sábado, 26 de dezembro de 2009

SONHAR, PLANEJAR E REALIZAR


O início de um ano traz consigo muitos sonhos e promessas para o futuro.
É um marco para um novo momento da vida. Por isso, os projetos e planos são refeitos e revistos. Promessas como ler mais a Bíblia, orar com freqüência, ser voluntário em uma instituição, entrar na academia, aprender uma nova língua ou instrumento, visitar familiares distantes, abrir um negócio, entre outras, enchem as agendas e os coraçôes.
Todos desejam mudanças, mas poucos são os que chegarão ao fim de 2010 com seus objetivos cumpridos. Os projetos ficam no meio do caminho porque falta planejamento.
O planejamento é uma orientação divina. Jesus, no Evangelho de Lucas, ensina isso em uma parábola: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.” (Lc. 14:28-30).. Há um ditado popular que diz: ‘Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde vai.’
O planejamento é importante em todas as áreas da vida. Alguns objetivos demoram mais a serem alcançados e necessitam de mais tempo e adequações. Outros, só dependem de uma simples determinação. Decidir e perseverar. Ao se decidir orar todos os dias pela manhã, é preciso planejar acordar alguns minutos antes, senão não vai funcionar. Já a compra de um carro ou imóvel pode depender de guardar dinheiro, ou vender outro bem, aplicar e esperar o melhor momento.
Deve-se aprender a ser firme e determinado e, ao mesmo tempo, perspicaz e flexível para não se tornar escravo dos próprios planos. De tempos em tempos, é bom avaliar como tem desenvolvido o planejamento inicial e, se preciso, mudar as estratégias para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira.
O principal, antes até mesmo do planejamento, é colocar nossos propósitos e anseios diante de Deus. Como diz Tiago, já que não sabemos o que nos sucederá amanhã, ao fazermos nossos projetos devemos ter a humildade de declarar nossa total dependência de Deus e dizer: “Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo” (Tg. 7.15).
Que Deus nos abençoe e nos conduza na realização de nossos sonhos em 2010!

Rosane Itaborai Moreira

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ATRAVÉS DO AMOR


Muitos de nós passam a vida tentando ter razão. Buscam, por meio da coerência e da justiça, reclamar suas prerrogativas, fazer análises e julgamentos e até mesmo auto-criticas. São tão corretos e severos que ninguém ousa confrontá-los.
Outros vivem sem se expor, sem esboçar sua opinião. Preferem o anonimato. De tão prudentes que são jamais fazem inimizades e estão sempre buscando evitar situações conflitantes.
Com a maturidade, podemos perceber que, na verdade, passamos a vida olhando para o próprio umbigo. Cada um, dentro do seu jeito de ser, procura o modo mais confortável para viver os momentos de tensão e de conflitos, sejam eles em família, trabalho, igreja ou outra comunidade.
Muitas vezes, é preciso desaprovar e criticar uns para se sentir seguro na situação. Outras vezes, é necessário fazer alianças, buscar aprovação em algumas pessoas para manter seu lugar.
Muitos poderiam chamar de insegurança esse comportamento, mas infelizmente, o que podemos avaliar é que a sua base principal é o egoísmo. Segundo o dicionário, egoísmo é o hábito de uma pessoa colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona. Essa atitude exclui o amor.
A Bíblia é bem clara ao afirmar que nada permanece sem amor. Nada tem valor sem amor. Se nem um dom espiritual é assim por Deus considerado, imagine o que deve valer para Ele sem amor a nossa própria justiça, coerência, opinião. Até quando estamos defendendo o Evangelho, supondo estar fazendo em nome de Deus, se nossa motivação for ganhar a briga e não o irmão para Cristo, isso é repudiado pelo Senhor. Na verdade, estamos sendo orgulhosos e carnais.
Para Deus, o amor vale mais que a razão. O relacionamento precisa ser preservado, a discussão deve aguardar o momento de brandura.
Da mesma forma, aquele que não se envolve deixa de se relacionar. O erro não é aparente, não tem repercussão, mas é como o levita e o sacerdote, que já haviam feito a sua parte purificando-se no templo, e, agora, não iriam se comprometer. Teriam que refazer todo o ritual. Preferiram passar direto, serem indiferentes, omissos. Presumiram demonstrar amor a Deus negando compaixão ao homem.
Situações opostas, mas idênticas, mostrando que a nossa tendência não é fazer a vontade de Deus, mas a nossa. Não é fazer o correto, mas o confortável.
Mas, através do amor, podemos fazer diferente. Quando entendemos os nossos atos e as suas conseqüências, temos a possibilidade da mudança e de fazer diferença a nossa volta. Precisamos nos aperfeiçoar. Caminhar nos importando com aquele que caminha ao nosso lado. Seja ele irmão em Cristo ou não, todos precisam ver em nós o amor de Deus e sentir o bom perfume do Senhor. Afinal, somos sal na terra e luz no mundo. O Evangelho não pode ser só falado por nós, mas deve ser percebido e sentido em nós.
Podemos não mudar o mundo. Mas, faremos nossa vida melhor e também as daqueles que estão ao nosso redor. Atrairemos almas para Jesus. Testemunharemos restaurações, milagres, conversões genuínas.
E, ainda, contribuiremos para que haja mais festas no céu.

Rosane Itaborai Moreira

sábado, 5 de dezembro de 2009

A MENINA E O MAR - Pablo Massolar


Conta uma lenda que, muito antigamente, no tempo quando nem existia televisão ainda. Quando viajar era de trem e para poucos, e a vida era ganha com muita dificuldade. Era um tempo onde as crianças brincavam de jogar bola de gude nas calçadas de barro, empinar pipa e pique-pega. A vida passava tão lentamente que crescer durava uma eternidade. Telefone e farmácia se escrevia com "ph" e para ligar para uma pessoa, em outra cidade, era preciso pedir à telefonista, que se conhecia pelo nome, para completar a chamada.
Havia uma pequena menina que morava no interior, numa cidadezinha cujo nome, até hoje, nem consta nos mapas. Um lugar no meio do nada, longe de tudo, na verdade, chamar de "cidade" poderia ser considerado um exagero. Estava mais para um pedaço de estrada, com um pequeno conglomerado de casas humildes que eram utilizadas como armazéns, bares e uma pequena pousada para quem passava por ali de viagem. Mas tudo bem. Deixa como está! Vamos chamar de cidade assim mesmo.
Esta menina observava os viajantes chegarem à sua casa e falar sobre os lugares por onde passavam, contavam histórias da cidade grande, mas havia algo que sempre a deixou intrigada. Eles falavam de uma coisa chamada "mar". Para uma menina acostumada com a poeira da estrada de chão e a sequidão do sertão, onde água, quando tinha, só na torneira ou na bica. Tentar conceber a imagem de um lugar cheio de água que cobria todo o horizonte, até onde os olhos podiam alcançar, era um misto de curiosidade, incredulidade e temor.
Aos poucos, dentro daquele pequeno universo, a pequena menina foi crescendo. Um dia brincar de boneca já não era tão interessante e a vida naquele bucólico vilarejo ficava chata demais com o passar dos dias. Seu único desejo era poder sair daquele lugar para conhecer o tal do mar. Ela sempre ouviu falar sobre o barulho que ele fazia quando quebrava suas ondas nas rochas, de como conseguia engolir embarcações gigantescas e até mesmo o sol todos os dias. Ela ouvia histórias dos tesouros que o mar escondia e dos peixes que poderiam ser maiores do que a sua própria casa. A menina ficava curiosa, tentando imaginar como as pessoas conseguiam atravessar de um país para outro através das suas águas. Era uma imagem grande demais para sua pequena mente alcançar, mas mesmo assim ela se apaixonava cada vez mais por aquele sentimento. Chegava até sonhar com o que poderia ser o mar ou, pelo menos, com o que ela achava que seria o mar.
Seu aniversário de 15 anos se aproximava e ela pediu ao pai para não fazer festa. Queria uma viagem de presente. Naquela época, uma moça fazer 15 anos, era um acontecimento com porte de desfile de feriado nacional com honras militares. Mas ela estava disposta a abrir mão daquele momento tão esperado por sua família, para realizar o grande sonho de sua vida. Conhecer o mar.
O pai não teve outra escolha, a não ser cumprir o desejo da filha. Afinal eles nunca haviam viajado para tão longe juntos, e era justo realizar o único pedido da pequena filha que estava virando moça.
Viagem preparada, passagens compradas no guichê da estação de trem. Teve até bandinha para se despedir da menina no dia do seu aniversário. Era uma longa jornada até chegar no litoral, mas a menina nem prestava atenção nas paisagens que iam aparecendo na janela do trem.
— Pai, você já viu o mar?
Perguntava a menina, tentado tirar o máximo de informações do pai para construir sua própria imagem do mar. E ele tentava descrever como podia, hora rindo, hora impaciente com a quantidade de perguntas sobre o mar.
A viagem levaria uns dois dias, mas ela não se importava, valia o sacrifício para ter o sonho realizado.
Chegando o grande dia, já estavam se aproximando do litoral. A menina eufórica nem quis passar no hotel, foi primeiro para a praia. A primeira lágrima escorreu dos olhos dela. Era lindo o que via, nada do que ela imaginou era tão grande e estonteante como o que ela estava vendo e presenciando naquele momento.
— Pai, eu posso chegar perto dele?
Perguntou a menina, ao pai, sem conseguir segurar as lágrimas misturadas com o sorriso mais radiante que ele já tinha visto nela. Antes que ele respondesse, ela já corria pela areia da praia tirando os sapatos.
Ela só queria chegar perto o suficiente para descobrir se a água era tão salgada e gelada quanto falavam. Ela já começava a sentir a areia molhada na sola dos pés e de repente, a euforia se misturou com um medo que ela nunca havia sentido antes. Todas as histórias que ela já tinha ouvido sobre o mar, até então, começaram a vir à sua mente ao mesmo tempo. A violência do barulho das ondas quebrando na areia a segurou por um momento até que, calmamente, a sobra de água de uma onda avançou pela areia e cobriu seus pés lentamente. Ela levou um susto, quis fugir, mas aqueles poucos segundos se eternizaram e a paralisaram enquanto a água escorria novamente para o mar fazendo cócegas na sola dos pés da menina.
O medo aos poucos se transformou em confiança e a menina tentou chegar mais perto do mar e o mar também se aproximava dela com ondas cada vez mais fortes. Ela teria que escolher entre não provar o mar ou molhar o único vestido que tinha ganho de aniversário. Até que, sem esperar, de repente, uma grande onda a cobriu e a molhou por completo. Pronto, já não havia mais o que escolher, a surpresa da onda a fez se entregar por definitivo àquela nova experiência.
A menina finalmente encontrou o mar e o mar a encontrou também.
Em nossas vidas também é assim: Nos relacionamos com Deus da mesma forma que esta menina se relacionava com o mar. Vivemos na sequidão e expectativa de encontrar um Deus que, às vezes, só conhecemos de ouvir falar. Ouvimos o testemunho de terceiros sobre suas experiências com a regeneração, cura e perdão experimentados em Deus. Nada do que imaginamos pode chegar perto do que Ele realmente é e significa mas, muitas vezes, quando temos a oportunidade de prová-lo e conhecê-lo de fato, temos medo de molhar nossa aparência. Perdemos, então, a oportunidade de vivenciar este poder de Deus em nossas vidas. Para experimentá-Lo precisamos nos envolver profundamente.
Conhecer Deus por inteiro é a maior experiência que alguém pode desejar e alcançar em toda a sua vida. Nada se compara ao seu poder e glória, nenhum oceano consegue ser maior ou mais profundo que o amor e perdão nEle encontrados para cada um de nós.
Buscá-lo, pode ser uma longa jornada, mas quando nos encontramos com a plenitude de Sua Glória não conseguimos deixar de tocá-lo ou ser tocados por Ele. Quando encontramos Deus, ao mesmo tempo somos achados por Ele. Algumas vezes somos pegos de surpresa por Deus e depois disto não há mais como voltar atrás.
Um dia, até mesmo o mar se rendeu à Palavra Viva de seu Criador. Quem tem poder para criar e dar ordens ao mar, tem poder para trazer abundância de água a qualquer deserto. Mais que o mar, quem o criou deseja transformar a sequidão do pecado e da morte em abundância de água viva de graça e misericórdia. Permita, hoje, que a onda do amor de Deus inunde sua alma e lhe traga vida.

