terça-feira, 16 de março de 2010

CRISTO: REDESCOBRINDO NOSSA IDENTIDADE



“Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. O ramo de si mesmo não pode produzir fruto, se não estiver na videira. Tampouco vós podeis produzir fruto, se não permanecerdes em mim” (João 15. 4)



O texto acima ainda nos desafia: “permanecei em mim”. Vivemos no mundo onde o senso do pertencer está se degradando paulatinamente todos os dias. A geração viciada em velocidade não suporta esperar. E pertencer é esperar. O Cristo das Escrituras ainda desafia. Não há como construirmos uma identidade cristã sem termos como base o Cristo da Bíblia, e essa base não pode ser desfrutada na correria insana da atualidade.
Cada dia que passa somos agredidos numa sociedade onde tudo dura pouco. É a sociedade dos êxtases instantâneos. Essa tentação da velocidade aborta o crescimento sadio, pleno, desenvolvido nos passos seguros da calma. O grande desafio é aprender a domesticar o monstro da ansiedade e construir, na sagrada paciência da fé, uma identidade capaz de revelar Cristo.

Cristo: o exemplo supremo

O Novo Testamento repete a expressão “em Cristo” cerca de 64 vezes. Estar em Cristo é o grande projeto de ser que necessitamos na atualidade. A supremacia de Cristo precisa ser urgentemente resgatada na mentalidade evangélica hodierna. Num mundo marcado pela pluralidade abusiva de “caminhos”, a igreja precisa fortalecer sua convicção inegociável de que Cristo ainda é o “único caminho” (João 14. 6). Como exemplo supremo ele deve ser nosso alvo maior. Sua vida deve ser imitada, sua missão precisa ser encarnada nas fúrias da vida. Se Cristo é o modelo supremo, nada deve desviar nossa atenção dele!

O Desafio de manter o olhar em Cristo

Hebreus 12. 2 é enfático: “olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé”. Um enorme desafio para o cristão num tempo marcado por ilusões é manter o olhar focado em Cristo, o olhar curado. Irineu, um dos “Pais da igreja” dizia sobre o dever de cultivarmos “olhos curados pela graça”. As vitrines sedutoras da atualidade estão repletas de produtos para nos oferecer. A religião da mídia oferece-nos todos os dias seus palcos e sua glória, entretanto como gente que mira o alto padrão de Cristo, mantemos firmes nossos olhos na cruz.
Um pregador puritano dizia: “Se não estás perdido, de que te serve um salvador?” Se nossos olhos estiverem fixos em outras coisas, de que nos servirá um modelo? Se Cristo é o nosso supremo modelo, então carecemos de um esforço diário na luta contra as distrações pós-modernas, para que jamais tiremos os olhos daquele que não muda (Hb. 13. 8).

A supremacia reconhecida

Nada pode ser maior do que Cristo! Ninguém é mais importante do que ele. É isso que o apóstolo Paulo enfatiza em sua epístola aos Colossenses 1. 16, 17. Paulo exalta Cristo como a supremacia que não pode ser banida, que não conhece limites. Esse conceito de supremacia precisa ser resgatado com extrema urgência. Se a igreja perder de vista esse Cristo Supremo, então ela já não poderá ser reconhecida como igreja.
Vivemos num século onde as pessoas estão em permanente conflito com a supremacia de Deus. Seres mimados acabam mantendo uma relação puramente funcional com Deus, que é essencialmente relacional. A supremacia de Cristo, à luz da Bíblia, só pode ser vivida sem crises quando compreendida sob a ótica de uma relação entre seres que se amam. Se o amor é a base reconhecemos a supremacia sem neuroses, sem medo, pois como escreveu o apóstolo João: “o perfeito amor lança fora o medo” (I João 4. 18). Deus não funciona! Ele não é uma máquina.

É possível imitar Cristo?

Em Filipenses 3. 17 Paulo afirma: “Irmãos, sede meus imitadores”. Em I Coríntios 4. 16 o apóstolo diz a mesma frase: “Sejam meus imitadores”. Em Efésios 5. 1 Paulo vai mais longe: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados”. O que chama a atenção é que o apóstolo, em todos os textos citados, não se envergonha em frisar a palavra “imitar”. É bom lembrar que a imitação, por melhor que seja nunca é a realidade total imitada. É sempre uma caricatura! Para a mente de Paulo, imitar é a tentativa fiel de reproduzir o padrão de Cristo.
O termo grego é “mimetai”, raiz das palavras “mímica” e “mimetismo”. A mímica é a arte de exprimir o pensamento por meio de gestos ou da expressão fisionômica, enquanto o mimetismo é a capacidade de certos animais e plantas de adaptar-se à cor do ambiente ou de outros seres ou objetos, para passarem despercebidos de seus inimigos. O apóstolo está nos convocando a parecer com Cristo – ele é a referência a ser sempre imitada.
Podemos imitar Cristo? Perfeitamente! Contudo, precisamos lembrar que, na condição de seres humanos, imperfeitos, jamais alcançaremos um nível onde possamos “abrir mão” do Senhor, do exemplo, da referência. Devemos imitar não para ofuscar ou mesmo substituir, mas para manter o alto ideal a ser seguido.
Num tempo onde a confusão dos rostos cresce assustadoramente, é imprescindível que não percamos de vista o rosto amado de Jesus!
W. Dyer disse: “Cristo despojou-se da coroa para coroar-nos, pôs de lado suas vestes para com elas cobrir nossos farrapos e desceu do céu para conservar-nos fora do inferno. Jejuou quarenta dias para poder banquetear-se conosco por toda a eternidade; desceu do céu à terra para poder enviar-nos da terra ao céu”
Nele, que é nosso Supremo Modelo

Alan Brizotti
www.genizahvirtual.com

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