quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

REFLEXÂO




Uma reflexão para iniciar o ano de 2009




EU SEI, MAS NÃO DEVIA - Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo de viagem. A comer sanduíche porque não dá pra almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus e até mesmo na direção do carro porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre crises e guerras. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer filas para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro para ter com o que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir as revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e a ver comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. A contaminação da água do mar. A lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Reflita, e tenha um ótimo 2009!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

RELIGIÃO, GRAÇA E LEI


A salvação do homem está freqüentemente relacionada à religião a que pertence ou a normas e condutas estabelecidas com este fim. Esta idéia é tão comum que acaba parecendo razoável e até correta. A Bíblia, em especial o Novo Testamento, mostra quão errônea é tal crença.
Em Rm. 1.32 está escrito que “...são passíveis de morte os que tais coisas praticam”, referindo-se a todos os que cobiçam, invejam, mentem, defraudam, vangloriam-se, desobedecem aos pais, etc. Isto atesta que, por si só, é impossível que o homem seja salvo, porque estas coisas, de alguma forma, são inevitáveis a ele.
Nem o merecimento por boas obras nem a moralidade são capazes de garantir ao homem a salvação. O cumprimento da Lei ou o simples julgamento de um fato como mau não livra ninguém da culpa. Antes, a Lei apenas revela o pecado, tornando o homem ainda mais culpado. Está escrito em Rm. 19-20: “...e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”.
A religião também não salva o homem. O maior exemplo disto são os próprios judeus. O fato de serem o povo escolhido por Deus, terem recebido a Lei e serem religiosos não lhes garantiu a impunidade. Se pecassem, eram culpados inevitavelmente.
Rm. 2.12 esclarece: “Assim, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão, e todos os que com lei pecaram mediante a lei serão julgados”.
Onde, então, encontrar a solução? A Bíblia mais uma vez revela: a única esperança para o homem pecador é Jesus Cristo. Ele é nosso Senhor e Salvador. Ela afirma que Deus providenciou a nossa justiça e salvação gratuitamente através da Sua morte e esta não pode ser comprada nem negociada porque é efetivada pela fé. Como está escrito: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou... nos deu vida juntamente com Cristo... Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef. 2.4,5,8,9).

Rosane Itaborai Moreira

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O VALOR DA ORAÇÃO


Um dos pilares da vida cristã é a oração. Muitas vezes, somos levados a pensar que a oração é a garantia que Deus nos atenderá e que ela determina a ação de Deus. Mas, com certeza, através dela, o Senhor quer nos proporcionar muitas outras experiências superiores e eternas.
A oração estabelece o nosso relacionamento com Deus. A Bíblia recomenda orar sem cessar, mostrando que Deus quer manter um contato permanente e individual com cada filho seu. Cada oração feita nos permite o aperfeiçoamento de nossa intimidade com o Senhor. Ela pode ser considerada como um termômetro de nossa maturidade espiritual.
A oração também expõe para Deus e para nós mesmos a intenção de nossos corações. O seu conteúdo vai sendo transformado à medida que amadurecemos. Deixamos de nos concentrar em nossas necessidades para dedicar-nos mais aos propósitos de Deus. Mais importante que os benefícios concedidos em resposta à oração passa a ser o nosso entendimento a respeito do Senhor.
A Bíblia afirma que não precisamos andar ansiosos por coisa alguma, mas apresentar a Deus nossos pedidos com ações de graças. Isso revela a importância da oração como remédio para nossas preocupações, pois seremos guardados mediante a paz de Deus. Realmente, a oração nos proporciona a paz verdadeira e convicção da soberania de Deus. A busca pelo Senhor nos leva a entregar a Ele nossos temores e necessidades e confiar nAquele que é nosso confidente e conhecedor do mais íntimo de nosso ser. Nossa vontade passa a ser fazer a vontade de Deus e aí, sim, pelo Espírito, oramos segundo o Seu perfeito querer. Nossas dificuldades são menos pesadas e podemos experimentar a paz que excede todo entendimento humano e que independe das circunstâncias.
Orar segundo a vontade de Deus é a garantia de que nossas orações serão atendidas. Mas, algumas vezes, o Pai, que nos conhece, permite que a nossa imaturidade não sobreponha-se à sinceridade de nossas intenções. Por isso, também podemos crer que o nosso relacionamento verdadeiro com Deus pode nos permitir “tocar nas suas vestes” e o nosso coração contrito pode “mover a mão de Deus”, pois a principal regra é que Ele é o Senhor e para Ele não há impossíveis.

Rosane Itaborai Moreira