Pablo Massolar

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

LENDAS JUDAICAS - A MULHER


Quando abriu seus olhos pela primeira vez e contemplou o mundo ao seu redor, Adão irrompeu em louvor a Deus: – Quão grandes são tuas obras, Senhor!
Porém sua admiração pelo mundo ao seu redor não excedeu a admiração que todas as coisas criadas dispensaram a Adão. Elas tomaram-no por seu criador, e vieram prestar-lhe adoração. Ele porém disse: – Por que vocês vêem adorar a mim? Não, eu e vocês juntos reconheceremos a majestade e o poder daquele que nos criou a todos. “O Senhor reina” – declarou ele, – “e está revestido de majestade!”
Não apenas as criaturas da terra: até mesmo os anjos chegaram a pensar que Adão fosse senhor de todos, e eles estavam prestes a saudá-lo com o “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos” quando Deus fez com Adão caísse no sono; os anjos souberam então que ele não passava de um ser humano.
O propósito do sono que recaiu sobre Adão era dar a ele uma esposa, para que a raça humana pudesse se desenvolver e todas as criaturas reconhecessem a diferença entre Deus e o homem. Quando ouviu o que Deus estava decidido a fazer, a terra começou a tremer e sacudir.
– Não tenho forças – ela disse – para prover comida para multidão dos descendentes de Adão.
Por essa razão o tempo foi dividido entre Deus e a terra: Deus ficou com a noite, a terra com o dia. O sono reconfortante sustenta e fortalece o homem, proporciona-lhe vida e descanso, enquanto a terra produz fruto com a ajuda de Deus, que a rega. Ainda assim o homem tem de trabalhar a terra a fim de ganhar o seu sustento.
A decisão divina de conceder uma companheira a Adão veio ao encontro dos anseios do homem, que havia sido tomado por uma sensação de isolamento quando os animais vieram até ele em pares para receberem seus nomes.

Apesar de todo cuidado empregado, a mulher apresenta todas as falhas que Deus procurou evitar.

A fim de banir sua solidão, a primeira mulher dada como esposa a Adão foi Lilith. Como ele, Lilith foi criada do pó da terra; ela porém permaneceu com ele por um intervalo muito curto, porque insistia em desfrutar de igualdade completa com seu marido. Ela justificava seus direitos a partir de sua origem comum. Com a ajuda do Nome Inefável, que ela proferiu, Lilith fugiu de Adão e desapareceu em pleno ar. Adão veio reclamar diante de Deus que a mulher que ele lhe havia dado o havia abandonado, e Deus enviou três anjos para capturá-la. Esses foram encontrá-la no Mar Vermelho, e tentaram fazê-la voltar com a ameaça de que caso não fosse ela perderia diariamente cem de seus filhos-demônios. Lilith, no entanto, preferiu essa punição a viver com Adão. Ela se vinga ferindo crianças-de-colo – os meninos durante sua primeira noite de vida, sendo que as meninas estão expostas a seus desígnios perversos até os vinte anos de idade. O único modo de afastar o mal é colocando nas crianças um amuleto que traz os nomes de seus três anjos captores, pois esse foi o acordo feito entre eles.
A mulher destinada a ser a verdadeira companheira do homem foi tomada do corpo de Adão, pois “apenas quando semelhante é unido a semelhante a união é indissolúvel”. A criação da mulher a partir do homem foi possível porque Adão tinha originalmente duas faces, que foram separadas com o nascimento de Eva.
Quando estava a ponto de criar Eva, Deus disse: – Não farei a mulher a partir da cabeça do homem, para que ela não ande de cabeça empinada em orgulho e arrogância; não a farei a partir do olho, para que seus olhos não sejam licenciosos; não a partir do ouvido, para que ela não fique ouvindo conversa alheia; não a partir do pescoço, para que ela não seja insolente; não a partir da boca, para que ela não seja tagarela; não a partir do coração, para que ela não seja inclinada à inveja; não a partir da mão, para que ela não seja intrometida; não a partir do pé, para que ela não seja vagabunda. Irei formá-la a partir de uma parte casta do corpo.
A cada membro e órgão que formava, Deus ia dizendo: – Seja casto! Seja casto!
Entretanto, apesar de todo cuidado empregado, a mulher apresenta todas as falhas que Deus tentou evitar. As filhas de Sião foram arrogantes e andaram com pescoços empinados e olhos licenciosos; Sara ouviu a conversa alheia em sua própria tenda, quando o anjo falava com Abraão; Miriam foi mexeriqueira, acusando Moisés; Raquel teve inveja de sua irmã Léia; Eva colocou suas mãos sobre o fruto proibido, e Diná foi vagabunda.
A constituição física da mulher é muito mais complicada do que a do homem, já que deve servir para a concepção; semelhantemente, a inteligência da mulher amadurece mais cedo do que a inteligência do homem. Muitas das diferenças físicas e psíquicas entre os dois sexos podem ser atribuídas ao fato de que o homem foi formado da terra e a mulher do osso. Mulheres precisam de perfumes, homens não: a poeira do chão permanece inalterada não importa por quanto tempo seja guardada; a carne, no entanto, requer sal para ser mantida em boas condições. A voz da mulher é estridente, a voz do homem não: quando alguma carne macia é cozida, nenhum sol é ouvido, mas basta colocar um osso na panela e ele racha de imediato. O homem é fácil de aplacar, a mulher não: umas poucas gotas d’água bastam para amolecer um torrão de terra, já um osso permanece duro, mesmo que mergulhado em água por dias. O homem deve pedir à mulher para ser sua esposa, e não a mulher o homem para ser seu marido, porque foi o homem que teve de arcar com a perda de sua costela; ele dá a investida no intento de cobrir o seu prejuízo.
As próprias de diferenças de modo de vestir e conduta social têm suas razões na origem do homem e da mulher. A mulher cobre o cabelo em memória do fato de ter sido Eva quem trouxe o pecado ao mundo; ela tenta dessa forma esconder a sua vergonha. Os mandamentos religiosos endereçados apenas às mulheres remetem à história de Eva. Adão era a oferta alçada do mundo, e Eva a maculou; como forma de expiação é ordenado às mulheres que separem uma oferta alçada da massa de farinha. E, por ter sido a mulher quem apagou a luz da alma do homem, a ela é ordenado que acenda a lâmpada do Shabat.

O mundo está fundamentado em serviços de amizade.

Adão foi levado a cair num sono profundo antes que a costela para Eva fosse retirada do seu lado. Isso porque se ele tivesse observado a sua criação ela não teria despertado amor nele. Até hoje permanece verdade que os homens não são capazes de apreciar os charmes de mulheres que observaram e conheceram desde a infância. De fato, Deus havia criado uma mulher para Adão antes de Eva, mas ele a rejeitou, porque ela havia sido feita na frente dele. Conhecendo todos os detalhes de sua formação ele sentiu repulsa por ela.
Porém quando despertou de seu sono profundo e viu Eva diante dele em toda sua surpreendente beleza e graça, ele exclamou:
– Esta é aquela que levava meu coração a palpitar por inúmeras noites!
Ele porém logo discerniu qual era a verdadeira natureza da mulher. Ela, sabia ele, lograria convencer o homem fosse através de súplicas ou lágrimas, elogios ou carícias. Ele por isso disse:
– Esse é o meu sino que nunca pára de tocar!
O casamento do primeiro casal foi celebrado com pompa jamais repetida no curso de toda história. O próprio Deus, antes de apresentá-la a Adão, vestiu e adornou a Eva como noiva. Sim, ele interpelou os anjos, dizendo:
– Venham, prestemos serviços de amizade por Adão e sua companheira, pois o mundo está fundamentado em serviços de cordialidade, e esses me são mais agradáveis aos olhos do que os sacrifícios que Israel irá oferecer sobre o altar.
Assim sendo, os anjos cercaram o pálio matrimonial e Deus proferiu as bençãos sobre o casal, da mesma forma que o Hazan faz sob o Huppah. Os anjos dançaram e tocaram instrumentos musicais diante de Adão e Eva em suas dez câmaras matrimoniais feitas de ouro, pérolas e pedras preciosas, que Deus havia preparado para eles.
Adão deu a sua mulher o nome de Ishah e passou a chamar a si mesmo de Ish, abandonando o nome Adão, que ele usara antes da criação de Eva. Isso porque Deus acrescentara seu próprio nome Yah aos nomes do homem e da mulher – a letra Yoide a Ish e a letra He a Ishah, – para indicar que enquanto andassem nos caminhos de Deus e observassem os seus mandamentos, seu nome lhes seria um escudo contra todo mal. Porém se se desviassem seu nome seria retirado, e ao invés de Ish restaria Esh, o fogo, um fogo brotando de cada um e consumindo o outro.

