sábado, 14 de fevereiro de 2009

LIVRES EM CRISTO




“Um cristão é senhor livre sobre todas as coisas e não está sujeito a ninguém. Um cristão é servidor de todas as coisas e sujeito a todos.” Martinho Lutero




Um grande anseio do ser humano é ser livre.
Muitos consideram que a liberdade é conquistada quando se pode fazer tudo o que se quer, até mesmo transgredir regras sociais, morais e legais. É essa falsa liberdade que acaba enredando-os numa sociedade ditadora e consumista, pois a procuram através do sexo, compras, baladas, drogas, etc... Pensam que estão exercendo a tão almejada liberdade, mas não sabem o quanto seus sentimentos, suas mentes e seus desejos estão enclausurados e prisioneiros desse sistema maligno que atua na coletividade, transformando o mal em bem, e até mesmo, em necessário. Desconhecem ou não aceitam a herança de Deus, pois “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl. 1.13).
A ação maligna acontece exatamente como no Éden, através do desejo e tentação. Gn. 3.6 narra a queda do homem: “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu”. Adão e Eva exerceram o livre-arbítrio segundo os seus prazeres, ficando sujeitos à morte e ao pecado e, com eles, toda a humanidade. É esse o destino dos ímpios, a condenação.
Outros consideram a liberdade apenas no futuro, quando serão recompensados por suas renúncias. São aprisionados por leis e regras de instituições humanas. Com a roupagem de "moral cristã", em muitas igrejas evangélicas, o que acontece é o cerceamento da liberdade através do legalismo, da imposição de normas que vão além da Bíblia, que torna o homem refém de todo um sistema religioso falsificado. Assim era na época de Jesus, quando os fariseus foram chamados por Ele de "sepulcros caiados" e acusados de "coarem mosquitos e engolirem camelos", tamanha era a falsidade e a incoerência do Judaísmo.
O legalismo também é um engodo maligno, pois maquiam a verdade e impede os questionamentos individuais. Nada mais absurdo do que um homem dizendo a outro o que se deve fazer, vestir, comer, ler, ouvir... É dessa forma que tais igrejas manipulam seus membros, tirando-lhes o livre-arbítrio e deixando-lhes de ensinar a conquista de Jesus.
Não se pode permitir que o aprisionamento da religião predomine sobre a liberdade em Cristo, pois, conforme Paulo “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permaneceis, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl. 5.1). Ainda, em Rm. 14.13,14, ele é contundente: “Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura”. E ainda: “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova” (Rm. 14.22).
O homem que se deixa aprisionar é aquele que se sente incapaz de fazer escolhas livremente, sem a limitação de preceitos pré-estabelecidos, sejam eles mundanos ou religiosos.
Ser livre é uma grande bênção de Deus. Liberdade com consciência cristã nos leva a um caminho seguro. A Bíblia fala que a liberdade deve ser desempenhada conscientemente, e não pode ser usada para a prática do pecado (cf. Rm. 6.15). Os maduros na fé devem considerar os fracos e terem prudência e temor. Pode-se até ignorá-la circunstancialmente por amor aos irmãos e ao Evangelho de Cristo, mas nunca por imposição de homens.
A liberdade cristã só tem uma regra: a lei do amor. Do amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Sem amor nada pode ser exercido, nem mesmo as instruções bíblicas em relação à liberdade, pois sua observância só interessa se o amor estiver presente para legitimá-la. "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede antes servos uns dos outros pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Gl 5. 13,14). Para Jesus, não há lei sem amor, pois isso se resumiria em aparência e legalismo.
Somente em Cristo encontramos a tão desejada liberdade. "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo. 8.36). E essa liberdade não é como a do mundo, efêmera e pecaminosa, nem como o legalismo religioso, enganoso e condenatório. A liberdade através de Jesus, ao contrário, é legítima, responsável e permanente. Ele libertou-nos da morte, do pecado, da condenação. Concedeu-nos vida e vida em abundância. A nós cabe entender a grandeza dessa conquista e exercê-la com consciência e amor.

Rosane Itaborai Moreira

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