sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ARTIGO DE ED RENÉ KIVITZ











TUDO TER, NADA POSSUIR

Paradoxo é uma figura de linguagem que apresenta uma aparente contradição, como por exemplo a famosa expressão “é dando que se recebe” ou a advertência de Jesus afirmando que “ganha a vida quem a perde por amor a ele”.
Reino de Deus é um conceito do cristianismo, semelhante a reino dos céus, e até mesmo céu. O reino de Deus pode ser o ambiente onde a vontade de Deus é feita na terra como no céu, ou também uma qualidade de relacionamento com Deus, onde aquele que participa do reino de Deus não vive mais para si mesmo mas para o próprio Deus, e, finalmente, o status de uma realidade, isto é, o reino de Deus está onde as coisas são exatamente do jeito como Deus quer que sejam.
Experimentar ou participar do reino de Deus, portanto, é viver para Deus e sob o cuidado de Deus, promovendo a vontade de Deus em todos os ambientes de nossa influência, de modo que a realidade vá se tornando cada vez mais como Deus quer que ela seja, até que toda a terra se encha do conhecimento da glória de Deus como as águas cobrem o mar.
Os paradoxos do reino de Deus são que quando passamos a viver para Deus, abrimos mão de tudo quanto temos e somos, e, em vez de ficarmos com nada, ficamos com tudo, pois quem está sob o cuidado de Deus, de nada tem falta, de modo que temos tudo, mas vivemos como se nada tivéssemos, pois quem vive para Deus não está apegado a nada, senão ao próprio Deus.
O discipulado de Jesus Cristo implica ter tudo em Deus, mas viver como se nada tivesse, desapegado de tudo, olhando para tudo que é seu como se seu não fosse, colocando tudo o que tem a serviço dos interesses de Deus, para que em todas as coisas a vontade de Deus prevaleça e o mundo se encaixe nos propósitos de Deus. Assim viviam os cristãos do primeiro século: “da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham”; “os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum... vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade”; “quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco”.
O discipulado de Jesus Cristo implica nada ter, mas viver como se tudo tivesse, andando em segurança, pois aquele que tem a Deus, de que mais necessita? Assim ensinam as Sagradas Escrituras: “O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta”; “Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração. Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá: ele deixará claro como a alvorada que você é justo, e como o sol do meio-dia que você é inocente. Descanse no Senhor e aguarde por ele com paciência; não se aborreça com o sucesso dos outros”; “Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam”; “Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Observem as aves do céu, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?”; “... Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus”.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A CRUZ E EU


A Bíblia declara que ser discípulo de Jesus é uma tarefa árdua e incompreendida pela maioria.
Para o mundo, o cristão é alguém estranho, provavelmente insatisfeito e instável e que está desperdiçando a vida. Para os próprios crentes, as exigências para o discipulado são consideradas tão altas que acabam priorizando o aspecto exterior, os chamados usos e costumes. Já para muitos líderes religiosos, tais cobranças passam a ser amenizadas para atrair mais seguidores ou para acalmar suas próprias consciências. Assim, poucos se entregam sem reservas a Deus, indo além da superficialidade religiosa.
Mas o Evangelho afirma o contrário e revela que Jesus requer entrega total de seus discípulos. Ele afirmou: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc. 9.23).
Isso significa que ser discípulo de Cristo não é simplesmente fazer parte de uma comunidade cristã e seguir certas regras.
É necessário um firme propósito – querer Cristo – e uma tomada de decisão – renunciar a si mesmo. Ou seja, negar seus desejos, autoconfiança, sabedoria, capacidade, justiça própria e reconhecer a total dependência do Senhor.
A auto-renúncia é fundamental para que a natureza de Jesus tome forma no cristão. Deve-se dizer como João Batista a respeito de Cristo: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo. 3.30).
É imperativo ainda tomar a cruz e seguir Jesus. É a cruz que distingue a vida do cristão – vida de obediência, de entrega e, se necessário, de sofrimento e vergonha por amor ao Senhor. Não é apenas um ato de fé, mas uma vivência na alma.
Tomar a cruz é ter uma vida rendida e dedicada a Deus. É uma decisão dolorosa, mas voluntária, fruto do coração que reconhece a necessidade da mortificação do próprio eu para uma nova vida em Cristo.
W. Chantry diz com firmeza: “A morte na cruz pode ser muito lenta, mas a cruz tem um objetivo – tenciona trazer, de modo cruel, o “eu” à morte”. A cada dia, o cristão tem sua vontade e sua vida submetidas a Deus, que o aperfeiçoa conforme a imagem do Seu Filho Jesus.
Muitos ensinam o tomar a cruz como etapa secundária para uma maior espiritualidade, como se não fosse exigido do simples crente. Puro engano dos que querem baratear o Evangelho. A necessidade da cruz é para todos, independente de idade, tempo de conversão, ministério, condição sócio-financeira – todos precisam mortificar o ego na caminhada cristã.
Não se vive para Jesus sem morrer para o mundo. Não se pode tê-lo como Senhor e querer agradar a si mesmo. Ele mesmo disse: “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mt. 16.25).
Tozer afirmou que Jesus tem que proporcionar em nós o morrer. Paulo declara “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”; e, depois, “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl. 2.20a; 5.24).
O chamado de Cristo é definitivo e preciso – para uma caminhada consciente, voluntária e constante, onde o cristão toma sua cruz para que a cruz esmague o seu ego, permitindo a Deus imprimir-lhe o caráter de Jesus, “para que haja o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” (Fp 2. 5-8)

Rosane Itaborai Moreira

sábado, 3 de outubro de 2009

A SI MESMO SE HUMILHOU - C. H. SPURGEON










"E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz." (Fp. 2.8)
Coloque-se ao pé da cruz e conte as gotas de sangue por meio das quais você foi purificado. Veja a coroa de espinhos e os ombros de nosso Senhor ainda feridos e jorrando o fluxo vermelho de seu sangue. Contemple as mãos e os pés de nosso Senhor cravados pelo ferro áspero, bem como todo o seu Ser desprezado e escarnecido. Veja a angústia, o sofrimento e as dores intensas da agonia íntima do Senhor revelando-se em sua aparência exterior. Ouça o deprimente clamor: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46) Se você não está humilhado na presença de Jesus, ainda não O conhece. Você estava tão perdido, que nada poderia salvá-lo, exceto o sacrifício do unigênito Filho de Deus. Visto que Jesus se humilhou por causa de você, prostre-se em humildade aos pés dEle. Uma compreensão do admirável amor de Cristo possui mais tendência de humilhar-nos do que a compreensão de nossa própria culpa. O orgulho não pode subsistir debaixo da cruz. Assentemo-nos ali e aprendamos nossa lição. Depois, levantemo-nos e a coloquemos em prática.