Lendas dos Judeus - compilação de lendas judaicas pelo talmudista Louis Ginzberg.
www.baciadasalmas.com

terça-feira, 10 de novembro de 2009

ARTIGO DE JOSÉ BARBOSA JÚNIOR










QUEM É APAIXONADO, MARCHA; QUEM AMA, CAMINHA

Há tempos pretendia escrever sobre a tal “Marcha Para Jesus”. Na verdade, desde o ano passado, mas acabei perdendo o “tempo”, a marcha se foi... e esse ano voltou, como todo ano volta. E cá estou eu, finalmente escrevendo sobre o “grande evento gospel” do Brasil (sei que a marcha acontece em outros países, mas quero falar de nós, brasileiros).
Fiquei pensando nas grandes mudanças ocorridas nesse intervalo de um ano entre uma marcha e outra. Sim, a “Marcha Para Jesus” é um “ato profético”. Pelo menos foi o que ouvi de um auto-denominado “apóstolo”, marido da “bispa” que é um dos promoters da grande manifestação gospel de nossa igreja genuinamente brasileira. Deve ter mudado alguma coisa, ou então essa profecia é meio estranha. Pelo tempo que a marcha acontece (13 anos) alguma coisa deve ter mudado, e para melhor. Ou não mudou?
O ato profético ao qual a marcha se agarra é o de que “todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado...” (Josué 1.3). Pelo menos isto foi o que ouvi do tal “apóstolo” num debate em uma rádio gospel.
A Marcha Para Jesus é o ponto de encontro dessa geração apaixonada. Vi na Tv a empolgação da grande massa que dançava freneticamente ao som eletrizante dos trios que me fizeram lembrar os trios da Bahia em época de carnaval. Muita dança, muita festa, pouco conteúdo! O grande problema é que gente apaixonada marcha, grita, canta e dança... mas só ENQUANTO está apaixonada. Mas fica a pergunta: e quando a paixão acabar? Sim, paixão é coisa que acaba um dia. Por mais que digam o contrário.
Sinceramente não tenho nada CONTRA a Marcha Para Jesus. Só a considero infantil. Coisa de criança. E em São Paulo toma ares de disputa com a Parada do Orgulho Gay. Quem tem a maior multidão? Quem consegue levar mais gente pra dançar atrás do trio? E aí, segundo a lógica dos organizadores se a MPJ tiver mais gente, é sinal que o nosso exército é maior que o do inimigo. Ô turma pra gostar de números... não é à toa que nossas estatísticas evangélicas costumam ser mentirosas. Mentimos vergonhosamente nos números de membros de nossas igrejas.
Voltando ao “ato profético”. O que a marcha profetizava? O que ela simbolizava? O domínio do território onde os pés “santos” pisaram? Não creio, pois menos de uma semana depois os homossexuais conseguiram colocar mais gente em sua “Parada do Orgulho(?) Gay”. Significava o senhorio de Cristo sobre o Brasil? Sinceramente não creio nesse senhorio “abracadabra”, onde bastam as palavras mágicas (aqui no caso o chavão “O Brasil é do Senhor Jesus”) e num passe de mágica o Brasil inteiro se converteria... bobagem... infantilidade... coisas de gente sem profundidade.
Richard Foster começa seu livro “Celebração da Disciplina” com uma frase que me marca até hoje: “A superficialidade é a maldição do nosso tempo”. Concordo plenamente com ele. E eu iria mais longe. Pior do que a superficialidade é a celebração dessa superficialidade. O povo comemora o fato de não ter profundidade. Essa pra mim é a maior mensagem da Marcha Para Jesus: a celebração da superficialidade evangélica brasileira. É a “rave” dos apaixonados extravagantes, ou como diria Karl Marx, o “ópio do povo”.
Mas em contrapartida ao viver raso dos apaixonados está o amor. Amor é coisa pra gente grande com alma de criança (a pureza que Cristo vê nas crianças, não a superficialidade dos infantis). Paulo parece entender isso quando em sua majestosa poesia sobre o amor, em 1 Coríntios 13: “Quando eu era menino, falava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.” O contexto é o amor. O amor nos torna gente grande, sem perder a doçura de criança.
Quem é apaixonado, marcha, grita, pula, dança... mas quem ama caminha, com vigor e serenidade, com força e sabendo ser fraco, com entusiasmo e ponderação. O amor se constrói no caminho... e não tem fim.
Quem ama não precisa marchar um dia, porque em todos os dias toma a sua cruz e segue aquele que o amou primeiro. Quem ama não precisa gritar que Jesus é Senhor do Brasil porque todos os dias fala do amor de Deus de forma tranqüila, para que, ao converterem-se as pessoas, o Brasil venha realmente a ser uma nação santa. Quem ama não precisa pular tanto porque sabe que pular muito “cansa as pernas” e difere muito de um caminhar sadio, onde as “juntas” são muito melhor aproveitadas.
Enfim, quem ama sabe que não há “ato profético” nenhum se não houverem profetas verdadeiros que estejam dispostos a, em suas atitudes, denunciarem o distanciamento do povo de Deus e anunciarem de verdade as boas-novas. Então serão, não “atos proféticos” sem eficácia alguma, mas “atos dos profetas”, que por sua vida e verdade no que dizem e vivem desafiarão o povo ao maior privilégio que poderiam ter: caminhar com Jesus. E essa “Caminhada COM Jesus” só terminará na glória, quando ele, justo juiz, vier buscar os que com ele caminharam.
Quando eu era menino, marchava como menino, pulava como menino, gritava como menino, fazia coreografias como menino, mas agora que me tornei homem, descobri o quão gostoso é caminhar, em amor, com aquele que me chamou para caminhar com Ele.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ARTIGO DE ED RENÉ KIVITZ











TUDO TER, NADA POSSUIR

Paradoxo é uma figura de linguagem que apresenta uma aparente contradição, como por exemplo a famosa expressão “é dando que se recebe” ou a advertência de Jesus afirmando que “ganha a vida quem a perde por amor a ele”.
Reino de Deus é um conceito do cristianismo, semelhante a reino dos céus, e até mesmo céu. O reino de Deus pode ser o ambiente onde a vontade de Deus é feita na terra como no céu, ou também uma qualidade de relacionamento com Deus, onde aquele que participa do reino de Deus não vive mais para si mesmo mas para o próprio Deus, e, finalmente, o status de uma realidade, isto é, o reino de Deus está onde as coisas são exatamente do jeito como Deus quer que sejam.
Experimentar ou participar do reino de Deus, portanto, é viver para Deus e sob o cuidado de Deus, promovendo a vontade de Deus em todos os ambientes de nossa influência, de modo que a realidade vá se tornando cada vez mais como Deus quer que ela seja, até que toda a terra se encha do conhecimento da glória de Deus como as águas cobrem o mar.
Os paradoxos do reino de Deus são que quando passamos a viver para Deus, abrimos mão de tudo quanto temos e somos, e, em vez de ficarmos com nada, ficamos com tudo, pois quem está sob o cuidado de Deus, de nada tem falta, de modo que temos tudo, mas vivemos como se nada tivéssemos, pois quem vive para Deus não está apegado a nada, senão ao próprio Deus.
O discipulado de Jesus Cristo implica ter tudo em Deus, mas viver como se nada tivesse, desapegado de tudo, olhando para tudo que é seu como se seu não fosse, colocando tudo o que tem a serviço dos interesses de Deus, para que em todas as coisas a vontade de Deus prevaleça e o mundo se encaixe nos propósitos de Deus. Assim viviam os cristãos do primeiro século: “da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham”; “os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum... vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade”; “quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco”.
O discipulado de Jesus Cristo implica nada ter, mas viver como se tudo tivesse, andando em segurança, pois aquele que tem a Deus, de que mais necessita? Assim ensinam as Sagradas Escrituras: “O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta”; “Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração. Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá: ele deixará claro como a alvorada que você é justo, e como o sol do meio-dia que você é inocente. Descanse no Senhor e aguarde por ele com paciência; não se aborreça com o sucesso dos outros”; “Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam”; “Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Observem as aves do céu, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?”; “... Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus”.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A CRUZ E EU


A Bíblia declara que ser discípulo de Jesus é uma tarefa árdua e incompreendida pela maioria.
Para o mundo, o cristão é alguém estranho, provavelmente insatisfeito e instável e que está desperdiçando a vida. Para os próprios crentes, as exigências para o discipulado são consideradas tão altas que acabam priorizando o aspecto exterior, os chamados usos e costumes. Já para muitos líderes religiosos, tais cobranças passam a ser amenizadas para atrair mais seguidores ou para acalmar suas próprias consciências. Assim, poucos se entregam sem reservas a Deus, indo além da superficialidade religiosa.
Mas o Evangelho afirma o contrário e revela que Jesus requer entrega total de seus discípulos. Ele afirmou: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc. 9.23).
Isso significa que ser discípulo de Cristo não é simplesmente fazer parte de uma comunidade cristã e seguir certas regras.
É necessário um firme propósito – querer Cristo – e uma tomada de decisão – renunciar a si mesmo. Ou seja, negar seus desejos, autoconfiança, sabedoria, capacidade, justiça própria e reconhecer a total dependência do Senhor.
A auto-renúncia é fundamental para que a natureza de Jesus tome forma no cristão. Deve-se dizer como João Batista a respeito de Cristo: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo. 3.30).
É imperativo ainda tomar a cruz e seguir Jesus. É a cruz que distingue a vida do cristão – vida de obediência, de entrega e, se necessário, de sofrimento e vergonha por amor ao Senhor. Não é apenas um ato de fé, mas uma vivência na alma.
Tomar a cruz é ter uma vida rendida e dedicada a Deus. É uma decisão dolorosa, mas voluntária, fruto do coração que reconhece a necessidade da mortificação do próprio eu para uma nova vida em Cristo.
W. Chantry diz com firmeza: “A morte na cruz pode ser muito lenta, mas a cruz tem um objetivo – tenciona trazer, de modo cruel, o “eu” à morte”. A cada dia, o cristão tem sua vontade e sua vida submetidas a Deus, que o aperfeiçoa conforme a imagem do Seu Filho Jesus.
Muitos ensinam o tomar a cruz como etapa secundária para uma maior espiritualidade, como se não fosse exigido do simples crente. Puro engano dos que querem baratear o Evangelho. A necessidade da cruz é para todos, independente de idade, tempo de conversão, ministério, condição sócio-financeira – todos precisam mortificar o ego na caminhada cristã.
Não se vive para Jesus sem morrer para o mundo. Não se pode tê-lo como Senhor e querer agradar a si mesmo. Ele mesmo disse: “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mt. 16.25).
Tozer afirmou que Jesus tem que proporcionar em nós o morrer. Paulo declara “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”; e, depois, “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl. 2.20a; 5.24).
O chamado de Cristo é definitivo e preciso – para uma caminhada consciente, voluntária e constante, onde o cristão toma sua cruz para que a cruz esmague o seu ego, permitindo a Deus imprimir-lhe o caráter de Jesus, “para que haja o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” (Fp 2. 5-8)

