quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A CRUZ E EU


A Bíblia declara que ser discípulo de Jesus é uma tarefa árdua e incompreendida pela maioria.
Para o mundo, o cristão é alguém estranho, provavelmente insatisfeito e instável e que está desperdiçando a vida. Para os próprios crentes, as exigências para o discipulado são consideradas tão altas que acabam priorizando o aspecto exterior, os chamados usos e costumes. Já para muitos líderes religiosos, tais cobranças passam a ser amenizadas para atrair mais seguidores ou para acalmar suas próprias consciências. Assim, poucos se entregam sem reservas a Deus, indo além da superficialidade religiosa.
Mas o Evangelho afirma o contrário e revela que Jesus requer entrega total de seus discípulos. Ele afirmou: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc. 9.23).
Isso significa que ser discípulo de Cristo não é simplesmente fazer parte de uma comunidade cristã e seguir certas regras.
É necessário um firme propósito – querer Cristo – e uma tomada de decisão – renunciar a si mesmo. Ou seja, negar seus desejos, autoconfiança, sabedoria, capacidade, justiça própria e reconhecer a total dependência do Senhor.
A auto-renúncia é fundamental para que a natureza de Jesus tome forma no cristão. Deve-se dizer como João Batista a respeito de Cristo: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo. 3.30).
É imperativo ainda tomar a cruz e seguir Jesus. É a cruz que distingue a vida do cristão – vida de obediência, de entrega e, se necessário, de sofrimento e vergonha por amor ao Senhor. Não é apenas um ato de fé, mas uma vivência na alma.
Tomar a cruz é ter uma vida rendida e dedicada a Deus. É uma decisão dolorosa, mas voluntária, fruto do coração que reconhece a necessidade da mortificação do próprio eu para uma nova vida em Cristo.
W. Chantry diz com firmeza: “A morte na cruz pode ser muito lenta, mas a cruz tem um objetivo – tenciona trazer, de modo cruel, o “eu” à morte”. A cada dia, o cristão tem sua vontade e sua vida submetidas a Deus, que o aperfeiçoa conforme a imagem do Seu Filho Jesus.
Muitos ensinam o tomar a cruz como etapa secundária para uma maior espiritualidade, como se não fosse exigido do simples crente. Puro engano dos que querem baratear o Evangelho. A necessidade da cruz é para todos, independente de idade, tempo de conversão, ministério, condição sócio-financeira – todos precisam mortificar o ego na caminhada cristã.
Não se vive para Jesus sem morrer para o mundo. Não se pode tê-lo como Senhor e querer agradar a si mesmo. Ele mesmo disse: “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mt. 16.25).
Tozer afirmou que Jesus tem que proporcionar em nós o morrer. Paulo declara “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”; e, depois, “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl. 2.20a; 5.24).
O chamado de Cristo é definitivo e preciso – para uma caminhada consciente, voluntária e constante, onde o cristão toma sua cruz para que a cruz esmague o seu ego, permitindo a Deus imprimir-lhe o caráter de Jesus, “para que haja o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” (Fp 2. 5-8)

Rosane Itaborai Moreira

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