terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VIVER FELIZ!


“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” disse Jesus de Nazaré (Jo 10.10).
Jesus diz essas palavras num contexto pastoral. Pois, ele afirma que os que vieram antes dele eram ladrões e salteadores, que vêm somente para matar, roubar e destruir. Jesus está falando de todo o que, alegando autoridade que, de fato, nunca lhe fora dada, intentou dirigir as ovelhas do Pai.
Jesus, como pastor, dá a vida por suas ovelhas e, mais, dá vida para as ovelhas.
A vida que Jesus dá à suas ovelhas as ressuscita e elas voltam à comunhão com o Pai. Essa vida veio no pentecoste (At 2), quando o próprio Espírito Santo veio para ser vida nas ovelhas do Cristo.
Essa vida em abundância, portanto, deve se manifestar no dia a dia das ovelhas. É como o vinho no casamento em Caná (Jo 2), que Jesus fez surgir em profusão, ao transformar cerca de 920 litros de água em vinho da melhor qualidade, para ser bebido no decorrer da festa, e, principalmente, para que houvesse festa.
Essa abundância de vida deve aparecer no dia a dia da história de cada ovelha do Cristo, porque é vida para ser vivida, como o vinho foi feito por Jesus para ser consumido. As ovelhas do Cristo vivem abundantemente, isto é, vivem dia a dia da vida dada pelo Cristo. As ovelhas do Cristo não receberam apenas a ressurreição no fim da vida, mas, a possibilidade de viver como ressurreto no dia a dia.
Jesus de Nazaré nos pastoreia para que a cada dia vivamos ressurretamente. Viver ressuretamente é viver desfrutando plenamente a vida do Cristo, logo, é viver diariamente a sua salvação. Viver ressurretamente é viver em estado de bem aventurança. É viver feliz.
Jesus nos pastoreia por meio do Livro que nos foi legado pelo Espírito Santo, e por meio das pessoas que o Espírito Santo capacita para tanto. O que, a rigor, abrange a todos. Todas as ovelhas do Cristo são apascentadores uns dos outros, porém, o Livro fala de pessoas especialmente capacitadas para que esse pastoreio seja efetivo no rebanho do Cristo. Mais do que apascentar, eles devem levar todas as ovelhas do Cristo ao apascentamento mútuo, cooperando com o Espírito Santo para que todos vivam felizes. Para que todos vivam plenamente, dia a dia, a salvação que receberam do Cristo, o bom pastor.
Então, todo o movimento do Espírito Santo, através de seus comissionados, e todo o conteúdo do Livro são para que cada ovelha do Cristo viva feliz, ou seja, desfrute plenamente a sua salvação.
O que é viver feliz? Viver feliz é viver a vida do Cristo e da vida do Cristo. Como a vida transcorre dia a dia, situação por situação, viver feliz é, em situações diferentes, viver sempre, em Cristo, a vida do Cristo, é saber viver em estado de salvação a cada momento.
A Bíblia, que é o meio, através do qual o Espírito Santo pastoreia as ovelhas do Cristo, é que ensina o que significa viver feliz a cada momento, apesar do momento.
Ser salvo é ter recebido a vida do Cristo, pela habitação do Espírito Santo. A vida do Cristo concede às suas ovelhas a vida abundante. Ter vida abundante é ser feliz. Ser salvo é ser feliz. Parafraseando a fala do Cristo: Eu vim para que sejam felizes e vivam felizes a cada dia. Ser salvo é um ato divino, viver feliz é fruto de ter aprendido a viver a partir desse ato divino, na força divina dessa salvação.

Ariovaldo Ramos
www.ariovaldoramosblog.blogspot.com.br

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

FÉ, LÁGRIMAS E UTOPIAS

Eu também tenho mais perguntas do que respostas. Mas das respostas já não faço questão. Madame Guyon disse que “se as respostas às perguntas da vida são absolutamente necessárias para você, então esqueça a viagem. Você nunca chegará lá, pois esta é uma viagem de incógnitas, de perguntas sem resposta, de enigmas, de coisas incompreensíveis e, principalmente, injustas”. Andamos por fé. A fé não tem a ver com certezas, mas com confiança. Confiança em Deus, seu caráter justo, amoroso e bom. Jesus também fez uma pergunta e não obteve resposta. O que lhe doía não era a a falta de explicações, mas o desamparo. No dia da tragédia não precisamos de respostas, precisamos de alguém. Deus é suficiente para compreender nossa perplexidade, assumir posição de réu sob nossas dúvidas, e sofrer o peso da nossa dor. Assim creram os antigos: Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação, pois nem a morte, pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Eu também choro. Sei que a vida continua, que não posso ficar preso ao passado, que devo levantar a cabeça e seguir em frente, que tenho ainda minha própria vida para viver… Mas antes preciso chorar. Preciso acolher meu sofrimento, dar a ele boas vindas, permitir que a tragédia faça seu caminho até o mais profundo do meu coração, fazer com que a dor traga de volta lembranças abafadas pela correria da vida, promova arrependimentos, desperte sonhos adormecidos, traga para a luz memórias de afeto e alegria. Assim posso purgar tudo isso sem medo, vencer a escuridão com a coragem de chorar. Oferecer minhas lágrimas como a mais legítima das orações e o meu pranto como o mais sublime tributo de amor. Jesus também chorou diante da morte. Deus é suficiente para nos outorgar perdão, redimir palavras e gestos, recolher as palavras e gestos que jamais deveriam ter ganho concreção, e dar destino ao que ficou por dizer e fazer. Deus é bom e sabe amar, capaz de enxugar nossas lágrimas e dar sentido e significado ao nosso sofrimento. Assim creram os antigos: a tribulação produz.
Eu também fico indignado. Também não me conformo com os desmandos de um país que agoniza sob incompetências, negligências, imperícias, imprudências, e, principalmente, a corrupção sistêmica e a injustificada impunidade. Mas não vou permitir que isso me torne cínico e cético. Vou dar mais ouvidos aos idealistas, me agarrar às forças das utopias, me deixar levar nas asas da esperança. Vou arregaçar as mangas, arar a terra e semear o solo regado com o sangue dos justos e inocentes. Vou repartir como meu próximo os frutos do meu sofrimento, compartilhar o labor com tantos irmãos que ainda não se curvaram diante da mediocridade, não se deixaram vencer pelas forças das trevas, e não se intimidaram face aos promotores e mantenedores da morte. Jesus também sofreu, e não desistiu. Jesus também morreu. E sua ressurreição é não apenas convocação para a luta, mas garantia de vitória. Assim creram os antigos: eu sei que meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra!

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