Rosane Itaborai Moreira

sábado, 3 de outubro de 2009

A SI MESMO SE HUMILHOU - C. H. SPURGEON










"E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz." (Fp. 2.8)
Coloque-se ao pé da cruz e conte as gotas de sangue por meio das quais você foi purificado. Veja a coroa de espinhos e os ombros de nosso Senhor ainda feridos e jorrando o fluxo vermelho de seu sangue. Contemple as mãos e os pés de nosso Senhor cravados pelo ferro áspero, bem como todo o seu Ser desprezado e escarnecido. Veja a angústia, o sofrimento e as dores intensas da agonia íntima do Senhor revelando-se em sua aparência exterior. Ouça o deprimente clamor: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46) Se você não está humilhado na presença de Jesus, ainda não O conhece. Você estava tão perdido, que nada poderia salvá-lo, exceto o sacrifício do unigênito Filho de Deus. Visto que Jesus se humilhou por causa de você, prostre-se em humildade aos pés dEle. Uma compreensão do admirável amor de Cristo possui mais tendência de humilhar-nos do que a compreensão de nossa própria culpa. O orgulho não pode subsistir debaixo da cruz. Assentemo-nos ali e aprendamos nossa lição. Depois, levantemo-nos e a coloquemos em prática.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ARTIGO DE CAIO FÁBIO











AS NORMALIDADES DO MUNDO...

Cuidado com as normalidades do mundo…
Sim, pois no mundo a vida é um morrer de descuido e de descaso...
Portanto, seguir a normalidade da vida segundo o mundo, de fato é entregar-se ao fluxo dos que vão na avalanche pensando que o abismo não chegará nunca...
A normalidade do mundo é doença segundo Deus...
Tal é a normalidade do mundo que pelo voto se pode escolher Barrabás...
No mundo um homem que salve uma vida em situação de por a sua própria em risco, é um herói; enquanto aqueles que vivem todos os dias salvando vidas, são apenas pessoas que fazem isso...
No mundo..., poder é domínio sobre outros...
No Evangelho..., poder, antes de tudo, é controlar a si mesmo.
No mundo a inveja faz os homens quererem crescer segundo o mundo...
No Evangelho, por exemplo, o que move um homem na vida deve sempre ser o amor que a ninguém inveja, e que é contente em ser quem é...
O mundo diz que o Grande é o quantificável...
O Evangelho diz que o quantificável é nada, pois o que É não é mensurável...
O mundo diz que odeia o ódio, mas odeia sempre com mais ódio ainda aqueles sobre os quais são impostas as certezas de “eles” serem os promotores do ódio...
No mundo quem não aceita um desafio é covarde...
No Evangelho aquele que aceita um desafio é tolo...
O homem do Evangelho nunca deve aceitar desafios de outros, mas apenas andar segundo sua própria superação em amor sábio.
Entretanto, no mundo é normal dar segundo se recebeu...
A toda ação corresponde uma reação equivalente, advoga o mundo, seguindo como sabedoria para a vida a Lei da Gravidade e das forças das pedras e dos projéteis...
No Evangelho... à cada ação que incida sobre nós, deve haver uma ponderação...; e, então, depois, a escolha do curso de caminho que seja o nosso próprio caminho, e não um andar tangido pelo pastoreio dos impositores de caminhos e veredas desviados...
Na normalidade anestesiada do mundo, todo sucesso é prisão e mais escravidão ainda ao sucesso como deus...
No Evangelho todo verdadeiro sucesso liberta a pessoa da escravidão do sucesso segundo o mundo.
O mundo do qual falo é apenas um: esse feito de ideologias, grifes, objetivos e cronogramas de alcance de alvos bem materiais e terrenos... Sim, o mundo do qual falo é esse ente sem dono humano aparente, mas que controla todas as nossas decisões, dando-nos a ilusão de livre arbítrio...
Ora, nesse mundo pode-se odiar quem nos odeia; pode-se antipatizar gratuitamente; pode-se tudo o que se pode...; exceto matar... [exceto nas exceções convencionadas] ou roubar [a menos que se evite ser “pego”].
No mundo é normal ser aflito, angustiado, preocupado, desejoso, insatisfeito, sempre em busca de algo, sempre se medindo por outros, sempre na Maratona das Comparações...
No mundo o normal é consumir...
Portanto, tome cuidado; pois ser normal segundo o mundo é fazer-se louco diante de Deus e da vida que é.
Não esqueça nunca que a única normalidade já vista em um homem está no Filho do Homem.
Pense nisso!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ALEGRIA NA ADVERSIDADE


Em tribulações e adversidades, quando a fé de um cristão é colocada à prova, vivem-se sentimentos de tristeza, angústia, dúvida, desânimo, derrota. Mas, a Bíblia afirma que também se pode experimentar a alegria nesses momentos. Tiago escreve: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1:2-4).
A adversidade é importante porque testa a fé; expõe a natureza e a qualidade desta fé. Revela se foi adquirida em meio a conhecimento e entendimento genuíno da Palavra, ou se foi “contraída” nas reuniões estilo neopentecostais, ou se tal fé serviu somente para atender às necessidades pessoais urgentes. A fé do crente pode ser confirmada, reprovada, ou, ainda, considerada imatura e sujeita a novas provas.
A fé aprovada é motivo de muita alegria e fornece a perseverança. A perseverança se traduz em consistência, constância e persistência na vida do cristão, independente das cirscunstâncias.
Esse cristão continua seu caminho com firmeza na maturidade espiritual, crendo na plenitude do Evangelho. Ele não desanima de sua fé, não é levado por vento de doutrina ou por engano dos homens. Ele persiste na Cruz de Cristo, e não desiste da Palavra que salva e liberta.
Ao ter sua vida e seus valores construídos também na adversidade e diante de Deus, o homem tem suas experiências ampliadas e uma vida mais completa. As tribulações levam ao aprendizado prático de questões como a necessidade da oração, o valor do perdão, o peso do pecado, a importância do outro, a fragilidade humana, a misericórdia de Deus... A adversidade produz maturidade que o torna capaz de discernir o real valor das coisas e das pessoas, fortalecendo o caráter cristão.
Enfim, nos momentos de tribulações, podemos sentir alegria ao trazer à memória este texto de Tiago, que nos dá a esperança de sermos pessoas melhores, mais maduras e íntegras depois de termos nossa fé provada e confirmada.

Rosane Itaborai Moreira

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

ARTIGO DE ED RENÉ KIVITZ











GESTÃO E FELICIDADE

Nosso mestre Ariovaldo Ramos está nos ensinando a respeito da felicidade. Sua tese é que a Bíblia não define felicidade, mas descreve o tipo de gente que é feliz. Ao analisar o Salmo 1, disse que "feliz é aquele que sabe onde está o verdadeiro prazer", a saber, na meditação na Lei do Senhor, isto é, a Lei do Amor, pois toda a Lei se resume em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo. Aqueles entram na dinâmica do amor se distinguem dos rebeldes, dos escarnecedores e dos ímpios, isto é, se submetem a Deus e seu jeito de fazer as coisas, em detrimento de se associarem com aqueles que desejam construir um mundo sem Deus.
O mundo sem Deus é um mundo estressado e estressante, onde o homem tenta desesperadamente resgatar o paraíso às custas de suas próprias forças e às expensas de tudo e todos. O mundo com Deus (ou de Deus) é um mundo descrito em linguagem orgânica, viva, através das imagens "árvore, folhagens, frutos, fontes de águas, vento". Na dinâmica do amor, a vida tem balanço, obedece ciclos onde cada coisa acontece a seu tempo.
Esta visão conduz à afirmação de que "nada no universo frutifica o tempo todo", o que confronta dramaticamente o espírito moderno de busca frenética de resultados. A árvore plantada junto aos ribeiros de águas dá seu fruto na estação certa. Não se promete fruto todo dia e toda hora. O que se promete é uma folhagem viçosa, isto é vitalidade da árvore, ou se preferir, uma árvore que sempre dará fruto na época de dar fruto. Enquanto a economia humana está baseada em fazer para garantir resultados, a economia divina está baseada em ser para garantir vitalidade. A convicção é que "todo ser vivo frutifica", em contraposição à falsa afirmação de que "todo ser ativo produz o tempo todo".
O que isso tem a ver com felicidade? O que isso tem a ver com gestão? E o que gestão e felicidade tem a ver com isso? Compreendo que felicidade, aqui, significa satisfação: ver o fruto do seu trabalho e ficar satisfeito, dizer ao final: "Isso é muito bom, isso é suficiente". Aqueles que compreendem que nada no universo frutifica o tempo todo, terão paciência no tempo de arar a terra, aguardar a chuva, semear na estiagem, e esperar as flores e frutos. Ao final, apesar das lágrimas dos processos, voltarão com alegria, trazendo sua colheita abundante. Aqueles que quiserem frutificar o tempo todo se arremessarão freneticamente no ativismo, levarão a terra à exaustão, atropelarão pessoas, precipitarão processos, e ao final ficarão frustrados e desiludidos a se perguntar o porque do fracasso após tanto trabalho. Por esta razão, acredito que felicidade e gestão têm tudo a ver com isso.
O segredo não é trabalhar sem tréguas esperando resultados diários e imediatos. O segredo é trabalhar em sintonia com a dinâmica do amor e os ciclos da vida, garantindo que as árvores estejam plantadas junto às correntes de águas e zelando para que cada árvore tenha sua folhagem brilhando de vitalidade, na certeza de que no tempo certo, darão seu fruto. O difícil é saber, no contexto da gestão e operação, onde estão as correntes das águas.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O MEDO DE JÓ


