecemos.
Se a leitura não for feita pela ótica de Cristo podemos cair nos piores dos erros, que é nos tornarmos participantes daqueles que retiram da Palavra o que mais lhes convém no momento, servindo ao próprio ventre e enganando o coração dos desprevenidos. Seja no ensino bíblico fraudulento ou no legalismo, fazendo crer que a salvação depende do esforço do homem. Ou, pior ainda, na idolatria disfarçada e conveniente, com referëncias retiradas das Escrituras. Mas, muitas vezes a citação de versículos bíblicos não significa que seja a expressão da essência da Palavra de Deus, mesmo que “pareça” agradável, preenchedora das nossas necessidades ou até mesmo correta. É por isso que é da Bíblia que são extraídas quase todas as heresias.
O problema, no entanto, não é das Escrituras. É do oportunismo de muitos líderes que querem “se dar bem”, manipulando e explorando a fé alheia, e também dos próprios “crentes”, que são preguiçosos em relação à leitura e ao estudo da Bíblia. Não buscam de Deus sabedoria e discernimento da Sua Palavra. Acham mais fácil compreendê-la a partir dos “mestres”, sejam eles professores, pastores ou discipuladores, do que através de Cristo.
Estes são importantes sim, ajudam-nos no aprendizado e conhecimento bíblico e crescimento espiritual. Mas existe um manancial inesgotável na Palavra de Deus que só se descobre pelo Espírito e através do entendimento de Jesus, que é o Verbo Encarnado. É como encontrar uma pérola no meio do oceano, uma fonte no deserto, um tesouro escondido. É ter um novo horizonte à sua frente antes encoberto pela ignorância e cegueira espirituais.
Lendo o Evangelho através de Jesus podemos entender a Graça, a Lei, a necessidade da obra redentora de Cristo na cruz e a de arrependimento do homem. Podemos entender as palavras duras e impactantes de Jesus aos mestres da lei e a Sua compaixão pelos necessitados e excluídos. Podemos entender que as Escrituras são muito mais do que um conjunto de regras a serem seguidas para não irmos para o inferno. E mais, entendemos que tudo, desde a criação até o final dos tempos, se resume nEle, “porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas" (Rm 11.36).
Cristo é o Fundamento, a Pedra Angular que alicerça a Palavra. Percebê-La pelas lentes de Jesus sem os “pré-conceitos” impostos a nós anteriormente é a única maneira de chegarmos ao pleno conhecimento da vontade de Deus para nossas vidas, em toda sabedoria e entendimento espiritual.
Esqueçamos, portanto, das coisas que para trás ficam e avancemos para as que diante estão, prosseguindo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (cf. Fp. 3.13,14).

Rosane Itaborai Moreira