"O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?" Sl. 27.1

O Livro de Jó é conhecido por abordar um tema até hoje incompreensível para a humanidade – o sofrimento do homem diante da soberania de Deus. Mas, num entendimento mais profundo e espiritual, pode-se perceber,também, a ação e o tratamento de Deus na vida de um homem sincero, desejoso do bem, mas sem confiança nem paz, e que não conhecia verdadeiramente o Senhor.
O livro inicia com a permissão de Deus para que Satanás tocasse em Jó e em tudo que possuía. Provavelmente, não seria apenas para aceitar o desafio de Satanás e provar, sem motivo algum, a fidelidade de um homem. Esse cenário teria sido pano de fundo para que Deus se revelasse a Jó e o tratasse, utilizando Satanás para agir na sua fraqueza – o medo.
Deus refere-se a Jó como “homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal”. Ele oferecia holocaustos por seus filhos e os santificava, temendo que tivessem pecado contra Deus. Quando ocorreu a desgraça sobre sua vida, afirmou: “Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu. Nunca estive tranquilo, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação.” (Jó. 3.25,26).
Aí há a declaração de um homem com tanto medo do sofrimento e do castigo de Deus que não tinha paz e agia correta e preventivamente com o objetivo de livrar-se do mal.
O medo é tão nocivo ao homem que se torna senhor da sua vida. Paralisa, limita e atrai o mal, seja por atuação da própria mente, que sabidamente tem poder, seja por força maligna, e, principalmente, pela combinação dos dois. Assim, acaba por fazer que o que se teme torne-se realidade na própria vida.
O medroso é sempre assombrado e atacado pelo objeto de seu temor.
A Palavra de Deus nos garante que o aperfeiçoamento do amor de Deus no cristão livra-o do medo, mas que o medo não permite que esse amor se aprimore. Medo e amor não coexistem. “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (I Jo. 4.18)
O Salmo 91 afirma que aquele que confia e se refugia no Senhor será livrado do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Não temerá o terror da noite nem a seta que voa de dia; nem a peste que anda na escuridão ou mortandade que assola ao meio-dia.
A falta de medo é expressão da total confiança no amor de Deus.
Deve-se não temer nada; ao contrário, ter a plena confiança de que o amor de Deus fortalece seus filhos e os faz mais do que vencedores. Que se Deus é pelos seus, nada poderá ser contrário. Que nada os afasta do Seu amor. Não é preciso temer a dor, a morte, o diabo, o futuro, os sofrimentos presentes, ou os perigos da vida.
Jó não confiava na misericórdia e no pleno amor de Deus; tinha a idéia de um deus de vingança e de castigo, que exigia sacrifícios para continuar abençoando. Um deus que aprisiona e não que liberta.
O medo o havia levado ao tormento, à perturbação e à atuação maligna. Sofreu dores na alma e no corpo. Mas, depois de sua experiência pessoal com o Senhor, pode declarar: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.” (Jó. 42.5)
Os cristãos devem ser confiantes e ter descanso em Deus, pois Ele está no controle de suas vidas e de todas as outras criaturas. E, o melhor, é que o Senhor ainda assegura a seus filhos que Ele “... age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28 - NVI).

Rosane Itaborai Moreira

quarta-feira, 15 de julho de 2009

HEDONISMO CRISTÃO


O ministério do Pr. John Piper tem como fundamento, grosso modo, o hedonismo cristão. Isso pode soar absurdo para você, mas a idéia é a seguinte: Um hedonista é alguém cuja vida é direcionada única e exclusivamente para obter prazer e alegria, seja qual for a forma. Já a idéia do Pr. Piper, em suas próprias palavras, é a seguinte:
“Meu curto sumário do Hedonismo Cristão é: Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos Nele.
Todos nós fazemos um deus daquilo que nos dá mais prazer. Hedonistas Cristãos querem fazer Deus seu Deus ao buscar o maior prazer – o prazer em Deus.
Por Hedonista Cristão, não queremos dizer que a alegria é nosso maior bem. Queremos dizer que buscar pelo bem maior irá sempre resultar em nossa maior alegria no final. Deveríamos buscar essa alegria, e buscar com todas as nossas forças. O desejo de ser feliz é um bom motivo para cada boa ação, e se você não abandonar a busca pela sua própria felicidade, você não poderá amar ao seu próximo ou agradar a Deus.”


www.eduardomano.net

quarta-feira, 8 de julho de 2009

CRESCENDO NOS BRAÇOS DO PAI


Percebemos nas Escrituras que Deus se relaciona com cada filho de forma pessoal, ajudando a crescer espiritualmente e adquirir maturidade e intimidade com o Senhor.
Esse caminho para a maturidade é feito de experiências diversas e aprendizado constante. Cada etapa tem suas maravilhosas descobertas.
O desenvolvimento espiritual de um cristão pode ser comparado ao nosso crescimento físico.
Na infância, quando o Pai se revela e nos convertemos ao Senhor, ficamos extasiados com o seu poder e graça. Cada descoberta é vivida com entusiasmo, cada benção nos enche de alegria e incentiva a buscar mais a Deus.
Nesse período, precisamos ser alimentados com leite espiritual, pois somos crianças. Como aquelas que estão sendo alfabetizadas e, ao aprenderem uma nova letra, descobrem-na em todos os lugares, parecendo que elas nunca estiveram ali. Estamos abertos e sedentos pelo aprendizado e proclamamos, audaciosamente, as maravilhas que temos experimentado de Deus.
Na juventude da vida espiritual, ficamos mais equilibrados e, se nos alimentarmos da Palavra, vamos crescendo em conhecimento e intimidade com o Pai. Buscamos entender avidamente as Escrituras e os propósitos de Deus, descobrir e desenvolver nossos talentos e obter o Fruto do Espírito. Às vezes, ficamos desanimados e fracos, mas Deus sempre nos fortalece pela Sua Palavra, que passa a ser a nossa base. Então, prosseguimos em conhecer e apregoar o Senhor.
Assim como na infância, o Pai continua tratando, corrigindo, direcionando e cuidando de nós.
Essa atenção de Deus permanece sempre na nossa vida; também na maturidade cristã. O nosso alimento passa a ser sólido, e buscamos o Senhor com discernimento e sabedoria. Agora, Deus fala conosco de uma maneira pessoal e íntima. Ainda que passemos por momentos difíceis e incertezas, isso não abala nossa fé, esperança e confiança em Deus. Nossa estrutura está firmada na Rocha.
É verdade que Deus, assim como nossos pais, deseja nosso crescimento sadio e nos confia responsabilidades sempre. Também requer o desenvolvimento dos nossos talentos a serviço do Reino e exige de nós persistência. Não aceita que olhemos para trás ou retrocedamos.
Mas é maravilhoso saber que, nessa caminhada, o cuidado e amor divinos estão sempre presentes em nossas vidas. Ele nos orienta, alerta, guia, corrige, guarda e livra. Deus está sempre pronto para nos dar as mãos quando tropeçamos ou caímos. Seja na alegria, sofrimento, dor, tentação, adversidade, Ele jamais nos abandona.
A jornada espiritual torna-se mais leve quando nos rendemos a Ele e sentimos a Sua doce e constante presença. Essa graça garante que cheguemos à maturidade espiritual sem que nada nos separe do amor do Pai ou nos faça desistir, ainda que Ele tenha que carregar-nos no colo ou nos esconder debaixo de Suas asas.

Rosane Itaborai Moreira

sexta-feira, 3 de julho de 2009

JESUS E O VÉU


O Tabernáculo era “sombra dos bens futuros”, a representação do que estava sendo preparado através do Messias - a salvação do homem. Simbolizava a pessoa e a maravilhosa obra de Jesus Cristo.
O véu fazia parte do Tabernáculo e era a cortina que fazia separação entre o Santo dos Santos e o Santo Lugar, onde Deus se fazia presente e manifestava a Sua glória. Apenas o sumo sacerdote, uma vez ao ano e totalmente purificado, tinha acesso ao Santo Lugar, pois, assim como o véu, o pecado havia ocultado Deus do homem.
Muito espesso e de tecido especial, o véu era impossível de ser rasgado por homens. Mas, no momento da morte de Jesus, o véu se rompeu poderosamente de alto a baixo, dividindo-se em dois.
A carne humana de Jesus, contendo os pecados da humanidade, também estava sendo moída e despedaçada. Ele fora ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades (cf. Is. 53.5).
Nesta hora, Deus não poderia estar junto do Seu Filho Amado, pois Ele é Santo. O Pai o havia deixado por um momento e permitiu que sua carne fosse rasgada em favor da humanidade. No seu sofrimento, “Jesus exclamou com grande voz, dizendo: ...Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? E Jesus, dando um grande brado, expirou. E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo.” (Mc. vv. 34,36,37).
No momento da morte, Cristo se sacrificou e nos libertou da condenação e do pecado. Permitiu-nos livre acesso ao Pai. Maravilhosamente, o véu se rasgou e todo homem poderia ver a glória de Deus.
Agora, podemos nos achegar a Deus com fé e confiança. Podemos ter a “ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb. 10.19,20).
A “sombra dos bens futuros” são apenas símbolos daquilo que hoje conhecemos. O véu que separava foi destruído. O pecado foi vencido pelo Senhor.
Em Cristo, nossa comunhão com o Pai foi restaurada. Ele nos resgatou e nos salvou. Ofereceu sua vida em nosso favor. No seu sacrifício, “... o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is. 53.5b).

Rosane Itaborai Moreira

sábado, 20 de junho de 2009

SOBRE DEUS

Por Donald Miller











"Meu mais recente esforço de fé não é do tipo intelectual. Eu realmente não faço mais isso. Mais cedo ou mais tarde você simplesmente descobre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe - e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso."

Do livro Como os pinguins me ajudaram a entender Deus.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

SOMOS SANTOS !


No meio religioso, existe a concepção de que a santidade depende do esforço humano. Como se houvesse algum ato do homem que pudesse torná-lo apto a “estar mais perto de Deus” e “ser mais santo”.
A compreensão de santidade para a maioria dos cristãos é farisaica, hipócrita e legalista, que fala mais da luta interior daquele que determina as normas e que acaba por afastar os fracos na fé.
Aprendemos que viver a santidade depende de nossos próprios meios e da observância de regras e condutas. É viver debaixo da lei quando Jesus nos ensinou o caminho da Graça. Essa doutrina tem formado crentes reprimidos e moralmente frustrados, e, o pior, que poderão não estar junto ao Pai na eternidade.
Só podemos entender santidade através da obra de Jesus. Ela é uma condição conquistada na cruz e, para Deus, uma obra definitiva, pois já fomos justificados.
Tendo como fundamento Jesus, que é o Verbo Encarnado, ela não depende do nosso empenho, pois Ele se santificou por nós. O Senhor, em João 17, afirma isso na oração ao Pai: “Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade”.
Definitivamente, ser santo é estar em Cristo, e nada mais além disso.
A santificação está intimamente relacionada com a salvação e caminham juntas. Em Jesus, somos santos assim como somos salvos e justificados.
No texto em Filipenses 2.12,13, Paulo diz “... desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”.
O que muitos ensinam como santificação é, na verdade, o termo usado para o caminho da maturidade espiritual, o aperfeiçoamento da salvação/santidade que já recebemos. É a cristificação, transformação gradual do ser humano criado à semelhança de Deus para que chegue à imagem de Jesus Cristo, o qual é “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude” (Cl. 1.15,19).
A partir do momento que Deus nos santifica, o pecado não tem domínio sobre nós e somos livres para fazer nossas escolhas na verdade. E,assim, entendemos que o cristão procura agir corretamente porque é santo; e não o contrário, que ele se torna santo porque sua conduta é correta.
É, até para o chamado de “viver concretamente a santidade” é Deus quem nos capacita e nos supre. Sem esta provisão espiritual a vida cristã é simplesmente impossível de se manter.
O real entendimento da santidade nos possibilita honrar e glorificar a Deus sem nos sentirmos merecedores de reconhecimento. Torna-nos mais humildes e menos juízes dos demais.
Além de nos possibilitar uma caminhada cristã apenas na força do Senhor, tendo como alvo a restauração da imago Dei em nós à semelhança de Jesus.
Sabendo, ainda, que esse processo não desemboca em cumprir regras e condutas exteriores, mas na prática do amor, da tolerância, da misericórdia, da justiça e de todos os demais ensinamentos cristãos.

Rosane Itaborai Moreira

domingo, 7 de junho de 2009

ARTIGO DE PAULO CILAS










GRAÇA QUE NOS EMPAREDA

Conta Philip Yancey que, chegando a uma reunião de escritores cristãos, um assunto já estava em debate: Qual a maior contribuição prática do Cristianismo ao mundo? Bem informalmente, os debatedores constatavam que benfeitorias sociais, educacionais, médicas e outras emocionais e espirituais também eram realizadas por muitas outras religiões no mundo. Ao responder, Yancey foi direto: A Graça!
De fato, todas as religiões apresentam algum tipo de salvação sempre baseada no auto-sacrifício, reencarnação, mérito e purgatório, etc...
Mas, triste mesmo é a constatação de que a Graça não é compreendida e por isso mesmo não vivida; e o pior, ela não é aceita no meio dos que dizem seguir seu Autor. Em alguns casos ela soa como uma ameaça à boa fé. Mas, por que? Porque a Graça não consegue ser entendida em sua plenitude?
Penso que, no confronto com a Lei, ela é muito mais contundente. Na Graça, não basta não matar, pois ela me revela o quanto sou mau em odiar. Ela me coloca em pé de igualdade com um assassino. E isto? Ah! Isto é injusto, ora. Então, ainda que meio sem querer, eu a renego.
E o mérito? Vivemos a era da concorrência, da mídia. Propagandas de escolas afirmam que nelas só estudam as melhores cabeças ou os que querem ter um futuro brilhante. E, no mercado, os melhores são logo escolhidos e usados. Na igreja humana quanto maior e luxuoso o prédio, quanto mais "visões e unções" e o maior número de seguidores, tem-se estabelecida a melhor, a mais, mais dentre todas.
Entretanto, a Graça joga tudo isto por terra. Nela estávamos todos encerrados debaixo da desobediência. Todos éramos, sem ela, miseráveis, pobres , cegos e nus. E sem ela permanecemos assim. Méritos, justiça própria, aparências, obras... Nada disso subsiste. Nada pode ser apresentado diante de Deus como coisa de valor. Pois tudo estava condenado.
Alguns, para não dizer muitos, alegam que quando se prega muito sobre Graça há uma corrida desenfreada para o pecado. O entendimento é que a pessoa se torna mais pecadora a partir da Graça. Muitas vezes, isto não é dito de forma clara, mas está camuflado no "modus operandis" eclesiástico. Mas vejam só! Pela Graça é a única maneira possível do homem ser salvo.
"O homem não é pecador porque peca. Ele peca por ser pecador".
Estou então emparedado pela Graça. Sendo o único instrumento de salvação, sua eficácia só se dá em meio a uma confissão genuína. Não aceita aparência, mas me expõe como verdadeiramente sou, quebrando minha altivez . Devo fazer o melhor sem esperar recompensa, pois se o fizer nem "servo inútil" serei. Torno-me só inútil.
Então, viver pelas várias leis criando novas fórmulas e regras disfarçadas de coisas de Deus é mais cômodo. A Graça constrange muito!

www.prpaulocilas.blogspot.com

terça-feira, 2 de junho de 2009

A ARTE DE ESTAR COM O OUTRO


Amor significa a arte de estar com os outros. Meditação significa a arte de estar consigo mesmo. São dois aspectos da mesma moeda. Uma pessoa que não sabe como estar com ela mesma verdadeiramente não pode relacionar-se com os outros. O relacionamento dela será inconveniente, sem graça, feio, fortuito e acidental. Num momento tudo está indo bem e noutro momento tudo se foi. Ele estará sempre indo para cima e para baixo; nunca ganhará profundidade. Será muito ruidoso. Certamente ele lhe dará uma ocupação, mas não terá nenhuma melodia nele, nem lhe alçará até as alturas da existência ou até as profundezas do ser. E vice-versa: a pessoa que não é capaz de estar com os outros, de relacionar-se, achará muito difícil relacionar-se consigo mesma, porque a arte de relacionar-se é a mesma. Seja relacionar-se com os outros ou consigo mesmo, não faz muita diferença: é a mesma arte.
Essas artes têm que ser aprendidas juntas, simultaneamente; elas são inseparáveis. Esteja com as pessoas, não inconscientemente, mas bem conscientemente. Relacione-se com as pessoas como se você estivesse cantando uma canção, como se você estivesse tocando numa flauta; cada pessoa precisa ser pensada como um instrumento musical. Respeite-as, ame-as e adore-as, porque cada pessoa é uma face oculta do divino.
Portanto seja bem cuidadoso, bem atento. Lembre-se do que você está dizendo; lembre-se do que você está fazendo. Pequenas coisas bastam para destruir relacionamentos, e pequenas coisas tornam relacionamentos tão belos. Às vezes basta um sorriso, e o coração do outro se abre para você; às vezes basta um olhar errado em seus olhos, e o outro se fecha – é um fenômeno delicado. Pense nisso como uma arte: assim como o pintor é muito vigilante do que ele está fazendo na tela, cada simples traço irá fazer muita diferença. Um pintor verdadeiro pode mudar toda a pintura apenas com um simples traço.
A vida tem que ser aprendida como uma arte: muito cuidadosamente, bem deliberadamente. Assim, o relacionamento com os outros precisa se tornar um espelho: veja o que você está fazendo, como você está fazendo isso e o que está acontecendo. Que está acontecendo ao outro? Você está tornando a vida dele mais miserável? Você está provocando sofrimento nele? Você está criando um inferno para ele? Então retire-se. Mude suas maneiras. Embeleze a vida ao seu redor. Deixe que cada pessoa sinta que o encontro com você é uma dádiva: apenas por estar com você algo começa a fluir, a crescer, algumas canções começam a surgir no coração, algumas flores começam a se abrir. E quando você estiver sozinho, então sente-se totalmente em silêncio, absolutamente em silêncio, e observe a si mesmo. Assim como o pássaro tem duas asas, deixe amor e meditação serem suas duas asas. Crie uma sincronicidade entre eles, assim eles não estarão de maneira alguma em conflito um com o outro, mas cuidando um do outro, alimentando um ao outro, auxiliando um ao outro. Esse vai ser o seu caminho: a síntese entre amor e meditação.
Fonte: The Rainbow Bridge
Recebido por e-mail

domingo, 24 de maio de 2009

COMPAIXÃO, FONTE DE ESPERANÇA


Experimentar a compaixão em nossa vida é enxergar o amor e o cuidado de Deus. É perceber que ainda resta um fio de esperança na humanidade e um pouco de humanidade nos corações sempre tão endurecidos. Muito diferente do sentimento de pena ou dó, que não edifica nem promove comprometimento, mas reforça o individualismo.
O olhar de compaixão jamais pode ser comparado, nem de longe, ao olhar de pena.
O olhar de compaixão aproxima, coloca-nos no lugar do outro e permite que a dor alheia encontre em nós a mesma dor, ainda que escondida no íntimo do nosso ser.
O olhar de pena, não. É o olhar distanciado, daquele que se considera superior, numa situação privilegiada. Sentir dó é ver o sofrimento alheio, mas não enxergar o outro em sua dor.
Com certeza, é muito mais fácil e comum sentirmos pena dos outros. Não nos compromete, não nos envolve. Podemos até oferecer ajuda material para aplacar a culpa da indiferença.
Diante de um mendigo, podemos dar-lhe um trocado sem nem enxergá-lo, ou podemos lançar-lhe, também, um olhar de amor e misericórdia. Com certeza, o dinheiro será útil, mas, sozinho, não trará esperança e conforto. Ao visitar um doente num hospital, podemos levar-lhe flores ou biscoitos, mas estar ali, junto dele, compartilhando a tristeza e o sofrimento, será um remédio mais valioso para a cura.
A falta de compaixão num indivíduo encontra eco no falso moralismo, na acomodação, na vergonha de se expor, no medo de julgamento, mas tem como ponto fundamental o egoísmo.
Na parábola, o levita e o sacerdote agiram em causa própria e não se importaram com o seu próximo. Viram o homem e, provavelmente, tiveram pena dele. Mas, tinham coisas a perder que lhes pareciam mais valiosas do que uma vida e passaram direto, sem oferecer ajuda.
O samaritano não considerou imposições ou barreiras externas, simplesmente permitiu Deus ser revelado em sua vida através da compaixão. Agiu movido pela necessidade do outro. O sofrimento alheio encontrara lugar em seu coração.
Dó é frieza, compaixão é calor humano. Dó é egoísmo, compaixão é amor. A compaixão é, acima de tudo, a manifestação de Deus através do homem.
Somente quem se viu ferido, desprezado ou perdido sabe o valor de um ato de compaixão, sem julgamento e de forma incondicional.
Jó, em sua angústia, teve amigos que se achegaram a ele, mas que não conseguiram entender a necessidade de ter sua dor compartilhada e compreendida. Para confortá-lo, era necessário encontrar no âmago dos seus corações a mesma dor que se instalara na vida de Jó.
Jesus foi o exemplo maior de compaixão. Em sua vida aqui na terra, sofreu com os humilhados, fracos e angustiados. Entendeu sua dor, incapacidade e destino. As pessoas sofridas eram enxergadas pelo próprio Jesus, que tomava a iniciativa de aliviá-las e confortá-las.
Em sua morte, Ele colocou-se em nossa condição. E ainda foi além da compaixão, pois não sofreu “junto a nós” os nossos castigos, mas “em nosso lugar”.
Passar por problemas, sofrimentos e angústias é inevitável para todos nós. Mas, é consolador saber que podemos passar por estes momentos tendo uma mão abençoadora estendida em nossa direção. E, da mesma forma, podemos nos doar e sermos participantes do sofrimento do nosso próximo.
A compaixão é a forma mais nobre e bondosa de revelarmos o grande amor e cuidado de Deus pela humanidade e a esperança aos corações perdidos e necessitados!

Rosane Itaborai Moreira

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ARTIGO DE ED RENÉ KIVITZ












EU TAMBÉM NÃO TE CONDENO

Pode procurar que você não vai achar. Não importa aonde vá, estou absolutamente convencido de que há duas coisas que você nunca vai achar. Você pode correr o mundo e o tempo, e tenho certeza que jamais conseguirá achar alguém que não se envergonhe de algo em seu passado. Para qualquer lugar que você vá, lá estarão elas, as pessoas que gostariam de apagar um momento, uma fase, um ato, uma palavra, um mínimo pensamento. Todo mundo tenta disfarçar, e certamente há aqueles que conseguem viver longos períodos sem o tormento da lembrança. Mas mesmo estes, quando menos esperam são assombrados pela memória de um ato de covardia, um gesto de pura maldade, um desejo mórbido, um abuso calculado, enfim, algo que jamais deveriam ter feito, e que na verdade, gostariam de banir de suas histórias ou, pelo menos, de suas recordações.
Isso é uma péssima notícia para a humanidade, mas uma ótima notícia para você: você não está sozinho, você não está sozinha. Inclusive as pessoas que olham em sua direção com aquela empáfia moral e sugerem cinicamente que você é um ser humano de segunda ou terceira categoria, carregam uma página borrada em sua biografia, grampeada pela sua arrogância e selada pelo medo do escândalo, da rejeição e da condenação no tribunal onde a justiça jamais é vencida. Você não está sozinho. Você não está sozinha. Não importa o que tenha feito ou deixado de fazer, e do que se arrependa no seu passado, saiba que isso faz de você uma pessoa igual a todas as outras: a condição humana implica a necessidade da vergonha.
A segunda coisa que você nunca vai encontrar é um pecado original. Não tenha dúvidas, o mal que você fez ou deixou de fazer está presente em milhares e milhares de sagas pessoais. Não existe algo que você tenha feito ou deixado de fazer que faça de você uma pessoa singular no banco dos réus – ao seu lado estão incontáveis réus respondendo pelo mesmíssimo crime. Talvez você diga, “é verdade, todos têm do que se envergonhar, mas o que eu fiz não se compara ao que qualquer outra pessoa possa ter feito”. Engano seu. O que você fez ou deixou de fazer não apenas se compara, como também é replicado com absoluta exatidão na experiência de milhares e milhares de outras pessoas. Isso significa que você jamais está sozinho, jamais está sozinha, na fila da confissão.
Talvez por estas razões, a Bíblia Sagrada diz que devemos confessar nossas culpas uns aos outros: os humanos não nos irmanamos nas virtudes, mas na vergonha. Este é o caminho de saída do labirinto da culpa e da condenação: quando todos sussurrarmos uns aos outros “eu não te condeno”, ouviremos a sentença do Justo Juiz: “ninguém te condenou? Eu também não te condeno”.
É isso, ou o jogo bruto de sermos julgados com a medida com que julgamos. A justiça do único justo reveste os que têm do que se envergonhar quando os que têm do que se envergonhar desistem de ser justos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

VIDEIRA VERDADEIRA


“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo. 15.1,5)

Uma das ilustrações da Bíblia para a compreensão do relacionamento dos cristãos com Jesus é a videira.
A videira era considerada uma planta nobre pelos judeus. A colheita das uvas era comemorada com cânticos e danças e produzia bom vinho.
Israel era representado como uma videira plantada com carinho por Deus na Terra Prometida. Era o orgulho e a garantia de salvação do povo. Mas, não produziu bons frutos, e sim, uvas verdes. Em Jeremias 2, Deus afirma: “Eu mesmo te plantei como vide excelente, da semente mais pura; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, como de vide brava?”.
Agora, Jesus se declara como a Videira Verdadeira, confrontando com a religiosidade judaica. Como Israel não gerou bons frutos, Deus plantou e cultivou nova árvore, o Messias. Ele contém em Si o “novo Israel de Deus”, seus discípulos, assim como a videira possui os ramos.
Videira e ramos não são coisas distintas. Videira sem ramos não existe. Assim, Jesus é a planta toda, nós somos seus ramos. Estamos e somos do Senhor. E quem limpa, poda, corta, e lança fora é o agricultor. Todo o trabalho quem faz é Deus.
Os ramos alimentam-se da seiva, amadurecem e geram frutos. Reconhecem que, de si mesmo, não são capazes de desenvolver-se e dependem unicamente do Senhor, que é o sustento espiritual e a estrutura de sua existência.
Toda vitalidade do ramo e sua capacidade de produzir bons frutos dependem de sua união com a videira. Se os ramos permanecerem na videira, automaticamente darão frutos. Quando um ramo não dá frutos, é porque ele se desconectou da fonte de seiva de algum modo, pois, do lado do agricultor, toda função de cuidado é realizada.
Periodicamente, os ramos são podados e limpos para um desenvolvimento saudável, garantindo que a videira cresça farta e vistosa. Da mesma forma, a maturidade dos cristãos, ainda que adquirida em meio a sofrimentos, engrandece o Senhor, glorificando o nome de Deus.
Jesus afirmou aos discípulos que eles já estavam limpos pela Sua palavra; era só permanecerem nEle. O trabalho de limpeza é de Deus e a fonte de vida e alimento é Jesus.
Surpreendentemente, a grande função do ramo é não fazer nada. É permanecer na videira, de onde ele brotou. Se ele permanecer, então, terá vida e frutos. Depender unicamente do Senhor e receber a seiva preciosa que nutre e fortalece.
Essa vida abundante que Jesus oferece é para toda a humanidade e não só para o povo de Israel, pois a Videira Verdadeira se revelou ao mundo.
Somente através de Jesus Cristo seus discípulos podem manter a comunhão entre si e com Deus.
Somente através da Videira Verdadeira, o cuidado e o amor do Agricultor podem ser manifestos ao mundo; e mais vidas se tornarão novos ramos, glorificando e proclamando o nome de Deus.

Rosane Itaborai Moreira

quarta-feira, 22 de abril de 2009

SONDA-ME


"Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno." (Sl. 136.23,24).
Lemos e cantamos este salmo escrito por Davi e oramos a Deus pedindo que sonde os nossos corações e transforme aquilo que não está conforme a Sua vontade. Pedimos que nos dê um coração sincero, singelo, que nos permita obedecer e agradar ao Senhor.
Sondar significa examinar a fundo o coração e a consciência, buscar entrar no perfeito conhecimento das coisas; procurar descobrir o que é oculto e encoberto.
Mas, será que temos permitido que o Senhor aja em nossas vidas nesse sentido; ou apenas levantamos nossas vozes repetindo o que aprendemos? Será que sabemos e acreditamos no que falamos ao nos dirigirmos a Ele? Ou será que temos medo de ser examinados e questionados?
Verdadeiramente, é muito difícil colocar nossa vida e nosso interior em exposição, ainda que seja para Deus, que já conhece tudo de nós, ou para nós mesmos.
Ao nos permitirmos ser sondados pelo Senhor, temos que estar preparados para nos conhecer a fundo e nos deixar ser transformados. Isso requer quebrantamento, entrega, abdicação e determinação para mudanças. Muitas vezes, exige de nós sofrimento, provações e lutas interiores.
Preferimos as trajetórias mais curtas e fáceis, os atalhos, que nos afastam dos caminhos retos do Senhor e podem ser dolorosos. Preferimos o oculto e escuro, pois a luz pode nos revelar cegos, nus e impuros. Preferimos a aparência e a superficialidade, pelo medo de nos apavorarmos com os nossos monstros, pecados e iniqüidades. Preferimos a máscara, que nos permite parecer sem ser. E que não exige mudança nem empenho. Vamos vivendo como se tudo estivesse muito bem, freqüentando nossos cultos semanais, nossas reuniões sociais, agradando e enganando a todos e a nós mesmos.
Mas Deus deseja que sejamos confrontados e colocados frente a frente conosco e com Ele. Se nossa intenção é agradar o Senhor isso deve ser inevitável. Teremos nossos sentimentos, intenções e motivações colocados à prova, mas serão removidas toda sujeira e maldade e seremos purificados e lapidados. Como um espelho refletindo nossa vida, veremos nosso interior, para que, transformados, andemos com Deus em caminhos retos.
Mais do que vergonha, essa situação permite que sejamos preparados para uma vida definitiva e eterna com o Senhor. Enquanto caminhamos aqui na terra, temos sidos aperfeiçoados por Deus na nossa vida pessoal e espiritual e na nossa caminhada cristão.
Esse processo em nossa vida pode acontecer quando nos entregamos e confiamos no Senhor; ou então, quando, sem nossas forças e riquezas próprias, tudo o que nos resta é Deus. Tornamo-nos totalmente dependentes dEle e nos rendemos para que Ele trabalhe em nossos corações.
Em Apocalipse, Jesus escreve à Igreja de Laodicéia, repreendendo-a por ser miserável, pobre, cega e nu, mas ter seus pecados e infelicidade encobertos pelas riquezas materiais e orgulho. Se, da mesma forma, formos soberbos e não permitirmos ser sondados e transformados por Deus poderemos ser censurados e disciplinados por Ele.
Mas, também como à Igreja, em Sua infinita misericórdia, Ele nos faz um chamado de comunhão para abrirmos as portas de nossos corações: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Ap. 3.20).
Se quisermos caminhar com o Senhor, nossa resposta deve ser como a oração de Davi: Eis-me aqui, Senhor, “sonda-me... prova-me... conhece... vê... guia-me...”.

Rosane Itaborai Moreira

quinta-feira, 9 de abril de 2009

AMOR AO DINHEIRO




“O homem mais pobre que conheço é aquele que não tem nada mais do que dinheiro.”
John D. Rockefeller





Propagandas elaboradas, vitrines iluminadas, carros importados, celulares modernos, roupas caras, pessoas lindas e bem-sucedidas... Tudo isso induz o homem a colocar sua expectativa e esperança nos desejos materiais que nunca são preenchidos, pois não satisfazem sua real necessidade.
Os cursos de especialização em marketing, em artigos de luxo e em produtos de consumo crescem a cada dia, garantindo a perpetuação deste mercado sedutor. Até nas igrejas existe tal oferta, ainda que disfarçada de “dádiva de Deus”, “obrigação do Senhor” ou “devolução do diabo”.
Satisfazer as necessidades de consumo é hoje prioridade para a maioria das pessoas; no entanto, seus corações correm o risco de serem moradas do que Paulo advertiu e condenou: o amor ao dinheiro. “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1 Tm. 6.10).
O resultado dessa idolatria é sempre destrutivo, levando o ser humano ao aprisionamento, sofrimento e morte espiritual. Pois, “...cada um é tentado, pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg. 1,14,15).
Na Bíblia, encontram-se relatos de pessoas que foram envolvidas pelo amor ao dinheiro e tiveram trágico destino: Judas Iscariotes ao trair Jesus, Ananias e Safira ao mentir para o Espírito Santo, Geazi ao ser seduzido pela oferta de Naamã.
Simão, o mágico, ao desejar comprar o poder do Espírito Santo, foi repreendido por Pedro: “O seu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus” (At. 8.20). Até no templo a busca pelo dinheiro era favorecida (cf. Jo. 2.15), o que mereceu a intervenção enérgica de Jesus.
Aquele que é seduzido pela riqueza torna-se dela amante e escravo: “porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”, adverte Jesus (Mt 6.21). E logo depois declara: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.
Jesus disse que cuidaria de cada um dos seus, que estes não precisariam viver frenética e ansiosamente atrás de coisas materiais, porque o mais importante é o Reino de Deus.
Este cuidado divino tem sido rejeitado pelos cristãos. Todos se ocupam em atender aos seus prazeres e desejos e se esquecem de que estão se afastando do Senhor. Com discurso de uma “necessidade real e urgente”, estão trocando de deus.
Mas, o poder do dinheiro é ilusório e tira o homem do que deveria ser seu foco principal. Desvia-o de suas riquezas verdadeiras, ou seja, virtudes, descanso, paz, família, amigos e, principalmente de Deus.
A fé e o amor ao Senhor precisam ser demonstrados na prática. Os conceitos do mundo não podem ser os conceitos dos crentes em Cristo. Por isso, é dito na Bíblia que entrar no Reino de Deus é tão difícil; requer desprendimento das coisas materiais, prioridade em amar a Deus e renúncia aos próprios desejos.
Os verdadeiros cristãos têm pela frente esta batalha a travar: resistir às tentações diária e sedutoramente oferecidas pelo maligno através da sociedade de consumo, já que é nele que o mundo jaz.
A frase de John Wesley, avivalista inglês, resume bem este dilema: “Poucas coisas testam mais profundamente a espiritualidade de uma pessoa do que a maneira como ela usa o dinheiro, pois a verdadeira medida de nossa riqueza está em quanto valeríamos se perdêssemos todo nosso dinheiro. Por isso, quando tenho um pouco de dinheiro, livro-me dele tão logo seja possível, para que ele não encontre o caminho do meu coração”.
O coração de todo cristão deve ser preenchido pelo seu imenso amor ao Senhor a ponto de não haver lugar para outro deus em sua vida.

Rosane Itaborai Moreira

quinta-feira, 2 de abril de 2009

ARTIGO DE PAULO CILAS




Esse texto foi escrito pelo meu pastor e amigo Paulo Cilas.







VASOS DE BARRO

" Temos esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência da glória seja do Senhor e não nossa." (2 Co.4:7)

Praticamente vivi minha vida no ambiente de igreja. Posso dizer com tranquilidade (minha tranquilidade) que o maior problema que observei foi e é a insana tentativa da igreja em se tornar vaso de ouro: valioso e forte. Vi muitos se definhando na tentativa de serem melhores. Vi outros tantos frustrados pelo caminho por terem falhado em algum momento. Pior, talvez: vejo uma grande massa vagando como aves migratórias buscando agora aquela "igreja" que enfim vai fazê-la imbatível, definitivamente invulnerável. E eu disse pior anteriormente? Acho que me enganei. Provavelmente o pior é ter visto inúmeras vezes "gente perfeita" apedrejando os fracassados impuros, indignos de estarem juntos de uma estirpe sacrossanta.
E, enquanto a compreensão do que é ser vaso de barro não vem, vamos deixando de cumprir princípios maravilhosos da excelência de Jesus em nossa existência. Chorar com os que choram fica inviável porque temos que ensinar aos que choram palavras, declarações e meandros da doutrina para que tais não se mostrem tão frágeis, afinal, "nosso Deus é forte e o diabo já está vencido". E seguir o conselho de Paulo aos Gálatas, então? No cap.6:1 ele diz que os espirituais devem restaurar em mansidão o pecador surpreendido . Deixamos ainda de compreender a Nova Aliança, que é perfeita, já que ela está disposta sobre pelo menos duas verdades centrais: a nossa total incapacidade em cumprir as regras da Antiga Aliança e a Graça indescritível revelada em Jesus que nos aceita como somos, barro. E ainda por cima vamos criando novos rituais pelos quais consigamos nos tornar "vasos de ouro".
Mas percebo que é difícil admitir nossa fragilidade. Dói muito reconhecer limitações, mesquinharias, vontades oportunistas e interesseiras travestidas, muitas vezes, ora até mesmo de piedade em nome de Jesus, ora de autoridade espiritual. Dói assumir que, mesmo "maduros",vacilamos. Para muitos isto é por demais decepcionante.
Já para outros a dificuldade reside em abrir mão da aparência sempre vitoriosa uma vez que o mercado tanto secular como religioso assim exige. Não há lugar para fracos!
Agora, não importando as razões ou a falta delas que nos impedem de enxergarmo-nos como vaso de barro, o triste é desperdiçar a riqueza do tesouro do qual Deus nos fez receptáculo. Não é de admirar o porquê que muitos rejeitam Jesus, o porquê de querermos tanto ganhar esta vida aqui. Parece que esperamos em Deus somente para esta vida. Enfim, tudo contrário ao que está escrito na Bíblia. Somos nós querendo ser vasos valiosos desprezando com isto a excelência do Senhor e o tesouro nos dado graciosamente.

Paulo Cilas Morais Lyra

quarta-feira, 1 de abril de 2009

ARTIGO DE RUBEM AMORESE




"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados." (Mt.5.4)





LÁGRIMAS BENDITAS

Existem muitos tipos de choro, correspondentes às emoções que lhes dão origem. Há o choro do ódio, do inconformismo, do luto, do susto, da birra e tantos outros. Mas há um choro para o qual o consolo é promessa de Deus. Como aprender a chorar esse choro?
Nossa “consciência de consumidor”, em sintonia com o mercado, não sabe chorar esse choro; sabe exigir qualidade, sabe acionar o Procon. Nossos corações urbanos e “midiáticos”, bombardeados diariamente por doses maciças de violência, já não choram diante da tragédia. Nossas almas cidadãs, conduzidas à pusilanimidade por “pais” que nos provocam à ira com suas deslavadas mentiras eleitoreiras e terminam por matar nossos idosos nas filas do INSS, vertem lágrimas amargas e revoltadas. Nossos filhos, quando contrariados, choram como pivetes e sonham sair de casa.
Em todos esses casos, porém, as lágrimas benditas não são vertidas. E o consolo não lhes é garantido. Nem esperado.
Certamente, olhando para o contexto das bem-aventuranças, percebemos que este choro estará nos olhos e no coração do pobre de espírito; aquele que se vê fraco, incompetente, impotente, vulnerável e carente de Deus. Sim, ao mesmo tempo em que estende a mão para suplicar misericórdia, chora, tomado pela emoção do quebrantamento.
Quem há de herdar e povoar o reino dos céus? Certamente, por todo esse contexto, é aquele que não tem, pois há de receber; aquele que depende, pois há de ser ajudado; aquele que é fraco, porque o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza; os destituídos, pois a eles reserva-se graça; e os humildes e humilhados, de todo gênero, pois hão de ser exaltados.
Ora, se estiver correta essa interpretação, então podemos dizer que o choro bem-aventurado surge da aguda constatação da nossa fragilidade pessoal, da vulnerabilidade da nossa vida, da feiúra de nossas máscaras, da indecência da nossa vaidade e do ridículo das nossas “competências”, temporais e espirituais.
Quando digo “aguda constatação”, refiro-me a uma insuportável intensidade dessa percepção. Certamente, só tornada possível pela revelação do Espírito. Normalmente, encontrada em momentos verdadeiros de oração. O véu se retira de nossos olhos e somos “atropelados” pelo que o espelho nos mostra. O que nos resta fazer, diante dessa visão de nós mesmos, é chorar.
Sabe por que os bebês choram muito? Por que não têm recursos. Não sabem sair, por si mesmos, das situações de desconforto ou dor. São vulneráveis e dependentes. Quando crescemos, aprendemos a nos virar sozinhos. E não precisamos mais de ajuda; aprendemos a não nos colocar em situações desesperadoras. E passamos a ter vergonha de chorar, pois as lágrimas passam a denunciar nossa fraqueza. São constrangedora confissão de incompetência.
Mas quando o Espírito nos conduz à consciência da verdade sobre nós mesmos, rendemo-nos; vemos nossas forças reduzirem-se às de um bebê. E choramos. Lágrimas quentes, frágeis, dependentes, suplicantes, crédulas, esperançosas. Lágrimas que pedem misericórdia. Lágrimas libertadoras. Nesse momento sagrado, laços se rompem dentro de nós e percebemos que, por um instante, já não somos escravos das aparências, “auto-estimas” e vaidades que nos aprisionavam. Somos livres para derramar todo o nosso coração em rendição e súplica. Bem-aventurados os que choram assim, pois hão de ser consolados.
Você conhece um personagem bíblico que chorava muito? Lembro-me de um que, apesar de grandes defeitos pessoais, que o levaram a grandes pecados, tinha o coração afinado com o de Deus. Em que poderia consistir tal sintonia? Ao ponto de se dizer que era "um homem segundo o coração de Deus”? Acredito que o segredo de Davi era o dom da contrição. Ele oscilava entre o tomar as rédeas da vida nas mãos (com lamentáveis conseqüências) e entregá-las, inteiramente, a Deus, com grande choro. Veja como ele se confortava com a confiança de que Deus não o abandonaria: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51:17).
Acredito que o consolo prometido por Jesus se destina ao choro da contrição: lágrimas provenientes de nossa falência, que faz buscar misericórdia e perdão, como o ar para os pulmões.
Os que choram assim serão consolados. Porque quem vive de seus próprios recursos espirituais não precisa do vexame e da humilhação da contrição. Mas esse mesmo vive à míngua de Deus. Quem consegue se fazer sozinho não precisa de ajuda. Muito menos de consolo.
Ao homem autônomo, solitário, narcisista, melancólico e resolvido do Século XXI, a voz de Jesus convida assim: Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.